Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem - ou desgraça ou ânsia -
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância -
Do mar ou outra, mas que seja nossa!
Fernando Pessoa, Mensagem, poema "Prece"
5 comentários:
A distância pode ser aparente...isso os poetas não sabem!
sabe apenas quem vive!!!!
Mas que a vida não seja distância...isso pode ser uma prece!!!!
Na mesma prece, a distância pode ser anulada.
Que não seja nosso o destino do "mar português"...
Com música e interpretação sublimes não me canso de ouvir este poema.
Vai à minha barraquinha...tens lá um poema para ti.
Também gosto do Pessoa, da Natália Correia e por aí a fora. Também acho que a poesia é para comer. Mas abram o apetite às pessoas para que se faça, ouça e diga poesia. No próximo dia 22 temos 12h de poesia no CCB. Que grande refeição, não acha?
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