O meu amigo Venerando de Matos publicou este texto no seu blogue. Transcrevê-lo é a minha forma de estar com esta luta.
«Penso que, nos dias que correm, fazer uma greve geral já não é suficiente para travar o atual processo de destruição da democracia e da dignidade humana que está em curso na Europa.
Mas a greve geral é ainda o último patamar antes de se chegar a vias mais radicais para combater a atual situação de retrocesso civilizacional em que o poder financeiro e os seus aliados políticos e ideológicos tentam lançar Portugal e a Europa.A greve geral pode ter um significado como descarga de frustrações e de raivas contra o actual estado de coisas, contra uma “troika”, um governo e um orçamento que desrespeitam a democracia, a cidadania, o trabalho, a lei e a Constituição.
Mas hoje já não estamos perante um “mero” conflito social. Estamos em guerra.Uma guerra entre o poder financeiro, que se vai instalando sem legitimidade democrática, para já “apenas” na Grécia e na Itália, mas que se move à sombra de “troikas”, bancos centrais, agências de rating, comissões europeias, srª Merkel, e outras instituições não democráticas, que começaram por exigir a destruição dos direitos sociais, dos direitos democráticos consagrados na lei e nas Constituições, dos rendimentos do trabalho, e da dignidade dos cidadãos, em nome da austeridade para “acalmar” os seus “mercados” e em nome da salvação do mesmo poder financeiro que nos pretende lançar na miséria e, em ultima instância, na guerra.
A Greve Geral pode ser assim, “apenas” um forte aviso a esses poderes, uma primeira etapa pacifica, mas que deverá subir o patamar no modo de mostrar o descontentamento dos cidadãos, se esses poderes se limitarem a ridicularizar e a ignorarem esse descontentamento.
A guerra desencadeada pelo poder financeiro contra os cidadãos europeus nunca poderá ser ganha pelos cidadãos e trabalhadores europeus se cada um se isolar no seu espaço nacional.Daqui para a frente devemos usar as mesmas armas desse poder terrorista: as greves têm de ser europeias, as manifestações no mesmo dia em todas as capitais europeias e, se nada se alterar, as ruas devem ser ocupadas por toda a Europa até que esses poderes não democráticos cedam o seu lugar a uma comissão europeia eleita pelos cidadãos, a um banco central europeu controlado pelos cidadãos e a um presidente europeu escolhido livremente por todos nós.
Os cidadãos devem exigir depois a igualdade de direitos, sociais, económicos, financeiros e culturais para todos os povos da União Europeia.
Se, pelo contrário, deixarmos que o poder financeiro, o seu “braço político” (os governos de direita que dominam a Europa, os burocratas da Comissão Europeia e do BCE) e os seus aparelhos ideológicos (a maior parte da comunicação social e das universidades de economia dominadas por esse mesmo poder financeiro) ganhem esta guerra e deixando-nos adormecer ao som da austeridade sem fim e do pensamento único neoliberal, então será bom que nos preparemos para o fim do Euro, da União Europeia, da paz e da relativa prosperidade em que nos habituamos a viver. Se eles vencerem, a Europa vai regressar à miséria e à barbárie de outras épocas, uma situação que não será muito diferente do modo de vida da maior parte das populações africanas ou latino-americanas.
Pode já não ser em nome do nosso futuro, mas em nome das gerações mais novas e dos nossos filhos, que devemos usar todas as armas legitimas e democráticas ao nosso alcance para evitar essa situação.Aderir a esta Greve Geral é um primeiro sinal de resistência…mas não vai chegar.»
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