31.12.09

ANDO MUITO DESACTUALIZADO...




Vejo AQUI uma notícia que mostra bem como tenho andado distraído com o estado do mundo.
Agora percebo porque é que a National Geographic só traz fotografias daquelas nas capas...

30.12.09

BOAS ENTRADAS ! PELO AR E A PÉS JUNTOS


Foto de Isidro Matos, in "OLHARES - fotografia online"


Que 2010 seja uma boa faena nesta arena em que vivemos.
Enfrentando a vida de frente! 
A pés juntos! E pelo ar, se for preciso!




27.12.09

MEDIR A ETERNIDADE








No alpendre de onde se avista a infância e os canaviais
ao longo do corpo, a minha mãe dizia é bom ter um relógio
na alma
                 para medir a eternidade.



(Luís Filipe Rodrigues)

Nada de balanços de ano nem de década nem de nada. A vida flui, e eu rio dela, esse rio de que não sei a foz. O que fica, o que vai ficar, é a respiração de cada momento e algum marco miliário numa curva da memória.
Como a carta que em 28 de Dezembro de 1986 me escreveu Luís Filipe, - a braços com uma madrugada tresnoitada - e que começa com uma citação de Virgílio Ferreira (de Invocação ao Meu Corpo ):

« Há o sangue que nos deram e o ar que respiramos e uma palavra trocada acidentalmente e que já esquecemos, e os problemas que chegaram até nós para os problematizarmos de novo, para lhes darmos novas soluções, ou simplesmente para os recusarmos como problemas, e há uma doença algures na infância ou juventude e que nos deixou uma cicatriz que já nos não dói e todavia dói ainda, e há os mil encontros e desencontros e sucessos e desastres e livros que lemos ou não chegamos a ler, e há um instante de boa ou má disposição (...) mas para lá de tudo isso, no fundo sem fundo dessa mesma pessoa, há uma deliberação que escapu à nossa deliberação, uma escolha original que não "escolheu", uma decisão que só começou a sê-lo quando já o era, há o insondável da obscuridade de nós - e foi aí, definitivamente, que tudo enfim aconteceu.»

Anos passam, " em passar consistem" (Ruy Belo). E nós neles e com eles. Gravemente meditando, ironicamente olhando esse passar cada vez mais rápido, água num sumidoiro.

Só as palavras do poeta nos salvam e deslumbram...

24.12.09



a fava

espero que me calhe aquela fava
que é costume meter no bolo-rei:
quer dizer que o comi, que o partilhei
no natal com quem mais o partilhava

numa ordem das coisas cuja lei
de afectos e memória em nós se grava
nalgum lugar da alma e que destrava
tanta coisa sumida que, bem sei,

pela sua presença cristaliza
saudade e alegria em sons e brilhos,
sabores, cores, luzes, estribilhos...
e até por quem nos falta então se irisa

na mais pobre semente a intensa dança
de tempo adulto e tempo de criança.

(Vasco Graça Moura)


O meu abraço forte para os viajantes da net que por aqui vão passando, dia após dia, e que me ajudam a pensar que a AMIZADE existe, e me incentivam a partilhar palavras, músicas, pensamentos, imagens, ironias, humores diversos...

Alguns passam em silêncio, outros deixam recado, uns e outros ajudando a que esta não seja uma rua deserta.

Obrigado, Amigos meus! Que o vosso caminho continue paralelo ao meu! E que a BONDADE, essa forma superior de ser-se Humano, vos proteja da indiferença e da solidão.

23.12.09

SOLIDARIEDAE





Fotos daqui (tvi 24, Isabel Carreira)

Os mercados hortícolas de Lisboa, Combra e Évora são abastecidos diariamente por produtos cultivados em estufas, no concelho de Torres Vedras. Centenas de famílias vivem desta actividade,   lucrativa mas muito trabalhosa.
As intempéries como a desta noite, que deixou um impressionante rasto de destruição, deitam por terra muitos anos de trabalho e de investimentos elevados.
Quem vive na cidade de Torres Vedras só se apercebeu da dimensão do desastre nos telejornais da noite. Foi o meu caso.

