Émile Zola: 1840-1902
Émile Zola, conhecido pelos seus romances que deram origem à escola literária naturalista, foi um cidadão politicamente activo. A sua carta "J'accuse", com que interveio decisivamente no "Caso Dreyfus", permanece como um exemplo de coragem pública, na denúncia de uma situação que apaixonou a opinião pública da época.
Transcrevo um texto do livro "365 HISTÓRIAS DA HISTÓRIA"( W.B. Marsh e Bruce Carrick, Bertrand Editora, Lisboa, 2007):
« 13 de janeiro de 1898. Esta tarde, 300 000 exemplares do jornal L'Aurore encheram as bancas de Paris com a força de uma explosão. Na primeira página, publicava-se um artigo que era a notícia do século. Sob o título «]' accuse», o artigo acusava os chefes do exército francês de tramarem um inocente capitão do exército, acusado de traição em 1894 e depois, quatro anos mais tarde, de encobrir o seu delito conseguindo a absolvição de um outro oficial, que sabiam ser o culpado.
O desditoso capitão era, evidentemente, Alfred Dreyfus, o único judeu no Estado-Maior do exército. Condenado como espião por ter passado para a Alemanha segredos da artilharia francesa, foi condenado a prisão perpétua na Ilha do Diabo. O homem que o defendia com «]'accuse» era o grande escritor francês Emile Zola.
O exército reagiu rapidamente ao artigo e processou Zola por difamação. Foi condenado e, prevendo que o recurso iria ser recusado, procurou segurança em Inglaterra. Zola não era o primeiro Dreyfusard (apoiante de Dreyfus), mas o caso Dreyfus — l'affaire, como ficou conhecido em França — ganhou enorme publicidade ao terminar de forma tão dramática. A seu lado, estavam homens como Georges Clemenceau, Jean Jaurès e Anatole France. Estes e outros Dreyfusards tiveram de enfrentar a opinião pública, conotada com o anti-semitismo, que acreditava na rectidão do exército e na culpa do capitão.
Richard Dreyfus: 1859-1935
Dreyfus foi julgado uma segunda vez e novamente foi declarado culpado; mas desta vez, devido a «circunstâncias atenuantes», foi condenado apenas a 10 anos de prisão. Muitos foram os que perceberam que as atenuantes no caso foram a inocência de Dreyfus. De saúde muito debilitada, aceitou o perdão do presidente de França. A certa altura, o oficial culpado confessou qual fora o seu papel. Em 1906, Dreyfus foi ilibado de todas as acusações por um tribunal francês. Foi readmitido no exército, promovido ao posto de major e condecorado com a Legião de Honra. Serviu durante a Primeira Guerra Mundial como tenente-coronel.»
1 comentário:
Méon,
Uma excelente memória esta!!!
Não apenas por Zola...mas, e também, por Dreyfus!!!!!
É bom que memórias como esta se não esqueçam!!!!
Beijinho.
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