Rubens - Orfeu e Eurídice, Museu do Prado |
A SOMBRA DE EURÍDICE
Canção
divina as cousas comovia,
E de ternura
as árvores choravam...
E lembrava o
luar a luz do dia
E os
ribeiros, extáticos, paravam.
Era Orfeu,
de inspirado, que descia
Às entranhas
da terra! E se afundavam
Os seus
olhos na noite, muda e fria,
Onde as
pálidas sombras vagueavam.
Eurídice, o
seu morto e triste amor,
Ouvindo-o,
tomou forma e viva cor,
Íntima luz à
face lhe subiu...
Mas Orfeu,
pobre amante enlouquecido,
Quis ver
aquele corpo estremecido...
E, outra vez
sombra, Eurídice fugiu...
Teixeira de
Pascoaes