31.12.09
ANDO MUITO DESACTUALIZADO...
Vejo AQUI uma notícia que mostra bem como tenho andado distraído com o estado do mundo.
Agora percebo porque é que a National Geographic só traz fotografias daquelas nas capas...
30.12.09
BOAS ENTRADAS ! PELO AR E A PÉS JUNTOS
27.12.09
MEDIR A ETERNIDADE
24.12.09
O meu abraço forte para os viajantes da net que por aqui vão passando, dia após dia, e que me ajudam a pensar que a AMIZADE existe, e me incentivam a partilhar palavras, músicas, pensamentos, imagens, ironias, humores diversos...
Alguns passam em silêncio, outros deixam recado, uns e outros ajudando a que esta não seja uma rua deserta.
Obrigado, Amigos meus! Que o vosso caminho continue paralelo ao meu! E que a BONDADE, essa forma superior de ser-se Humano, vos proteja da indiferença e da solidão.
23.12.09
SOLIDARIEDAE
Os mercados hortícolas de Lisboa, Combra e Évora são abastecidos diariamente por produtos cultivados em estufas, no concelho de Torres Vedras. Centenas de famílias vivem desta actividade, lucrativa mas muito trabalhosa.
As intempéries como a desta noite, que deixou um impressionante rasto de destruição, deitam por terra muitos anos de trabalho e de investimentos elevados.
Quem vive na cidade de Torres Vedras só se apercebeu da dimensão do desastre nos telejornais da noite. Foi o meu caso.
Toda a minha solidariedade aos meus conterrâneos atingidos por esta calamidade.
POETA, BEM-VINDO!
Bem-vindo, Amigo!Partilho aqui a tua bela prenda de Natal.
a partir do céu:
- casas sitiadas pelo abandono
sebes, cancelas de madeira
a solidão rumorosa dos salgueiros.
A criança
- o verde não é meu é de quem o apanhar.
Ama-se o frio
como quem transpõe os umbrais de luz
e anuncia o amor.
21.12.09
DIA DE POETAS
«O Prémio de Poesia Luís Miguel Nava 2009, agora bienal e referente aos livros de poesia publicados em 2007 e 2008, foi atribuído ao livro As Têmporas da Cinza, de A. M. Pires Cabral, publicado pelas Edições Cotovia.
No valor de cinco mil euros, o prémio, que, nas anteriores atribuições, foi concedido aos poetas Sophia de Mello Breyner Andresen, Fernando Echevarría, António Franco Alexandre, Armando Silva Carvalho, Manuel Gusmão, Fernando Guimarães, Manuel António Pina, Luís Quintais, António Ramos Rosa e Pedro Tamen, correspondeu à decisão unânime de um júri constituído, como habitualmente, por quatro membros da direcção da Fundação Luís Miguel Nava, Carlos Mendes de Sousa, Fernando Pinto do Amaral, Gastão Cruz e Luís Quintais, e um elemento convidado, desta vez o poeta e crítico António Carlos Cortez.
A limpidez e a precisão da escrita de A. M. Pires Cabral, a sua penetrante e austera visão dum mundo cuja expressão encontra numa espécie de imitação da terra o modelo para uma linguagem poética de invulgar intensidade, fazem deste autor um dos casos mais representativos da nossa melhor poesia contemporânea.»
Sobre A. M. Pires Cabral podemos ver algo AQUI.
De um outro espaço da blogosfera retirei esta introdução e dois poemas do livro agora premiado. Aqui ficam com a devida vénia aos seus autores:
A. M. PIRES CABRAL nasceu em 1941 em Chacim, Macedo de Cavaleiros, Trás-os-Montes. Licenciou-se em Filologia Germânica na Universidade de Coimbra. É autor de uma vasta obra literária onde a poesia não assume o menor papel. "As Têmporas da Cinza" (Cotovia, 2008), é um livro impressionante de maturidade. Esta é a poesia dos grandes temas entre os quais a morte, a frágil condição humana, a fraca matéria de que é feita a carne, a crítica a um deus indiferente perante o peso omnipresente da passagem do tempo. Dois poemas, com a devida vénia, deste livro que curiosamente, foi também finalista da short-list do prémio Correntes d' Escritas 2009:
A MOSCA DO SERVIÇO DE URGÊNCIA
A velha está sentada na sala de espera.
Chegou amparada pela filha, que a depositou ali
enquanto trata dos papéis. A aflição
deve ter sido tão súbita e imperiosa,
que a velha vem descomposta,
não houve tempo para atender a pudores.
