4.7.08


Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.

No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida

foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama

e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.



Maria do Rosário Pedreira
(Foto da net)


Às vezes é preciso ler palavras de desespero para entender toda a dimensão da vida. Sobretudo quando se está no lugar oposto do desespero...

6 comentários:

Xantipa disse...

Que bom que é o lugar oposto ao desespero!
Que passes um bom dia!

Joaquim Moedas Duarte disse...

Xantipa:

É um lugar luminoso!

Igualmente!
Bj

Elsa Martinho disse...

Maria do Rosário Pedreira, uma excelente mulher da nossa poesia.

Um abraço.

Gasolina disse...

Ainda bem!!!
Haja esperança e felicidade!

Mas que são palavras fortes e belas, lá isso são.

Abraço

avelaneiraflorida disse...

Méon,

e estar nesse lugar oposto é uma dádiva IMENSA!
Que te encontres nele ...SEMPRE!
Beijinho.

Joaquim Moedas Duarte disse...

Avelã:

SEMPRE!

Bjnh