16.12.12

SILÊNCIOS





Hopper, An excursion into philosophy, 1959



estendo uma toalha de palavras
sobre a mesa do silêncio   as sombras
alongam-se rente ao chão
como se fosse noite ao meio-dia

chegam de longe algumas notícias
doenças e tristezas
o vazio de um tempo onde já não moram
as horas que antigamente tanto prometiam
sebes e musgo  muros carcomidos
a orfandade de um ramo caído

não precisava de saber essas coisas
é inútil o meu cuidado
cresce o tempo
e a distância

um dia virá o grande silêncio
mas a morte é mais antiga

J. Moedas Duarte

1 comentário:

lis disse...

O silêncio toca as palavras e ilumina-as,
o poema é mais severo e fala do último silêncio que dele não escapamos mas podemos prorrogá-lo,
Edward Hopper e suas telas onde a alma feminina transparece,
belo post,