A OFICINA
I
Abres a porta
o pátio, é um lago de luz
(vidro transportando o sol em direcção à casa)
a oficina fica em frente:
- usina pobre, veios de água talhando animais
e anjos perplexos.
As ferramentas respiram abandono
sonham alto
pedem um traço justo e paciente
(um regaço de paz).
É difícil subir ao cristal
iluminar todos os silêncios
confiar nas dunas (que fulguram)
É difícil conhecer a linguagem
antiga dos veios
a densidade do material
a irrevogável alegria dos mestres.
II
bordando o aço
limpas a malha
o estilhaço do tempo
esconjuras os ardis
a áspera exactidão do mundo
aproximas o ouro, o filamento da lava
as armas incorruptíveis do saber
bordando o aço
limpas a malha
o negrume sem lua
do medo.
Fernando Jorge Fabião, amigo e poeta. Todos os anos visita o meu Natal e deixa um poema na chaminé.
Não faltaste, amigo. Tu fazes parte do meu Natal. Do nosso Natal!
1 comentário:
Querido amigo, que o teu Natal tenho sido repleto de poesia, amor a saúde. Obrigada pela tua amizade e partilhas. Desejo um bom final de 2011 e que 2012 venha repleto de bons momentos.
Bjs
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