Mostrar mensagens com a etiqueta Sabedoria antiga. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Sabedoria antiga. Mostrar todas as mensagens

27.10.08





SABEDORIA




Aprende a estar só, e a dizer
Adeus às coisas que se afastam.
Deixa-as ir, supérfluas... Recolhe-te
À pobreza das coisas que te bastam.




Não te apegues à névoa dispensável
Nem ao cómodo torpor do que te é dado.
Mas canta, como um rio que não sabe
Se canta para si ou é escutado...




Estende à beira-nada o teu poema,
Vai cantando sozinho o que é verdade.
E deixa-te invadir pela bondade
- A sabedoria íntima e suprema.




(João Maia, in Abriu-se a Noite)

Foto Méon (C): Rio Tejo, junto a Alpiarça

30.1.08

SABEDORIA ANTIGA



OS DOIS FICARAM SUJOS

Um moleiro
E um carvoeiro
Travaram-se de razões;
Era um da cor da neve
Outro da cor dos carvões.
Cada qual deles teimava
Que o outro mais sujo estava;
Tinham ambos a mão leve,
Choveram os bofetões.
E qual foi o resultado?
Um ao outro se sujou;
Pois ficou,
O carvoeiro ,
Empoado;
E o moleiro
Enfarruscado.

Assim fazem as comadres,
Se começam a ralhar;
Assim fazem os compadres,
Se a política os separa:
Cada qual sem se limpar,
Consegue o outro sujar;
Nem é isso coisa rara.

Henrique O'Neill (1819-1889)