25.12.11

A VISITA




A OFICINA
I
Abres a porta
o pátio, é um lago de luz
(vidro transportando o sol em direcção à casa)

a oficina fica em frente:
- usina pobre, veios de água talhando animais
e anjos perplexos.

As ferramentas respiram abandono
sonham alto
pedem um traço justo e paciente
(um regaço de paz).

É difícil subir ao cristal
iluminar todos os silêncios
confiar nas dunas (que fulguram)

É difícil conhecer a linguagem
antiga dos veios
a densidade do material
a irrevogável alegria dos mestres.

II

bordando o aço
limpas a malha
o estilhaço do tempo

esconjuras os ardis
a áspera exactidão do mundo

aproximas o ouro, o filamento da lava
as armas incorruptíveis do saber

bordando o aço
limpas a malha
o negrume sem lua
do medo.



Fernando Jorge Fabião, amigo e poeta. Todos os anos visita o meu Natal e deixa um poema na chaminé.
Não faltaste, amigo. Tu fazes parte do meu Natal. Do nosso Natal!

1 comentário:

Lilá(s) disse...

Querido amigo, que o teu Natal tenho sido repleto de poesia, amor a saúde. Obrigada pela tua amizade e partilhas. Desejo um bom final de 2011 e que 2012 venha repleto de bons momentos.
Bjs