Dorme, meu amor, que o mundo já viu morrer mais este dia e eu estou aqui, de guarda aos pesadelos.Fecha os olhos agora e sossega — o pior já passou há muito tempo; e o vento amaciou; e a minha mão desvia os passos do medo. Dorme, meu amor — a morte está deitada sob o lençol da terra onde nasceste e pode levantar-se como um pássaro assim que adormeceres. Mas nada temas: as suas asas de sombra não hão-de derrubar-me — eu já morri muitas vezes e é ainda da vida que tenho mais medo. Fecha os olhos agora e sossega — a porta está trancada; e os fantasmasda casa que o jardim devorou andam perdidos nas brumas que lancei ao caminho. Por isso, dorme, meu amor, larga a tristeza à porta do meu corpo e nada temas: eu já ouvi o silêncio, já vi a escuridão, já olhei a morte debruçada nos espelhos e estou aqui, de guarda aos pesadelos — a noite é um poema que conheço de cor e vou cantar-to até adormeceres.
(Maria do Rosário Pedreira)
Aparecem por aqui alguns comentários , em inglês, cuja finalidade é apenas abrir ligações sabe-se lá para
onde...
Daí a "moderação" que tive de introduzir, a contra-gosto. Temporariamente, espero...
6 comentários:
Que belo poema, este!
:)
E quanto à moderação, também eu tive de passar a fazê-la, pelas mesmas razões.
Bom domingo!
Méon,
e , ao adormecer, os sonhos ganham nova claridade. Aquela que só contempla o sono tranquilo...
Porque alguém vela o nosso sono...
Beijinho.
os comentários"enganosos" são uma praga!!!!Bem o sei!!!!
Xantipa:
Mª do Rosário Pedreira sabe escrever sobre os sentimentos numa linguagem que nos toca.
Bom dia para ti!
Avelã:
Por vezes o sono é ameaçador porque se parece demasiado com a morte...
Mas é vida! - quando alguém o vela e desvela os nossos sonhos...
Beijinho para o teu dia!
Adorei este excerto...fiquei com vontade de ler mais!!
bjs
Lenib
Em breve...
bj
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