4.11.09

UM FEIXE DE LUZ



Passei por AQUI e parei. Já a conhecia, foi um reencontro. Não por ela, mas pela VOZ que nos conduz às palavras estranhamente claras e exactas, neste tempo de poemas sem poesia dentro.
Eu tinha ido a Santa Cruz, uma das praias do litoral torriense, e trouxera imagens do sol a despedir-se por trás do mar e da renovada azenha.
Ofereço a imagem, peço de empréstimo o poema dela: Maria do Rosário Pedreira:

A INVENÇÃO DAS CLARABÓIAS

No princípio, aprenderam a ter medo e protegeram-se.
Construiram casas de pedra e lama, pequenos refúgios
onde não tardaram a sentir-se cada vez mais sós.

Sonharam que, um dia, um feixe de luz haveria
de afagá-los. E, fascinados pelo céu, desenharam
óculos pelos telhados.

Tiveram, desde logo, a companhia das estrelas.
Hoje os deuses ainda passam os olhos pelas suas casas
todas as noites, antes de adormecerem


In: A CASA E O CHEIRO DOS LIVROS

Foto (C) MÉON, 2 Nov 2009

1 comentário:

Azul disse...

Hoje, para além das palavras lidas, sempre bem vindas, fica-me no regaço deitada a imagem belíssima que aqui nos mostra.

Obrigada pelas visitas recentes. Novas em carmim! lol

beijos para si, e até breve.