Ninguém olha para o sol resplandecente, mas todos o fazem quando está eclipsado. A censura popular não terá em conta as vezes que acertamos mas as que falhamos. Os maus são mais conhecidos pelas maledicências, que os bons pelos aplausos. Muitos não eram conhecidos até terem violado a lei. Todos os acertos juntos não bastam para desmentir um único e mínimo erro. Que todo o mundo se convença que lhe serão imputadas todas as falhas, pela malevolência, mas nenhum acerto.
(Baltasar Gracián, 1601-1658, in: A Arte da Prudência, Ed. Temas da Actualidade, Lisboa, 1994)