Toda a minha solidariedade aos meus conterrâneos atingidos por esta calamidade.

POETA, BEM-VINDO!

Fernando Jorge Fabião deixou dois poemas à minha porta.
Bem-vindo, Amigo!Partilho aqui a tua bela prenda de Natal.





O movimento lento da câmara
a partir do céu:
- casas sitiadas pelo abandono
sebes, cancelas de madeira
a solidão rumorosa dos salgueiros.

A criança
- o verde não é meu é de quem o apanhar.

Ama-se o frio
como quem transpõe os umbrais de luz
e anuncia o amor.






A LINGUAGEM É UMA PELE


Aprendemos a vocação das aves
porque nem sempre voar é assunto de ave


as coisas mudam de cada vez que olhamos
para elas


basta alguém querer regressar à inocência
a essa parte intocável do texto
para que o olor      outro alvoroço
ilumine o olhar.


Escrevemos na parede interior dos pulsos
a linguagem é uma pele.


Foto © Méon (capitéis do Castelo de Leiria)

21.12.09

DIA DE POETAS

Começo com António Manuel Pires Cabral. O júri do Premio Luís MIguel Nava distribuíu o seguinte comunicado ( que retirei de O Labirinto de Babel ):


«O Prémio de Poesia Luís Miguel Nava 2009, agora bienal e referente aos livros de poesia publicados em 2007 e 2008, foi atribuído ao livro As Têmporas da Cinza, de A. M. Pires Cabral, publicado pelas Edições Cotovia.



No valor de cinco mil euros, o prémio, que, nas anteriores atribuições, foi concedido aos poetas Sophia de Mello Breyner Andresen, Fernando Echevarría, António Franco Alexandre, Armando Silva Carvalho, Manuel Gusmão, Fernando Guimarães, Manuel António Pina, Luís Quintais, António Ramos Rosa e Pedro Tamen, correspondeu à decisão unânime de um júri constituído, como habitualmente, por quatro membros da direcção da Fundação Luís Miguel Nava, Carlos Mendes de Sousa, Fernando Pinto do Amaral, Gastão Cruz e Luís Quintais, e um elemento convidado, desta vez o poeta e crítico António Carlos Cortez.


A limpidez e a precisão da escrita de A. M. Pires Cabral, a sua penetrante e austera visão dum mundo cuja expressão encontra numa espécie de imitação da terra o modelo para uma linguagem poética de invulgar intensidade, fazem deste autor um dos casos mais representativos da nossa melhor poesia contemporânea.»


Sobre A. M. Pires Cabral podemos ver algo AQUI.



De um outro espaço da blogosfera retirei esta introdução e dois poemas do livro agora premiado. Aqui ficam com a devida vénia aos seus autores:

A. M. PIRES CABRAL nasceu em 1941 em Chacim, Macedo de Cavaleiros, Trás-os-Montes. Licenciou-se em Filologia Germânica na Universidade de Coimbra. É autor de uma vasta obra literária onde a poesia não assume o menor papel. "As Têmporas da Cinza" (Cotovia, 2008), é um livro impressionante de maturidade. Esta é a poesia dos grandes temas entre os quais a morte, a frágil condição humana, a fraca matéria de que é feita a carne, a crítica a um deus indiferente perante o peso omnipresente da passagem do tempo. Dois poemas, com a devida vénia, deste livro que curiosamente, foi também finalista da short-list do prémio Correntes d' Escritas 2009:





A MOSCA DO SERVIÇO DE URGÊNCIA


A velha está sentada na sala de espera.

Chegou amparada pela filha, que a depositou ali

enquanto trata dos papéis. A aflição

deve ter sido tão súbita e imperiosa,

que a velha vem descomposta,

não houve tempo para atender a pudores.

Perdeu algures um chinelo.



Está sentada, muito branca, e parece

mascar as dores com as gengivas nuas.