Perdeu algures um chinelo.
Está sentada, muito branca, e parece
mascar as dores com as gengivas nuas.
Tem a morte pousada na cara, sob a forma
de uma mosca insistente e de ar atarefado.
Não tem forças para a sacudir.
A mosca aproxima-se da boca, depois parece
interessar-se pelo nariz. Delicia-se
com o muco ao canto do olho, como a criança
que come a ocultas um gelado interdito.
É como se estivesse em casa e percorresse
os aposentos ao sabor dos afazeres.
Cansada do rosto, levanta voo
e vai pousar, desta feita, numa mão.
Mas breve volta atrás, como se se tivesse
esquecido ali de alguma coisa,
e demora-se um pouco a tentar lembrar o quê.
Esfrega uma na outra as patas dianteiras,
celebrando a vitória que logo virá.
A velha já nem se dá conta
desse penúltimo escárnio da morte.
Está visivelmente madura para ela,
pronta a entregar-lhe os destroços do corpo.
Consumada a posse daquele território,
a mosca vai no seu voo fortuito
em busca de mais carne a requerer.
Há dezenas de doentes na sala.
Apalpa-os um por um, como se faz aos figos,
para saber qual deve ser comido
em primeiro lugar.
O mais certo é que acabe - mais dia, menos dia -
por devorá-los todos.
FARPAS
Tanta farpa cravei por acidente
no meu próprio flanco.
As farpas oscilam a cada passo meu,
lacerando sempre um pouco mais
os rasgões que já trago na carne.
Toma para ti - ò touro divino,
verdadeiro destinatário delas! -
algumas dessas farpas.
Que todas sobre mim são muito peso,
muita dor,
muito sangue empastando sobre a pele,
muita mosca cevando-se no sangue.
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Mais logo conto pôr aqui dois belos poemas de um amigo querido. A melhor prenda de Natal!
Até!
19.12.09
POESIA JOCOSA
17.12.09
16.12.09
IMAGENS DO MEU OLHAR - Varandas do mar
Nos dias de chuva e de frio é bom saber que o mar permanece na retina das recordações.
Havemos de lá voltar.
Fotos © MÉON
15.12.09
Ana Moura . Os Búzios . ao vivo
Para muitos, Ana Moura é a maior.
Será?
O que me encanta nesta nova vaga do Fado é a qualidade das letras.
Sem fatalismos nem derrotismos sentimentais. Fado!
13.12.09
Tive um coraçao perdi-o (Cristina Branco)
Encontrei Cristina Branco na VISÃO desta semana. Depois reencontrei-a no blogue do jornalista que a entrevistou, Miguel Carvalho.
Só faltava ouvi-la.
( Só percebi que gostava de ouvir fado quando verifiquei que as melhores letras que hoje se cantam em Português são, quase sempre, de fados...)
11.12.09
HIGIENE: um desabafo enquanto limpo as botas...
Sinto necessidade de dizer isto: acho que não devemos contribuir para sujar mais esta pobre política em que alguns atascaram o nosso país.
Independentemente do que pensamos do Governo, ou do Presidente da República, ou de quem quer que seja, acho que não devemos dar guarida a textos que circulam na net sem qualquer assinatura ou outro comprovativo de idoneidade e credibilidade. Estão a tornar-se uma praga.
Há cada vez mais porcaria a circular por aí. À qual se junta a paranóia dos noticiários. Parece que vivemos no antigo farwest. Bandidos por todo o lado. E doenças, todos os dias uma nova doença! E casos insólitos, a provarem que “isto está tudo doido!”.
Entretanto, dizem-nos que o país está atascado em dívidas. Mas quem é “o país”? Pode-se meter no mesmo saco o pobre pensionista de 380€/mês e os nababos que continuam a comprar relógios de 12 500€, carros de 120 000€, casas de 1000 000€, tudo bens de importação que tanto contribuem para agravar a balança comercial?
Acho que cada um tem obrigação de manter o passeio limpo à sua porta. Isto é: exigir rigor nas análises e denunciar os olhares doentios sobre a realidade.
7.12.09
PORTUGAL
Foto (C) Méon
5.12.09
ARQUEOLOGIA AFECTIVA
Estava eu a folhear um livro cá de casa, daqueles da segunda fila, atrás dos outros, amarelecido de tão esquecido, e encontrei este recorte.
Qualquer dia vou até à Hemeroteca Municipal de Lisboa matar saudades do PIM-PAM-PUM...
1.12.09
FINALMENTE !
