30.6.07

27.6.07

MISTÉRIO


ESCUTO

Escuto mas não sei
Se o que oiço é silêncio
Ou deus

Escuto sem saber que estou ouvindo
O ressoar das planícies do vazio
Ou a consciência atenta
Que nos confins do universo
Me decifra e fita.

Apenas sei que caminho como quem
É olhado amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco

Sophia de Mello B. Andresen

26.6.07

QUEM AMA O QUÊ?



Torres Vedras, junto às saídas para Caldas da Rainha, Peniche, Santa Cruz.
Há um antiquíssimo terreiro aoborizado, o Choupal. Ali perto, a Ermida da Senhora do Ameal, o mais antigo templo da cidade - embora de reconstrução setecentista.
No Choupal corre uma bica num Chafariz secular, conhecido pela "Bica do Choupal". Na parede está uma placa com uma data delida pelo tempo: 166...
No livro do P. Madeira Torres, "Descripção Histórica e Económica da Villa e termo de Torres Vedras"(ed fac-simile da S. Casa da Miseric. T. Vedras, 1988), pág 73, há uma referência a uma bica já existente no séc XIII, ali bem perto, o "Chafariz de S. Miguel. Pelo contexto e pela continuidade histórica só pode ser a actual "Bica do Choupal".

Pois bem: as fotos de cima ilustram:
o arvoredo do Choupal ( agora constituído sobretudo por plátanos)
o estado em que está a Bica ( e não se vê bem o lamaçal que há à volta)
o estado da lápide setecentista.

Há um projecto no âmbito do PÓLIS para requalificar o local.
Está à espera de melhores dias.
Até lá, a Laura vai dizendo a quem passa: "Love you"

Quem não ama o Choupal sabemos nós...

24.6.07

Defesa do Património?

Nas traseiras do Mosteiro de Alcobaça foi feito este passeio pedonal ao lado do Rio Alcoa. Um recanto interessante que valoriza a margem do rio, integrando-a nos percursos normais do quotidiano. Tudo bem.


O pior é o que se vê na margem oposta. Casas degradadas com a solução à portuguesa: "Eh! Pá! A gente põe lá umas «taubas», um bocado de plástico... uma chapa de zinco que tenho no quintal...e os drogados já não conseguem lá entrar!! "

Acredito que nenhum autarca, seja pró ou anti Sapinho, goste disto. O problema é que os privados muitas vezes são de uma enorme badalhoquice e estão-se nas tintas. Não há multas, fiscalizações, ameaças que resultem... quando não é o caso de heranças que se arrastam anos pelos tribunais, sem que nenhum herdeiro possa fazer nada.
Será o caso deste horror? É que o Mosteiro de Alcobaça, Património da Humanidade, está logo ali atrás...
Como é possível?

DEDESA DO PATRIMÓNIO?



Andei ontem por Alcobaça. Ainda não tinha visto o Mosteiro, com o grande terreiro em frente, desimpedido de carros e de canteirinhos de flores como era antigamente. Prefiro assim.
Mas pergunto: quem teve a ideia pateta de colocar aquele cubo ( e há outro mais ao lado) com publicidade à CGD, só porque ela patrocina um Festival de Música?
ABERRAÇÃO! Mau gosto.

19.6.07

Viva a sardinha!


Ainda não me estreei este ano! Mas encontrei aqui uma boa motivação para começar a época da srdinha...
Vale a pena ver o excelente blog de ciência aqui
"Do ponto de vista nutricional, as sardinhas são muito ricas: fornecem maioritariamente proteínas de alto valor biológico (cerca de 25 por cento) e lípidos constituídos, em maior percentagem, por ácidos gordos polinsaturados do tipo ómega três. Possuem quantidades apreciáveis de vitamina A, niacina, vitaminas B6 e B12 e outros constituintes minerais como cálcio, ferro, fósforo magnésio, iodo, e sódio. Embora a sardinha seja classificada como peixe gordo, a sua gordura é bastante saudável. É recomendado o seu consumo frequente na prevenção de doenças cardiovasculares e, mais recentemente, na prevenção de doenças psíquicas e neurológicas (o peixe e os óleos de peixe são, talvez, os “alimentos para o cérebro” que mais têm sido estudados, devido à presença neles de ácidos gordos ómega três, principais constituintes da membrana celular das células nervosas).O excelente valor nutritivo das sardinhas justifica o seu consumo ao longo de todo o ano. No entanto, a sua composição (portanto, a quantidade de gordura) varia conforme a época em que elas são capturadas. É no Verão que as sardinhas apresentam o maior tamanho assim como o teor de gordura que as tornam tão saborosas. Diz o povo que “pelo S. João pinga no pão”. Se ao pão se juntar uma sardinha, festejamos a chegada do Verão da melhor maneira..."