Tem a morte pousada na cara, sob a forma

de uma mosca insistente e de ar atarefado.

Não tem forças para a sacudir.

A mosca aproxima-se da boca, depois parece

interessar-se pelo nariz. Delicia-se

com o muco ao canto do olho, como a criança

que come a ocultas um gelado interdito.

É como se estivesse em casa e percorresse

os aposentos ao sabor dos afazeres.

Cansada do rosto, levanta voo

e vai pousar, desta feita, numa mão.

Mas breve volta atrás, como se se tivesse

esquecido ali de alguma coisa,

e demora-se um pouco a tentar lembrar o quê.



Esfrega uma na outra as patas dianteiras,

celebrando a vitória que logo virá.



A velha já nem se dá conta

desse penúltimo escárnio da morte.

Está visivelmente madura para ela,

pronta a entregar-lhe os destroços do corpo.



Consumada a posse daquele território,

a mosca vai no seu voo fortuito

em busca de mais carne a requerer.

Há dezenas de doentes na sala.

Apalpa-os um por um, como se faz aos figos,

para saber qual deve ser comido

em primeiro lugar.



O mais certo é que acabe - mais dia, menos dia -

por devorá-los todos.





FARPAS





Tanta farpa cravei por acidente

no meu próprio flanco.



As farpas oscilam a cada passo meu,

lacerando sempre um pouco mais

os rasgões que já trago na carne.



Toma para ti - ò touro divino,

verdadeiro destinatário delas! -

algumas dessas farpas.



Que todas sobre mim são muito peso,

muita dor,

muito sangue empastando sobre a pele,

muita mosca cevando-se no sangue.



:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Mais logo conto pôr aqui dois belos poemas de um amigo querido. A melhor prenda de Natal!
Até!

19.12.09

POESIA JOCOSA


Só hoje me chegou este mimo de poesia jocosa.
Tem faltado ao nosso quotidiano esta mordacidade elegante e certeira e com tantas tradições na nossa Literatura.
Não resisto a transcrevê-la, remetendo os interessados para a sua origem, o blogue do Pafúncio...



Ó Fernanda ! Canse-o !...  

  
Requerimento a Fernanda Câncio (namorada do nosso PM!),
por Euleriano Ponati, poeta não titular

Ó Fernanda, dado

que já estou cansado

do ar teatral

a que ele equivale

em todo o horário

de cada canal,

no noticiário,

no telejornal,

ligando-se ao povo,

do qual ele se afasta,

gastando de novo

a fala já gasta

e a pôr agastado

quem muito se agasta

por ser enganado.


Ó Fernanda, dado

que é tempo de basta,

que já estou cansado

do excesso de carga,

do excesso de banda,

da banda que é larga,

da gente que é branda,

da frase que é ópio,

do estilo que é próprio

para a propaganda,

da falta de estudo,

do tudo que é zero,

dos logros a esmo

e do exagero

que o nega a si mesmo,

do acto que é baço,

do sério que é escasso,

mantendo a mentira,

mantendo a vaidade,

negando a verdade,

que sempre enjoou,

nas pedras que atira,

mas sem que refira

o caos que criou.


Ó Fernanda, dado

que já estou cansado,

que falta paciência,

por ter suportado

em exagerado

o que é aparência.


Ó Fernanda, dado

que já estou cansado,

ao fim e ao cabo,

das farsas que ele faz,

a querer que o diabo

me leve o que ele traz,

ele que é um amigo

de Sao Satanás,

entenda o que eu digo: 
 
Eu já estou cansado!

Sem aviso prévio,

ó Fernanda, prive-o

de ser contestado!

Retire-o do Estado!

Torne-o bem privado!


Ó Fernanda, leve-o!

Traga-nos alívio!

Tenha-o só num pátio

para o seu convívio!

Ó Fernanda, trate-o!

Ó Fernanda, amanse-o!

Ó Fernanda, ate-o!

Ó Fernanda, canse-o!

