Belíssimas crónicas, as do meu amigo Cid Simões no BADALADAS, - jornal regional de Torres Vedras.
Não resisto a transcrever um excerto da mais recente, intitulada "Acordar ou não acordar eis..." , a propósito do acordo ortográfico e da cruzada patriótica dos senhores Vasco Graça Moura (GM) e Zita Seabra (ZS):
« O senhor GM e a dona ZS nunca assistiram ao fim de uma jornada de trabalho de africanos, brasileiros e portugueses ou até de eslavos da construção civil que, cansados frente a uns couratos assados - marisco de pobre - e a um jarro de tinto ou cerveja aí vão construindo a língua que será a nossa quando os GM e as ZS já por cá não andarem.
Em nada mudou a sorte de quem trabalha ou procura trabalho por ao patrão se passar a chamar empregador ou empreendedor e ao empregado colaborador, sabem sim que o colaborador sem trabalho será sempre um desempregado e que procurará emprego e nunca colaboração.
Procura, diz o GM, conseguir milhões de assinaturas para travar o acordo ortográfico e nem uma centena para travar o preço do pão.
Quando leio Mia Couto, sinto uma lufada de ar fresco que me rejuvenesce. A diversidade é um bálsamo.
Tudo, absolutamente tudo, está em devir constante com ou sem dezenas ou milhões de assinaturas. Tenham paciência.»
Como dizia Galileu, depois da forçada retratação: "... no entanto ela move-se!"
[ As fotos, tiradas da net,não fazem parte do crónica... ]