Ao fundo, o Convento de S. Francisco, em Santarém
"Ai Santarém, Santarém! Abandonaram-te, mataram-te, e agora cospem-te no cadáver.
Santarém, Santarém, levanta a tua cabeça coroada de torres e de mosteiros, de palácios e de templos!
Mira-te no Tejo, princesa das nossas vilas, e verás como eras bela e grande, rica e poderosa entre todas as terras portuguesas." (Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra, cap.XXXVI)
Dia chuvoso. À esquerda o planalto de S. Bento. Ao fundo, o Tejo. A estrada desce para a Ponte D. Luís, que atravessa o rio, em direcção a Ameirim.
Santarém, Clínica Dr. Rui Puga
Gostava que visses, mãe, a velha clínica em que passaste tantas horas comigo, à espera da consulta do Dr. Rui Puga. Passei lá hoje, sem ti, a prestar um tributo de gratidão ao médico oftalmologista, "o único que fazia operações ao estrabismo em Portugal nos anos 50 do séc. XX", no dizer da filha, também médica oftalmologista. A ele devo a correcção de meu estrabismo infantil, três operações de que não cobrou qualquer pagamento, em atenção à minha saudosa madrinha, Dona Mª Antónia, a quem tanto devo, também.
De tudo isto dei conta à Drª Clotilde Puga, filha do fundador da Clínica, comovidamente, como se pagasse finalmente o preito devido ao velho médico, falecido há cerca de dez anos.
Casa de D. Antónia Pitta Esteves Pires, onde viveu com seu marido, Dr. Joaquim Esteves Pires, no início da Calçada Mem Ramires, que ia dar à Porta da Atamarma.
Calcorreei as ruas da velha Scallabis lembrando o desalento de Garrett na sua viagem de 1843. O Centro Histórico, como em tantas outras cidades, está decrépito. Comércio exangue, lojas fechadas, edifícios abandonados a entrarem em ruina.
Ai Santarém, Santarém...
Fotos(C)Moedas Duarte