Divago mais um pouco, a propósito do postal anterior.
Sempre me intrigou o facto de haver pessoas que se consideram azaradas e outras com sorte, tanto mais que isso corresponde à realidade da nossa experiência diária.
- Fulano tem uma sorte danada, corre-lhe tudo bem...
- Nasceu com o cu virado para a Lua, é o que é...
De outros se diz:
- Coitado, mais uma para o rol das desgraças. Aquele não tem tido sorte nenhuma....
- É verdade, são umas atrás das outras...
Como entender isto?
O mais fácil é acreditar na "Divina Providência", os chamados "desígnios do Altíssimo", que podem coexistir com a crença em poderes maléficos: "magia negra", "maus olhados", "quebranto", etc.
O Homem seria, assim, uma espécie de joguete de forças superiores que o ultrapassam e contra as quais pouco pode fazer. A não ser esbracejar, como o náufrago no mar alto.
O curioso é que há muita e boa gente que acredita mesmo nisto! Já muitas vezes acreditei, apesar de saber que é uma ideia perfeitamente irracional.
Sim, como entender?
Foi aqui que me recordei de um conceito inovador introduzido pelo historiador francês Fernand Braudel na década de 1940: o da duração do tempo histórico.
A que propósito?
Mais logo tentarei dizer...