29.7.08
TÁ BEM....PRONTO!
REGRESSEI e... trago novidades
Em 13 de Julho deixei aqui uma referência às Termas dos Cucos, uma antiga estância termal às portas de Torres Vedras, na estrada que vai desta cidade para Alenquer.
Texto entre a ironia e o desencanto. Lembram-se?
Procurei saber mais. Fonte credível informou-me que aquele espaço maravilhoso havia sido comprado pelo BES. A ideia é fazer voltar à vida as Termas dos Cucos.
Boa notícia, esta! Até porque as qualidades terapêuticas das lamas sulfurosas são bem conhecidas.
24.7.08
23.7.08
22.7.08
HAMLÉTICA
Tenho aqui neste dedo o teu anel, Maria
Adelaide Pereira!
Doce recordação desse inefável dia
Em que eu beijei teu rosto lívido de freira.
Teu rosto lívido de freira... Ah! Que poesia
Na angústia derradeira
Quando eu me separei dos teus braços, Maria
Adelaide Pereira!
Ouço-te ainda: - « A tua pálida Maria
Adelaide Pereira,
Louca de Dor, ébria de Sonho e Nostalgia,
Vai para o claustro! Hamlet! Ofélia é quase freira...»
Demos, então, as mãos... surdo rumor se ouvia.
Do bobo Yorik ria a singular caveira!
E ria-se de nós, do nosso amor, Maria
Adelaide Pereira.
É forçoso partir... Adeus Maria
Adelaide Pereira!
Os teus nomes que têm Mistério e Liturgia,
Hei-de tê-los na boca a minha vida inteira!
Lembro-me bem... Era Sol-posto, o céu, violáceo,
E sobre a areia d'oiro a espreguiçar-se o Lima...
Com que tristeza tu disseste: - «Adeus, Inácio
D'Abreu e Lima!»
Poema de António Feijó (1862 - 1917)
Ilustração da Net
21.7.08
EVOCAR O SANGUE DERRAMADO
18.7.08
CONSELHOS INÚTEIS
O que vamos fazer? Está explicado aqui :
17.7.08
HISTÓRIAS DA HISTÓRIA
16.7.08
HOMENAGEM
A minha homenagem no próximo número do jornal Badaladas, de Torres Vedras.
Já está no LUGAR ONDE
15.7.08
T E R N U R A
Desvio dos teus ombros o lençol
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada...
Olho a roupa no chão: que tempestade!
há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
em que uma tempestade sobreveio...
Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!
ESCADAS
14.7.08
Pão de palavras
13.7.08
Imagens do meu olhar... As Termas dos Cucos
11.7.08
Goya
Carta a Meus Filhos
Os Fuzilamentos de Goya
Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.
E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto
o que vos interessa para viver. Tudo é possível,
ainda quando lutemos, como devemos lutar,
por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,
ou mais que qualquer delas uma fiel
dedicação à honra de estar vivo.
Um dia sabereis que mais que a humanidade
não tem conta o número dos que pensaram assim,
amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,
de insólito, de livre, de diferente,
e foram sacrificados, torturados, espancados,
e entregues hipocritamente à secular justiça,
para que os liquidasse “com suma piedade e sem efusão de sangue.”
Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,
a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas
à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,
foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,
e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,
ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.
Às vezes, por serem de uma raça, outras
por serem de uma classe, expiaram todos
os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência
de haver cometido. Mas também aconteceu
e acontece que não foram mortos.
Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer,
aniquilando mansamente, delicadamente,
por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.
Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,
foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha
há mais de um século e que por violenta e injusta
ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,
que tinha um coração muito grande, cheio de fúria
e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.
Apenas um episódio, um episódio breve,
nesta cadeia de que sois um elo (ou não sereis)
de ferro e de suor e sangue e algum sémen
a caminho do mundo, que vos sonho.
Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém
vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la.
É isto o que mais importa – essa alegria.
Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto
não é senão essa alegria que vem
de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez alguém
está menos vivo ou sofre ou morre
para que um só de vós resista um pouco mais
à morte que é de todos e virá.
Que tudo isto sabereis serenamente,
sem culpas de ninguém, sem terror, sem ambição,
e sobretudo sem desapego ou indiferença,
ardentemente espero. Tanto sangue,
tanta dor, tanta angústia, um dia
-- mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga –
não hão-de ser em vão. Confesso que
muitas vezes, pensando no horror de tantos séculos
de opressão e crueldade, hesito por momentos
e uma amargura me submerge inconsolável.
Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,
quem ressuscita esses milhões, quem restitui
não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes
aquele instante que não viveram, aquele objecto
que não fruíram, aquele gesto
de amor, que fariam “amanhã”.
E, por isso, o mesmo mundo que criemos
nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa
que não é nossa, que nos é cedida
para a guardarmos respeitosamente
em memória do sangue que nos corre nas veias,
da nossa carne que foi outra, do amor que
outros não amaram porque lho roubaram.
Jorge de Sena
Cid Simões juntou esta nota:
Sónia Betancur é colombiana e vive em Bogotá, o marido Guilhermo Rivera membro do Pólo Democrático Alternativo que governa o município é também Presidente do Sindicato dos funcionários da autarquia da capital do país e membro do Partido Comunista. Quando no dia 22 de Abril foi levar a filha à escola foi forçado a entrar num carro da Polícia Metropolitana e até hoje desconhece-se o seu paradeiro.
Desde o princípio do ano já foram assassinados 19 sindicalistas.
A todos eles dedico este poema de Jorge de Sena.
Goya continua a ser uma bandeira de liberdade!
9.7.08
Imagens do meu olhar...DORNES
6.7.08
5.7.08
AGUARELAS EM SANTA CRUZ
INTERROGAÇÃO
4.7.08
Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.
No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida
foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama
e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.
Maria do Rosário Pedreira
(Foto da net)
Às vezes é preciso ler palavras de desespero para entender toda a dimensão da vida. Sobretudo quando se está no lugar oposto do desespero...
3.7.08
Um velho livro dos anos 60...
2.7.08
IMAGENS DO MEU OLHAR...LISBOA
Rua do Ferragial. Águas furtadas ( furtadas? Por causa da seca?...) em ruínas. «Olha Niels, a próxima vez que cá viermos já isto não está cá... tira aí uma foto! It's so typical...»
Ah! As escadinhas de Lisboa!
«Beautiful! Look the staircases!!!! »
Ter a consciência de que seremos, talvez, a última geração a ver os "amarelos da carris" ...
Parar a respiração! Olhar! Olhar muito! De uma daquelas torres da Sé foi atirado à rua o bispo de Lisboa, em 1383 - o povo não lhe perdoou as simpatias por Castela...
Telhados de Lisboa! Uma nesga de Tejo, a outra banda...
Fotos (c) Méon