Estava invernosa esta manhã na Assenta.
29.11.09
PRAIA DA ASSENTA
Estava invernosa esta manhã na Assenta.
28.11.09
QUE SE PASSA COM AGUSTINA?
Há muitos veio a Torres Vedras o escritor Alexandre Babo. Quando fomos levá-lo a Lisboa perguntei-lhe qual era, na sua opinião, o maior escritor vivo da Língua Portuguesa. Respondeu-me:
- É a Agustina. Escreve maravilhosamente. É pena ser tão reaccionária...
[Alexandre Babo era comunista. Faleceu em 2007, com 91 anos]
Em Abril deste ano o marido, Alberto Luís - autor deste desenho que a representa - foi a Itália receber um doutoramento honoris causa, em nome dela, que estava doente e em fase de lenta recuperação. Depois disso, não voltei a saber dela.
Sabemos que tem 87 anos e, portanto...
Recordo-a hoje, porque casualmente peguei no livro de que retirei o desenho e que é uma compilação de textos seus, dispersos e organizados por temas. Compilação com o título de Dicionário Imperfeito, com que se inicia a edição ne varietur das suas obras, feita pela sua editora de há muitos anos, a Guimarães Editores.
Agstina tem um estilo muito próprio, como bem o sabem os seus leitores. Uma toada, um ritmo, uma forma de dizer que se arrima ao aforismo e à observação desconcertante, que nos interroga e desassossega. E que nos irrita, por vezes. Por não concordarmos ou por nos suscitar a irreprimível inveja de não sabermos escrever como ela...
Leia-se o parágrafo de abertura:
« Os observadores estrangeiros maravilham-se de que Portugal resista à crise política e económica com tal poder de adaptação. Há nos Portugueses uma sinceridade para com o imediato que desconcerta o panorama que transcende o imediato.. O infinito é o que eu situo - dizem. E assim vivem. Protegidos talvez por essa condição de afecto pelas coisas, pelos seus próprios delitos, que não consideram dramáticos, só a jeito das necessidades. De resto - quem se apresenta a salvar-nos que não esteja suspeitamente indignado? Os que muito se formalizam muito escondem; os que acusam demasiado privamse de ser leais consigo próprios. O país não precisa de quem diga o que está errado; precisa de quem saiba o que está certo. »
25.11.09
IMAGENS DO MEU OLHAR
24.11.09
O VELHO DAS BARBAS!!!
22.11.09
EM DALLAS, HÁ 46 ANOS
21.11.09
BOM TEMPO
20.11.09
ONDE SE FALA DE MÁRIO BARRADAS E DE TOLSTOI
Houve uma época da minha vida em que trabalhei no Alentejo. E nessa altura, por acção de um grupo de alentejanos a viverem em Torres Vedras, foi possível estabelecer contactos culturais frequentes entre Évora e a nossa cidade, nomeadamente através da vinda de um grupo de teatro dirigido por Mário Barradas.
Fiquei a conhecer o importante trabalho de descentralização cultural feito por Mário Barradas, que havia trocado as luzes de Lisboa pelos espaços desonhecidos da província. Foi preciso ter muita coragem para fazer descentralização cultural nos anos 70, quando o pouco que havia se concentrava em Lisboa.
Mário Barradas, falecido ontem dia 19, foi um daqueles homens cujo trabalho se fez na sombra, sem alardes nem exibicionismos bacocos, mas de forma perserverante.
Joaquim Benite sabe do que fala, ele próprio um resistente, um lutador, a quem o Teatro tanto deve.
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Já que falamos de "passamentos", recordo que faz hoje anos que morreu o grande romancista russo Leão Tolstoi. Foi em 20 de Novembro de 1910. Mais do que GUERRA E PAZ, que nunca consegui ler até ao fim, tocou-me profundamente o seu grande romance ANA KARENINA. Boa altura para voltar a pegar nele...
19.11.09
QUEM NÃO PODE COMER... VÊ BONECOS
17.11.09
...NO COTOVELO DO VENTO
15.11.09
METAFÍSICA DAS VIAGENS
14.11.09
AFINAL... NEM TUDO VAI MAL...
Só o Centro da Porche não se queixa: em dois meses fez metade das venda de um ano."
JÁ VAI ALTO, ESTE OUTONO...
Termas dos Cucos, esta tarde...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...
[Alberto Caeiro, O Guardador de rebanhos)
12.11.09
A MEU FAVOR...
COMPLETAS
A meu favor tenho o teu olhar
testemunhando por mim
perante juízes terríveis:
a morte, os amigos, os inimigos.
E aqueles que me assaltam
à noite na solidão do quarto
refugiam-se em fundos sítios dentro de mim
quando de manhã o teu olhar ilumina o quarto.