17.6.07

A rua da minha infância...

Rua Luís de Camões, 42,44,46, Alpiarça.

Aqui morei - no primeiro andar - até cerca dos vinte anos. Depois só nas férias, até os meus pais venderem a casa em 1980, quando se reformaram e vieram para junto dos filhos, em Torres Vedras.

Aguarela




...para amaciar o efeito do vídeo anterior!

AQUARELA

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul

Vou com ela viajando Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando,
é tanto céu e mar num beijo azul

Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo
e se a gente quiser ele vai pousar

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida
De uma América a outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo

Um menino caminha e caminhando chega no muro
e ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar

Não tem tempo nem piedade nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida,
depois convida a rir ou chorar

Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
de uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (que descolorirá)
e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (que descolorirá)
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (e descolorirá)

(Toquinho - Vinicius de Moraes - M. Fabrizio - G. Morra. 1983)

Com a devida vénia, daqui.

16.6.07

Divertidíssimo

BOLAS TRAPEIRAS...

Este beco foi o grande estádio de futebol da minha infância, em Alpiarça. Nem dava para perceber que não havia espaço para as bancadas... embora ouvíssemos os aplausos!
Entretanto encontrei uma informação preciosa: como se faziam as "bolas trapeiras".
Era mais ou menos assim:


A informação, que agradeço, está aqui:

http://ruadatradicao.blogspot.com/

9.6.07

Padre Américo



Sou agnóstico mas admiro profundamente o Padre Américo e a sua Obra da Rua. Desde miúdo que conheço a sua escrita. Em casa dos meus pais recebia-se, mensalmente, o jornal da obra, O GAIATO. E a acompanhá-lo vinham, com frequência, livros com textos do P. Américo. Além do mais, escrevia admiravelmente: estilo simples, directo, despojado, tenso.
Hoje peguei casualmente num deles: "Isto é a Casa do Gaiato", 1º vol. 3ª edição, Editorial da Casa do Gaiato Paço de Sousa, 1985. Páginas de uma simplicidade e intensidade comoventes.

"Eu moro numa cabana aqui na mata. Fugi da Aldeia. O Bernardino, de Coimbra, é o cozinheiro. O Carlos, de Tábua, é o comensal, por doente. O Bernardino foi um que há tempos roubou e fugiu; e a meio do caminho arrependeu-se e voltou a pedir perdão; e agora comemos juntos e dormimos na mesma cabana!
O Chico, de Casaldelo, aparece por aqui, às vezes, para ouvir música. «Tanta coisa linda que a gente aqui ouve!» É porventura um rádio na cabana? Oh desgraça se tal fora! O Chico aprecia outra música: o silêncio da floresta com os acordes de passarinhos e bichos nocturnos. «Tanta coisa linda!» Eis do que ele gosta.
Quando é que o mundo há-de regressar a estes gostos, os mais consentâneos com o nosso espírito - quando?! Se não fossem próprios do homem, não gostaria deles esta criança. Amo esta criança por ela amar as coisas eternas! O silêncio! «Tanta coisa linda!» A alma dele é que é linda!

Ma solitude -canção eterna

Revisitar canções eternas

8.6.07

Olhares ( I )

Igreja de S. João da Ribeira (Rio Maior) - aspecto exterior da capela lateral.

(c) Foto "AO RODAR DO TEMPO"

Antigo solar dos Marqueses de Borba - Azambujeira (Rio Maior)

(c) Foto "AO RODAR DO TEMPO"

Igreja e pelourinho de Azambujeira ( Rio Maior)

(c) Foto "AO RODAR DO TEMPO"


Toponímia criativa...

(c) Foto "AO RODAR DO TEMPO"


Uma incursão ao Ribatejo: A8 -»A15 -» Saída para S. João da Ribeira e Malaquejo:

Esta foi roubada... e tem piada!

A VIDA SEGUNDO QUINO

“...penso que a forma na qual a vida flui está mal. Deveria de ser ao contrário: Um homem deveria morrer primeiro, para sair disto de uma vez. Logo, viver num asilo de idosos até que te tirem quando já não és tão velho para estar alí.Então começas a trabalhar, trabalhar por quarenta anos até seres suficientemente jovem para desfrutar da tua reforma. Imediatamente festas, boémia, drogas, álcool. Diversão, amantes, noivos, noivas, tudo, até que estejas pronto para entrar na secundária.Depois passas à primária e és uma criança, que gasta o tempo a brincar sem responsabilidades de nenhum tipo.... Logo passas a ser um bebé, e vais de novo para o ventre materno, e ai passas os melhores e últimos 9 meses da tua vida flutuando num liquido tíbio, até que a tua vida se apaga num tremendo orgasmo...ISSO SIM É VIDA!!!.”