« A perspectiva da eternidade não é a perspectiva que se tem de um certo local situado para além do mundo, não é o ponto de vista de um ser transcendente; é antes uma certa forma de pensar e sentir que as pessoas racionais são capazes de adoptar no interior do mundo.. E, tendo-o feito, poderão, independentemente da geração a que pertencerem, congregar todas as perspectivas ndividuais num único esquema e chegar juntas a princípios reguladores, que poderão ser vividos por todos, cada um do seu ponto de vista. A pureza de coração - se conseguíssemos atingi-la - seria ver claramente e agir, com graça e auto-domínio, a partir deste ponto de vista.» (John Rawls, citado por Alberto Menguel em UM DIÁRIO DE LEITURAS, ed. ASA, 2007)
Parece um texto banal, mas não é. Num "mundo infestado de demónios" (livro de C. Sagan) este é um poderoso apelo à racionalidade, única forma de os humanos se entenderem em ralação ao essencial. A questão, porém, está na dose de racionalidade que é dada a cada homem. Aqui a desigualdade é medonha, tanto na medida recebida como na capacidade de a usar. E se metermos os sentimentos pelo meio, a equação complica-se.
Napoleão escreveu no seu Diário: "A velhacaria tem limites, a estupidez não!" (Entendendo aqui, como no geral se pode entender, que a estupidez é a incapacidade de usar a Razão. Por isso os gregos também diziam que " da estupidez humana até os deuses têm medo"...)
(Quadro de Magritte)
1 comentário:
Méon,
a razão e a humanidade nem sempre se relacionam da forma mais harmoniosa...
Temos bastos exemplos disso!!!
Mas, acreditemos que o ser humano não perca a capacidade de a usar!!!
Se isso alguma vez acontecer...então o descalabro será mais do que certo.
Beijinho.
Enviar um comentário