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16.1.13

AI SANTARÉM, SANTARÉM...

     Ao fundo, o Convento de S. Francisco, em Santarém


"Ai Santarém, Santarém! Abandonaram-te, mataram-te, e agora cospem-te no cadáver.
Santarém, Santarém, levanta a tua cabeça coroada de torres e de mosteiros, de palácios e de templos!
Mira-te no Tejo, princesa das nossas vilas, e verás como eras bela e grande, rica e poderosa entre todas as terras portuguesas." (Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra, cap.XXXVI)


     Dia chuvoso. À esquerda o planalto de S. Bento. Ao fundo, o Tejo. A estrada desce para a Ponte D. Luís, que atravessa o rio, em direcção a Ameirim.


Santarém, Clínica Dr. Rui Puga

Gostava que visses, mãe, a velha clínica em que passaste tantas horas comigo, à espera da consulta do Dr. Rui Puga. Passei lá hoje, sem ti, a prestar um tributo de gratidão ao médico oftalmologista, "o único que fazia operações ao estrabismo em Portugal nos anos 50 do séc. XX", no dizer da filha, também médica oftalmologista. A ele devo a correcção de meu estrabismo infantil, três operações de que não cobrou qualquer pagamento, em atenção à minha saudosa madrinha, Dona Mª Antónia, a quem tanto devo, também.
De tudo isto dei conta à Drª Clotilde Puga, filha do fundador da Clínica, comovidamente, como se pagasse finalmente o preito devido ao velho médico, falecido há cerca de dez anos.

Casa de D. Antónia Pitta Esteves Pires, onde viveu com seu marido, Dr. Joaquim Esteves Pires, no início da Calçada Mem Ramires, que ia dar à Porta da Atamarma.


Calcorreei as ruas da velha Scallabis lembrando o desalento de Garrett na sua viagem de 1843. O Centro Histórico, como em tantas outras cidades, está decrépito. Comércio exangue, lojas fechadas, edifícios abandonados a entrarem em ruina.
Ai Santarém, Santarém...

Fotos(C)Moedas Duarte

11.10.11

IMAGENS DO MEU OLHAR - PORTAS DO TEJO

Portas do Sol, na muralha de Santarém

Santarém não é só Portas do Sol. É também portas do Tejo - estrada líquida remendada de areia,  a preguiçar lá em baixo, desde a Chamusca até às Caneiras e Vila Chã de Ourique.
O Tejo aqui é um rio triste, sem barcos, sem pescadores, sequer os da beira rio. Nem uma cana a fazer cócegas à água.
Rio sem riso, torna triste o olhar.


Portas do Sol


Tejo, próximo de Alpiarça

Fotos © Méon
Outubro, 2011

3.4.10

QUANDO TENHO SAUDADES DA PRIMAVERA



Janela manuelina, em Santarém



Ponte D. Luís, atravessando o Tejo em Santarém. Foto nas Portas do Sol.


Aqui, no litoral oestino, a Primavera é sempre tardia porque as brisas marítimas abafam o calor que começa a sair da terra.
No Ribatejo é bem diferente.
Hoje, ao folhear imagens de arquivo, tive saudades daquele bafo que vem do chão e que se começa a sentir lá pelos fins de Março. Era quando eu - farto das calças de surrobeco quente -  pedia à minha mãe para vestir os calções de Verão.

Fotos © Méon

22.3.09

OLHARES DE OUTRORA


De súbito eles vieram de longe e pararam à minha porta. Isabel F., Luís R.
Do velho álbum, a fotografia de Dezembro de 1964 vem dizer-me quantos anos temos.
Recordem-se lá, meus amigos! Liceu Sá da Bandeira, em Santarém... 7º ano de Letras...
Sem saudades! Porque a vida é o hoje vindo de ontem.
Meus queridos amigos!

11.6.08

Não pode!!!


De tirar a respiração !
Ontem foi dia de alongar os olhos. A máquina fixou esta imagem, os olhos perderam-se lá longe, o coração bateu pela terra onde crsci. Lá está ela, do lado esquerdo, já perto da linha do horizonte... Alpiarça!
Como descrever tanta beleza? Lembrei-me de um texto do velho professor que gosta de mostrar Portugal:

As Portas do Sol são um daqueles lugares predestinados, irrepetíveis, que, vistos uma vez, não se esquecem mais. Mal sei encontrar as razões do encantamento: é a lonjura, a luminosidade, um imenso sentimento de paz que vem do predomínio das linhas horizontais. Mas não é só isso, e o que falta dizer é o essencial, mas é indizível. Há uns anos acompanhei amigos meus do Rio de Janeiro e levei-os até ao parapeito da muralha. A forma como exprimiram a emoção quase me surpreendeu: «Mentira! Não pode!» O que é que é mentira, o que é que não pode, quis eu saber. Um lugar não pode ser tão belo, era o que estavam a dizer. Lembrei-lhes as paisagens emocionantes do Rio visto do Corcovado ou da Urca: « É outra coisa. Lá a gente sente-se perdida, aqui é o mundo que fica dentro de nós.»
E é verdade. Nas Portas do Sol não cabem as palavras fortes: abismos, imensidões, vertigens, tudo isso fica errado aqui. Vêm antes ao espírito versos desgarrados de sonetos de Camões: alegres campos, verdes arvoredos, leda serenidade deleitosa, num jardim adornado de verdura…


[José Hermano Saraiva in: Itinerário Português – O TEMPO E A ALMA, Gradiva, Lisboa, 1987]
Foto (C) J. Moedas Duarte

10.5.08