Todos os dias fecham lojas do comércio tradicional.
Mas todos os dias abrem novas lojas dos chineses.
Não alinho nos que dizem que isso é bom para os consumidores, porque os preços descem, etc.
Os capitalistas chineses - nada tenho contra estes pobres imigrantes sem horários de trabalho e que vivem como as formigas - invadem o mundo com tralha de má qualidade, produzida em condições infra-humanas. Uns tubarões oligarcas engordam, e o Estado chinês progride à custa dessa coisa inominável que alguns chamam de "socialismo capitalista".
E os países em que os trabalhadores lutaram décadas para imporem condições de trabalho dignas, vêem-se submersos por esta avalanche, este dragão que engole as suas empresas para as vomitar transformadas em sucata brilhante e mal cheirosa.
Entre outras coisas ele diz que a célebre crise financeira não está resolvida porque "os bancos foram salvos pelos governos e pelos bancos centrais, mas não mudaram as suas políticas. Reduziram o crédito concedido e estão a investir o dinheiro dado pelo Estado e emprestado pelos
bancos centrais em especulação."
E sobre o comércio:
"O comércio livre não é sustentável porque não é justo. Em vários países, há uma grande disparidade entre a produtividade e o nível dos salários, a protecção social e as condições ambientais."
Ao jornalista que lhe pergunta se ele defende a limitação da entrada de produtos chineses, responde:
"Não apoio a ideia da introdução de quotas. O que precisamos é de tarifas. A produtividade chinesa está entre 30 e 40 por cento da produtividade da Europa Ocidental, mas os salários são dez vezes mais baixos. E isto é um problema. Se os salários na China subirem, as tarifas podem ser retiradas. Mas até que tal aconteça, temos de proteger as famílias."
E a África?
"O problema em África é que o comércio livre diminuiu a sua quota de mercado internacional. É completamente falso dizer-se que os países mais pobres estão a ganhar com o comércio livre. É exactamente o contrário."
Parece óbvio, não? Até porque, se existissem essas tarifas, as empresas que fecham cá em Portugal para irem abrir nos países em que podem explorar desenfreadmante o trabalho, deixariam de ter vantagem no tal "comércio livre" em que a liberdade serve apenas para tirar defesas aos mais fracos...
29.11.09
PRAIA DA ASSENTA
Estava invernosa esta manhã na Assenta.
28.11.09
QUE SE PASSA COM AGUSTINA?
Há muitos veio a Torres Vedras o escritor Alexandre Babo. Quando fomos levá-lo a Lisboa perguntei-lhe qual era, na sua opinião, o maior escritor vivo da Língua Portuguesa. Respondeu-me:
- É a Agustina. Escreve maravilhosamente. É pena ser tão reaccionária...
[Alexandre Babo era comunista. Faleceu em 2007, com 91 anos]
Em Abril deste ano o marido, Alberto Luís - autor deste desenho que a representa - foi a Itália receber um doutoramento honoris causa, em nome dela, que estava doente e em fase de lenta recuperação. Depois disso, não voltei a saber dela.
Sabemos que tem 87 anos e, portanto...
Recordo-a hoje, porque casualmente peguei no livro de que retirei o desenho e que é uma compilação de textos seus, dispersos e organizados por temas. Compilação com o título de Dicionário Imperfeito, com que se inicia a edição ne varietur das suas obras, feita pela sua editora de há muitos anos, a Guimarães Editores.
Agstina tem um estilo muito próprio, como bem o sabem os seus leitores. Uma toada, um ritmo, uma forma de dizer que se arrima ao aforismo e à observação desconcertante, que nos interroga e desassossega. E que nos irrita, por vezes. Por não concordarmos ou por nos suscitar a irreprimível inveja de não sabermos escrever como ela...
Leia-se o parágrafo de abertura:
« Os observadores estrangeiros maravilham-se de que Portugal resista à crise política e económica com tal poder de adaptação. Há nos Portugueses uma sinceridade para com o imediato que desconcerta o panorama que transcende o imediato.. O infinito é o que eu situo - dizem. E assim vivem. Protegidos talvez por essa condição de afecto pelas coisas, pelos seus próprios delitos, que não consideram dramáticos, só a jeito das necessidades. De resto - quem se apresenta a salvar-nos que não esteja suspeitamente indignado? Os que muito se formalizam muito escondem; os que acusam demasiado privamse de ser leais consigo próprios. O país não precisa de quem diga o que está errado; precisa de quem saiba o que está certo. »
25.11.09
IMAGENS DO MEU OLHAR
24.11.09
O VELHO DAS BARBAS!!!