16.12.09

IMAGENS DO MEU OLHAR - Varandas do mar






















Nos dias de chuva e de frio é bom saber que o mar permanece na retina das recordações.
Havemos de lá voltar.

Fotos © MÉON

15.12.09

Ana Moura . Os Búzios . ao vivo

Para muitos, Ana Moura é a maior.
Será?
O que me encanta nesta nova vaga do Fado é a qualidade das letras.
Sem fatalismos nem derrotismos sentimentais. Fado!

13.12.09

Tive um coraçao perdi-o (Cristina Branco)

Encontrei Cristina Branco na VISÃO desta semana. Depois reencontrei-a no blogue do jornalista que a entrevistou, Miguel Carvalho.
Só faltava ouvi-la.
( Só percebi que gostava de ouvir fado quando verifiquei que as melhores letras que hoje se cantam em Português são, quase sempre, de fados...)

11.12.09

HIGIENE: um desabafo enquanto limpo as botas...







Sinto necessidade de dizer isto: acho que não devemos contribuir para sujar mais esta pobre política em que alguns atascaram o nosso país.

Independentemente do que pensamos do Governo, ou do Presidente da República, ou de quem quer que seja, acho que não devemos dar guarida a textos que circulam na net sem qualquer assinatura ou outro comprovativo de idoneidade e credibilidade. Estão a tornar-se uma praga.

Há cada vez mais porcaria a circular por aí. À qual se junta a paranóia dos noticiários. Parece que vivemos no antigo farwest. Bandidos por todo o lado. E doenças, todos os dias uma nova doença! E casos insólitos, a provarem que “isto está tudo doido!”.

Entretanto, dizem-nos que o país está atascado em dívidas. Mas quem é “o país”? Pode-se meter no mesmo saco o pobre pensionista de 380€/mês e os nababos que continuam a comprar relógios de 12 500€, carros de 120 000€, casas de 1000 000€, tudo bens de importação que tanto contribuem para agravar a balança comercial?

Acho que cada um tem obrigação de manter o passeio limpo à sua porta. Isto é: exigir rigor nas análises e denunciar os olhares doentios sobre a realidade.

7.12.09

PORTUGAL




(Paragem da "carrêra", perto da Cadriceira)



País por conhecer, por escrever, por ler...

*  

O incrível país da minha tia
trémulo de bondade e de aletria.

*

País do eufemismo, à morte dia a dia
pergunta mesureiro: - como vai a vida?

*

A Santa Paciência, país, a tua padroeira,
já perde a paciência à nossa cabeceira.

*

No sumapau seboso da terceira,
contigo viajei, ó país por lavar,
aturei-te o arroto, o pivete, a coceira,
a conversa pancrácia e o jeito alvar.

Senhor do meu nariz, franzi-te a sobrancelha;
entornado de sono, resvalaste pra mim.
Mas também me ofereceste a cordial botelha,
empinada que foi, tal e qual clarim!


 Excertos do longo poema de Alexande O'Neill, O PAÍS RELATIVO.
Foto (C) Méon

5.12.09

ARQUEOLOGIA AFECTIVA

De vez em quando escavamos na memória e encontramos nas camadas inferiores alguns vestígios de tempos esquecidos.
Estava eu a folhear um livro cá de casa, daqueles da segunda fila, atrás dos outros, amarelecido de tão esquecido, e encontrei este recorte.



(clicar para aumentar)


Foi tirado do PIM-PAM-PUM,  um Suplemento juvenil que saía às 5ªs feiras no jornal O SÉCULO. Sei que é de 1967/68 pelas circunstâncias em que o guardei.
Este suplemento foi para a minha meninice uma companhia inesquecível, nele li as primeiras BD's da minha vida.
Quando fui para a Faculdade de Letras, em 1967, conheci a Maria da Conceição Gomes da Silva, que estava a iniciar a sua carreira de jornalista. Um dia, em conversa, contei-lhe um episódio da minha infância, em Alpiarça, e que me deixara marcas fundas na memória. Nessa altura eu não sabia que ela também escrevia contos para o PIMPAM-PUM. Sei que ficou sensibilizada com a história.
Semanas depois apareceu com um Suplemento na mão e deu-mo. Que eu o lesse... Lá estava o episódio da caça aos passarinhos...

