1.1.13

ALGUMA COISA...


Reabri hoje este livro e recordei António José Forte. Era um homem muito afável mas de rosto severo onde se misturavam doçura e dureza. Lembro-me dele, muitos anos depois de o ver - e ao Herberto Hélder -  na Biblioteca Itinerante em que trabalhava e que visitava Alpiarça uma vez por mês. ( um dia aconselhou-me a ler O Deus das Moscas, uma revelação...). 
Retiro da badana do livro:

«António José Forte (Póvoa de Santa Iria, 6 de Fe­vereiro de 1931 - Lisboa, 15 de Dezembro de 1988) é uma das mais belas, inquietantes e poderosas vozes da poesia portuguesa contemporânea. Ligado ao movimento surrealista, integrou, desde o seu início, em meados da década de 50 do século passado, o chamado grupo do Café Gelo. Foi funcionário da Fundação Calouste Gul­benkian, onde, durante mais de 20 anos desempenhou as funções de Encarregado das Bibliotecas Itinerantes.
«A voz de Forte não é plural, não é directa ou sinuosa­mente derivada, não é devedora. Como toda a poesia, a verdadeira, possui apenas a sua tradição, no caso a tradição romântica no menos estrito e mais expansivo e qualificado registo, uma tradição próximo de nós esclarecida pelo surrealismo, imemorial, dinâmica, abrin­do para trás e para diante, única maneira de entender-se uma tradição. (...) É legível nos poemas de Forte uma carga de persuasão que vem, imediata, do abrupto manejo da imagem e da metáfora funcionando como sínteses perceptivas; daí sobretudo a sua eficácia, o fascínio.» - escreve Herberto Hélder no prefácio a este livro, que é, com os dispersos e inéditos que incorpora, a edição definitiva da obra de António José Forte.
Representado em inúmeras antologias poéticas, António José Forte é também autor do livro de poesia infanto-juvenil Uma rosa na tromba de um elefante, recentemente reeditado, com desenhos de Aldina, por esta editora.»
[  2ª edição, Editora Parceria A. M. Pereira, Lisboa,2003 ]

Ao ler o POEMA ( p. 41 ) deste livro que a pintora Aldina ilustrou, ele soou-me a algo muito familiar. Fechei os olhos à procura de pistas, de associações de ideias. De onde é que eu conhecia este "Poema"? E achei: ouvi-o muitas vezes na voz do Vitorino, que o musicou e integrou no seu conhecido "Leitaria Garrett", publicado em 1984.

Vamos ouvi-lo no post abaixo.

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