22.11.09
EM DALLAS, HÁ 46 ANOS
21.11.09
BOM TEMPO
20.11.09
ONDE SE FALA DE MÁRIO BARRADAS E DE TOLSTOI
Houve uma época da minha vida em que trabalhei no Alentejo. E nessa altura, por acção de um grupo de alentejanos a viverem em Torres Vedras, foi possível estabelecer contactos culturais frequentes entre Évora e a nossa cidade, nomeadamente através da vinda de um grupo de teatro dirigido por Mário Barradas.
Fiquei a conhecer o importante trabalho de descentralização cultural feito por Mário Barradas, que havia trocado as luzes de Lisboa pelos espaços desonhecidos da província. Foi preciso ter muita coragem para fazer descentralização cultural nos anos 70, quando o pouco que havia se concentrava em Lisboa.
Mário Barradas, falecido ontem dia 19, foi um daqueles homens cujo trabalho se fez na sombra, sem alardes nem exibicionismos bacocos, mas de forma perserverante.
Joaquim Benite sabe do que fala, ele próprio um resistente, um lutador, a quem o Teatro tanto deve.
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Já que falamos de "passamentos", recordo que faz hoje anos que morreu o grande romancista russo Leão Tolstoi. Foi em 20 de Novembro de 1910. Mais do que GUERRA E PAZ, que nunca consegui ler até ao fim, tocou-me profundamente o seu grande romance ANA KARENINA. Boa altura para voltar a pegar nele...
19.11.09
QUEM NÃO PODE COMER... VÊ BONECOS
17.11.09
...NO COTOVELO DO VENTO
15.11.09
METAFÍSICA DAS VIAGENS
14.11.09
AFINAL... NEM TUDO VAI MAL...
Só o Centro da Porche não se queixa: em dois meses fez metade das venda de um ano."
JÁ VAI ALTO, ESTE OUTONO...
Termas dos Cucos, esta tarde...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...
[Alberto Caeiro, O Guardador de rebanhos)
12.11.09
A MEU FAVOR...
COMPLETAS
A meu favor tenho o teu olhar
testemunhando por mim
perante juízes terríveis:
a morte, os amigos, os inimigos.
E aqueles que me assaltam
à noite na solidão do quarto
refugiam-se em fundos sítios dentro de mim
quando de manhã o teu olhar ilumina o quarto.
Protege-me com ele, com o teu olhar,
dos demónios da noite e das aflições do dia,
fala em voz alta, não deixes que adormeça,
afasta de mim o pecado da infelicidade.
(Manuel António Pina, n. 1943)
11.11.09
DIA ESPECIAL, não só por ser FERIADO MUNICIPAL em TORRES VEDRAS...
10.11.09
FAZEM ANOS !
A infância dos nossos filhos não teria sido a mesma sem eles...
E era muito bom, ao fim da tarde, sentar-me no sofá a ver a RUA SÉSAMO ao lado do meu João...
Para saber mais: AQUI
9.11.09
ABRAÇO, LUÍS FILIPE RODRIGUES !
AQUEDUTO
Ficou ali à entrada da vila
ano após ano após
o século dezasseis ao longe,
e havia água.
Agora todos os dias a morrer
são dois quilómetros tristes
de tristes arcos, ó triste
criatura parada de cada lado
do rio. Feliz de quem passa
por te ver
pedra a pedra no ar pregado,
para te ver sem água a correr
à porta da tabacaria:
ó meu querido postal ilustrado.
Luís Filipe Rodrigues
Um poema que me chegou hoje, em jeito de brincadeira afectuosa.
7.11.09
A. LOBO ANTUNES
Pelo menos, a mesma paciência com que ele escreve interminavelmente, 8 horas por dia, aqueles enormes romances que parecem fotogramas contínuos em slide show...
Mas as crónicas! (...que ele deprecia, em jeito meio snob. Escusado, né?)
Esta crónica, na revista Visão de 5ª f. passada!
Enorme! Sublime humanidade de um escritor!
6.11.09
ELA VIVE
Nasceu no Porto em 6 de Novembro de 1919, faleceu em Lisboa em 2 de Julho de 2004.
Viverá sempre nos seus poemas, nos livros de prosa, nos ensaios e traduções, nas intervenções cívicas pela dignidade da cidadania plena, vivida em liberdade .
Hora
Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.
E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.
Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar.
Sophia de Mello Breyner Andresen