Protege-me com ele, com o teu olhar,
dos demónios da noite e das aflições do dia,
fala em voz alta, não deixes que adormeça,
afasta de mim o pecado da infelicidade.
(Manuel António Pina, n. 1943)
11.11.09
DIA ESPECIAL, não só por ser FERIADO MUNICIPAL em TORRES VEDRAS...
10.11.09
FAZEM ANOS !
A infância dos nossos filhos não teria sido a mesma sem eles...
E era muito bom, ao fim da tarde, sentar-me no sofá a ver a RUA SÉSAMO ao lado do meu João...
Para saber mais: AQUI
9.11.09
ABRAÇO, LUÍS FILIPE RODRIGUES !
AQUEDUTO
Ficou ali à entrada da vila
ano após ano após
o século dezasseis ao longe,
e havia água.
Agora todos os dias a morrer
são dois quilómetros tristes
de tristes arcos, ó triste
criatura parada de cada lado
do rio. Feliz de quem passa
por te ver
pedra a pedra no ar pregado,
para te ver sem água a correr
à porta da tabacaria:
ó meu querido postal ilustrado.
Luís Filipe Rodrigues
Um poema que me chegou hoje, em jeito de brincadeira afectuosa.
7.11.09
A. LOBO ANTUNES
Pelo menos, a mesma paciência com que ele escreve interminavelmente, 8 horas por dia, aqueles enormes romances que parecem fotogramas contínuos em slide show...
Mas as crónicas! (...que ele deprecia, em jeito meio snob. Escusado, né?)
Esta crónica, na revista Visão de 5ª f. passada!
Enorme! Sublime humanidade de um escritor!
6.11.09
ELA VIVE
Nasceu no Porto em 6 de Novembro de 1919, faleceu em Lisboa em 2 de Julho de 2004.
Viverá sempre nos seus poemas, nos livros de prosa, nos ensaios e traduções, nas intervenções cívicas pela dignidade da cidadania plena, vivida em liberdade .
Hora
Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.
E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.
Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar.
Sophia de Mello Breyner Andresen
5.11.09
A JUSTIÇA É CEGA OU FAZ-SE ?
O ÚLTIMO SÁBIO DO SÉCULO PASSADO...
Um contrato como professor no Brasil, nos anos 30, mudou para sempre a vida de Claude Lévi-Strauss. O autor de 'Tristes Trópicos' morreu em França, centenário e venerado por políticos e intelectuais de todo o mundo.
O homem que lançou as bases da antropologia moderna e foi o principal teorizador do estruturalismo morreu sexta-feira, a poucas semanas de completar 101 anos. Claude Lévi-Strauss morreu na sexta-feira e o seu funeral realizou-se segunda-feira em Lignerolles (centro de França), mas a família só ontem autorizou a Academia Francesa a dar a notícia, "receando ser invadida e ultrapassada pela mediatização da morte e das exéquias".(Albano Matos, DN Artes)
Pode ver AQUI mais informações, num belo texto de Venerando de Matos
4.11.09
GOSTO MAIS DE POESIA MAS...
... a ladroeira que por aí vai obriga-me a olhar.
Não me apetecia sujar os dedos, por isso andava a adiar.
Hoje chegou-me esta crónica do Mário Crespo no Jornal de Notícias e pensei: era isto mesmo que eu queria dizer! - se tivesse o talento dele.
Os intocáveis
O processo Face Oculta deu-me, finalmente, resposta à pergunta que fiz ao ministro da Presidência Pedro Silva Pereira - se no sector do Estado que lhe estava confiado havia ambiente para trocas de favores por dinheiro. Pedro Silva Pereira respondeu-me na altura que a minha pergunta era insultuosa.
Agora, o despacho judicial que descreve a rede de corrupção que abrange o mundo da sucata, executivos da alta finança e agentes do Estado, responde-me ao que Silva Pereira fugiu: Que sim. Havia esse ambiente. E diz mais. Diz que continua a haver. A brilhante investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária de Aveiro revela um universo de roubalheira demasiado gritante para ser encoberto por segredos de justiça.
