Anualmente, na última semana de Agosto, aqui se faz a tradicional Feira do Mato. A designação, segundo parece, deve-se a que ali se vendiam muitos molhos de junco - erva apanhada no mato, à beira das ribeiras, em terrenos húmidos. Este junco era depois tratado de modo a que cada caule servisse de guita para segurar as pernadas das videiras, numa operação chamada "empa", um trabalho moroso, em que o agricultor procurava guiar os primeiros ramos da videira para que a germinação dos cachos se fizesse da melhor forma.
Hoje não sei como se faz esse trabalho, que ainda há poucos anos era obrigatório e ocupava muitos homens. A verdade é que o junco deixou de ter procura, possivelmente substituído por cordel de nylon...
Na Feira do Mato deste ano só havia um vendedor de junco, com um pequeno molho. Falei com ele. É o Sr. José Vicente, conhecido por Zé Pouquito, que veio do lugar das Casas Novas, ali para os lados de Casalinhos de Alfaiate. Explicou-me estas coisas da empa e da preparação do "junco". Disse-me que também há a "junca", diferente do primeiro por ter um caule esquinado em vez de redondo, o que dificulta o trabalho manual pois corta a pele dos dedos. Tem 86 anos e talvez esta seja a sua última feira como vendedor de junco. No ano passado carregou com dois molhos e só vendeu um. Este ano só trouxe um e já duvidava se o venderia.
O comprador é o da esquerda. Zé Pouquito explica-lhe como se prepara o junco.
Para além do junco, Zé Pouquito trazia umas résteas de alhos para vender
Mãos calejadas. Tantos anos de trabalho duro...
4 comentários:
Gosto muito destas histórias, Joaquim. Especialmente quando são bem contadas como aqui.
E das fotos, também. O que é preciso é que o olho, a cabeça e o coração estejam em sintonia...
Um Abraço
Que pena, as tradições vão-se perdendo.
Bjs
Rivel:
As histórias são para partilhar... Obrigado por cá teres vindo ler...
Abraço
Pois é, Lilá(s)... Só nos resta aproveitar estas últimas manifestações e ficar com uma enorme nostalgia nos olhos...
Bj
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