Tempos depois, com a necessidade de trabalhar, passei a aluno voluntário, e só ia à Faculdade para fazer os exames de frequência. Nunca mais vi a Conceição Gomes da Silva. Até hoje.

Procurei na net alguma informação sobre o célebre Suplemento do Século e encontrei esta imagem e o texto que se segue.






«O último número normal do suplemento Pim-Pam-Pum! surgiu nas bancas dois dias antes da publicação do último número regular do saudoso jornal O Século, em Fevereiro de 1977. No entanto, a empresa publicou ainda diversos números “especiais” do jornal durante os anos seguintes, para tentar manter o título e a memória do público. Na maioria desses números adicionais apareceu repetido o mesmo derradeiro Pim-Pam-Pum! nº 2555. Não foi possível localizar dois desses jornais, para confirmar se o suplemento/secção infantil existiu nas datas respectivas — correspondendo a O Século nº 33879, de início de 1979, e ao nº 33883, de início de 1983. »
Texto e imagem retirados daqui:
Hoje já não penso que as recordações são "coisas estúpidas e inúteis".
Qualquer dia vou até à Hemeroteca Municipal de Lisboa matar saudades do PIM-PAM-PUM...

1.12.09

FINALMENTE !

Alguém que diz: "No mundo actual, o comércio lvre não é sustentável".

Todos os dias fecham lojas do comércio tradicional.
Mas todos os dias abrem novas lojas dos chineses.
Não alinho nos que dizem que isso é bom para os consumidores, porque os preços descem, etc.
Os capitalistas chineses - nada tenho contra estes pobres imigrantes sem horários de trabalho e que vivem como as formigas - invadem o mundo com tralha de má qualidade, produzida em condições infra-humanas. Uns tubarões oligarcas engordam, e o Estado chinês progride à custa dessa coisa inominável que alguns chamam de "socialismo capitalista".

E os países em que os trabalhadores lutaram décadas para imporem condições de trabalho dignas, vêem-se submersos por esta avalanche, este dragão que engole as suas empresas para as vomitar transformadas em sucata brilhante e mal cheirosa.





Imagem de blog.robertoweigand.com.br.

O economista que disse aquela frase inicial é o francês Jacques Sapir que veio a Lisboa apresentar um livro seu, como noticia o jornal PÚBLICO do dia 28 de Novembro p.p.

Entre outras coisas ele diz que a célebre crise financeira não está resolvida porque "os bancos foram salvos pelos governos e pelos bancos centrais, mas não mudaram as suas políticas. Reduziram o crédito concedido e estão a investir o dinheiro dado pelo Estado e emprestado pelos
bancos centrais em especulação."

E sobre o comércio:

"O comércio livre não é sustentável porque não é justo. Em vários países, há uma grande disparidade entre a produtividade e o nível dos salários, a protecção social e as condições ambientais."

Ao jornalista que lhe pergunta se ele defende a limitação da entrada de produtos chineses, responde:

"Não apoio a ideia da introdução de quotas. O que precisamos é de tarifas. A produtividade chinesa está entre 30 e 40 por cento da produtividade da Europa Ocidental, mas os salários são dez vezes mais baixos. E isto é um problema. Se os salários na China subirem, as tarifas podem ser retiradas. Mas até que tal aconteça, temos de proteger as famílias."

E a África?

"O problema em África é que o comércio livre diminuiu a sua quota de mercado internacional. É completamente falso dizer-se que os países mais pobres estão a ganhar com o comércio livre. É exactamente o contrário."

Parece óbvio, não? Até porque, se existissem essas tarifas, as empresas que fecham cá em Portugal para irem abrir nos países em que podem explorar desenfreadmante o trabalho, deixariam de ter vantagem no tal "comércio livre" em que a liberdade serve apenas para tirar defesas aos mais fracos...