Divertem-me e fazem-me pensar os escritos de Ferreira Fernandes. Há humor, argúcia, domínio da Língua.Veja-se a crónica de hoje do Diário de Notícias:
CONTRA O PALEOPALEIO NACIONAL
Ferreira Fernandes
Uma reportagem (no Público) diz-me que o restaurante em Foz Côa vindo com a miragem das gravuras paleolíticas fechou. Chamava-se Restaurante Paleocôa. Reabriu. Chama-se, agora, Snack-Bar Dois Manos. São notícias destas que me fazem acreditar no homem, a que alguns (entre os quais, pelos vistos, os donos do Restaurante Paleocôa) chamam Homo sapiens Lin., da classe dos Mamíferos, subclasse dos Placentários. E chamam isso não em reuniões sábias, a que não me oporia, mas ao pequeno-almoço. E ao almoço o que serviria o Restaurante Paleocôa? Bife de mamute? Batatas fritas fossilizadas?... Aquele restaurante fruto do Parque Arqueológico do Vale do Côa é a imagem perfeita do jeito português para lhe fugir o pé para a complicação pedante. Num museu português ler uma legenda obriga a curso de semiótica. Um estilista português entrevistado é ainda mais complicado que as suas patilhas. Uma escola portuguesa que ensina a melhorar o corpo chama-se inevitavelmente Faculdade de Motricidade Humana. Ponham os olhos no Snack-Bar Dois Manos: voltou a ter clientes e não só porque as suas francesinhas são boas. Tem um nome com que não nos engasgamos.
CONTRA O PALEOPALEIO NACIONAL
Ferreira Fernandes
Uma reportagem (no Público) diz-me que o restaurante em Foz Côa vindo com a miragem das gravuras paleolíticas fechou. Chamava-se Restaurante Paleocôa. Reabriu. Chama-se, agora, Snack-Bar Dois Manos. São notícias destas que me fazem acreditar no homem, a que alguns (entre os quais, pelos vistos, os donos do Restaurante Paleocôa) chamam Homo sapiens Lin., da classe dos Mamíferos, subclasse dos Placentários. E chamam isso não em reuniões sábias, a que não me oporia, mas ao pequeno-almoço. E ao almoço o que serviria o Restaurante Paleocôa? Bife de mamute? Batatas fritas fossilizadas?... Aquele restaurante fruto do Parque Arqueológico do Vale do Côa é a imagem perfeita do jeito português para lhe fugir o pé para a complicação pedante. Num museu português ler uma legenda obriga a curso de semiótica. Um estilista português entrevistado é ainda mais complicado que as suas patilhas. Uma escola portuguesa que ensina a melhorar o corpo chama-se inevitavelmente Faculdade de Motricidade Humana. Ponham os olhos no Snack-Bar Dois Manos: voltou a ter clientes e não só porque as suas francesinhas são boas. Tem um nome com que não nos engasgamos.
2 comentários:
Méon,
Mas uma coisa é certa:
Arqueologia e Gastronomia "andam sempre de mãos dadas"!!!!!
Beijinho.
Avelã:
pois é! Nunca tinha pensado nisso!
E muitos arqueólogos são barrigudos...
Já sei porquê!
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