Desvio dos teus ombros o lençol
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada...
Olho a roupa no chão: que tempestade!
há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
em que uma tempestade sobreveio...
Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!
(David Mourão-Ferreira)
6 comentários:
São lindíssimas estas palavras.
Bom gosto nas escolhas, vizinho.:)
Um abraço
LOLLL! Lindo!
O humor de DMF é espantoso!
As minhas colegas que foram alunas dele adoravam-no!
:)
Beijinho
Gostei deste espaço, parabéns
Méon,
DMF é um poeta da ternura...
Que ela perdure no teu dia!
Beijinho.
Avelã:
A ternura é o pão da alma. Sem ela morro!
Adoro David Mourão-Ferreira!! Óptima escolha...beijos.
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