Vieira Calado chegou-me por mão amiga, já lá vão trinta anos. Guardei os livrinhos ( na altura chamavam-se "plaquettes") até hoje. Numa arrumação recente encontrei-os no meio de muitos outros. Hoje mostro este.
O outro, intitulado "Poema Para Hoje" , fica para... outro dia!
O seu conteúdo é curioso. Pouco tem de "poesia" no sentido que lhe dou comummente. É um pequeno objecto que resulta do espanto do seu autor perante um universo de milhares de milhões de sóis, de galáxias, de células... milhões... triliões... Números que ele repete exaustivamente, confrontando-os no final com a singularidade da sua própria existência:
...e cada sol milhões de cometas planetóides e planetas
e cada planeta milhões e milhões de homens
um dos quais é capaz de ser eu
ou um outro qualquer
ateu
Imagino o trabalho que deu o fabrico deste objecto / livro, que tem as seis páginas dispostas de modo engenhoso, com um pequeno texto que deslisa debaixo da última página. Ah! E tem igualmente duas gravuras do autor!
O autor merece o trabalho que tive a "scanear" tudo!
Para ele, visitante regular deste espaço, o meu reconhecimento. Trinta anos depois!