27.5.12

TEMPO DE TEATRO



A História é uma fonte inesgotável. Mestra da vida? Quase nunca, os "homens em sociedade" não aprendem com os erros do passado.
Individualmente, sim, a História pode ser Mestra: faculta os dados necessários para compreendermos o "homem em sociedade".

A questão da subjetividade da História já é outra história. Há uma História oficial, a versão dos vencedores; e há uma História-outra, que só se revela muitos anos depois.

Questões que me levam hoje ao Teatro da Comuna, ver A CONTROVÉRSIA DE VALLADOLID": "Num convento de Valladolid, em 1550, debate-se uma questão fundamental: os índios do Novo Mundo são homens como os outros?"(Escrito às 12H00)

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Escrito às 21H10:

Gostei da peça e da encenação.
O texto é de uma grande vivacidade: o padre Bartolomeu de las Casas ( Carlos Paulo, mais uma grande interpretação) defende a humanidade dos índios, contra Juan de Sepúlveda(Virgílio Castelo, convincente) que proclama a inferioridade deles. Um cardeal-juiz vai ouvindo e interrogando os dois contendores, centrando a discussão sobre a possibilidade de os índios terem ou não alma, serem ou não semelhantes a nós. Ouvimos com horror como foi possível defender a escravatura e a submissão de milhões de homens sob o beneplácito de uma Igreja submetida aos interesses dos poderosos. E aquilo que parece um problema de uma época recuada, chega até nós como metáfora de um presente ainda marcado pela intolerância e falta de respeito pela diferença.
Encenação sóbria e eficaz. Não há recurso a invenções experimentalistas de onde sai engrandecido um texto muito bem construído


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