O país tem de saber de tudo porque por cada sucateiro que dá um Mercedes topo de gama a um agente do Estado há 50 famílias desempregadas. É dinheiro público que paga concursos viciados, subornos e sinecuras. Com a lentidão da Justiça e a panóplia de artifícios dilatórios à disposição dos advogados, os silêncios dão aos criminosos tempo. Tempo para que os delitos caiam no esquecimento e a prática de crimes na habituação. Foi para isso que o primeiro-ministro contribuiu quando, questionado sobre a Face Oculta, respondeu: "O Senhor jornalista devia saber que eu não comento processos judiciais em curso (…)". O "Senhor jornalista" provavelmente já sabia, mas se calhar julgava que Sócrates tinha mudado neste mandato. Armando Vara é seu camarada de partido, seu amigo, foi seu colega de governo e seu companheiro de carteira nessa escola de saber que era a Universidade Independente. Licenciaram-se os dois nas ciências lá disponíveis quase na mesma altura. Mas sobretudo, Vara geria (de facto ainda gere) milhões em dinheiros públicos. Por esses, Sócrates tem de responder. Tal como tem de responder pelos valores do património nacional que lhe foram e ainda estão confiados e que à força de milhões de libras esterlinas podem ter sido lesados no Freeport.
Face ao que (felizmente) já se sabe sobre as redes de corrupção em Portugal, um chefe de Governo não se pode refugiar no "no comment" a que a Justiça supostamente o obriga, porque a Justiça não o obriga a nada disso. Pelo contrário. Exige-lhe que fale. Que diga que estas práticas não podem ser toleradas e que dê conta do que está a fazer para lhes pôr um fim. Declarações idênticas de não-comentário têm sido produzidas pelo presidente Cavaco Silva sobre o Freeport, sobre Lopes da Mota, sobre o BPN, sobre a SLN, sobre Dias Loureiro, sobre Oliveira Costa e tudo o mais que tem lançado dúvidas sobre a lisura da nossa vida pública. Estes silêncios que variam entre o ameaçador, o irónico e o cínico, estão a dar ao país uma mensagem clara: os agentes do Estado protegem-se uns aos outros com silêncios cúmplices sempre que um deles é apanhado com as calças na mão (ou sem elas) violando crianças da Casa Pia, roubando carris para vender na sucata, viabilizando centros comerciais em cima de reservas naturais, comprando habilitações para preencher os vazios humanísticos que a aculturação deixou em aberto ou aceitando acções não cotadas de uma qualquer obscuridade empresarial que rendem 147,5% ao ano. Lida cá fora a mensagem traduz-se na simplicidade brutal do mais interiorizado conceito em Portugal: nos grandes ninguém toca.
M.Crespo/JN:2-11-2009
UM FEIXE DE LUZ
Passei por AQUI e parei. Já a conhecia, foi um reencontro. Não por ela, mas pela VOZ que nos conduz às palavras estranhamente claras e exactas, neste tempo de poemas sem poesia dentro.
Eu tinha ido a Santa Cruz, uma das praias do litoral torriense, e trouxera imagens do sol a despedir-se por trás do mar e da renovada azenha.
Ofereço a imagem, peço de empréstimo o poema dela: Maria do Rosário Pedreira:
A INVENÇÃO DAS CLARABÓIAS
No princípio, aprenderam a ter medo e protegeram-se.
Construiram casas de pedra e lama, pequenos refúgios
onde não tardaram a sentir-se cada vez mais sós.
Sonharam que, um dia, um feixe de luz haveria
de afagá-los. E, fascinados pelo céu, desenharam
óculos pelos telhados.
Tiveram, desde logo, a companhia das estrelas.
Hoje os deuses ainda passam os olhos pelas suas casas
todas as noites, antes de adormecerem
In: A CASA E O CHEIRO DOS LIVROS
Foto (C) MÉON, 2 Nov 2009
3.11.09
AS DATAS
Chuva e sol, estações do ano, neves e calores tórridos, nada os apaga.
Um dia de anos... uma viagem... um ramo de flores que secou embrulhado num jornal...
O amor é um pão nobilitante que
sagrado torna quem à boca o leve
nos dias mais altos: os dias oriundos
de taças erguidas sem palavras,
alçados na festa que os inunda.
(João Rui de Sousa,
Quarteto para as próximas chuvas)
2.11.09
2 de Novembro
Meus queridos mortos, tão vivos na minha memória...
Ainda estais vivos meus pais Joaquim e Virgínia...
Tu vives minha avó Gertrudes...minha avó Leonor...
Tu vives meu avô Manuel Duarte... meu avô José Moedas...
...meus tios Joaquim ... Maria Luísa... Silvina...Ana... Hermano... Emília... António da Judia e sua mulher Júlia...
Minhas tias-avós Hortense...Helena... Luzia
Vocês vivem: Amélia Antunes, Jorge Coelho, Henrique... meu primo Zé Mendes...
Tu vives, P. Joaquim Ribeiro Lopes...
Escrever os vossos nomes, lê-los na sombra das lágrimas.
Jamais voltarei a ver-vos, mas vocês vivem ainda!...
1.11.09
Andrea Bocelli - Sempre Sempre
O video-clip é meloso e convencional.
Ah Mas a canção...
Para ti, que sabes quem és!