Reabri hoje este livro e recordei António José Forte. Era um homem muito afável mas de rosto severo onde se misturavam doçura e dureza. Lembro-me dele, muitos anos depois de o ver - e ao Herberto Hélder - na Biblioteca Itinerante em que trabalhava e que visitava Alpiarça uma vez por mês. ( um dia aconselhou-me a ler O Deus das Moscas, uma revelação...).
Retiro da badana do livro:
«António José Forte (Póvoa de
Santa Iria, 6 de Fevereiro de 1931 - Lisboa, 15 de Dezembro de 1988) é uma das
mais belas, inquietantes e poderosas vozes da poesia portuguesa contemporânea.
Ligado ao movimento surrealista, integrou, desde o seu início, em meados da
década de 50 do século passado, o chamado grupo do Café Gelo. Foi funcionário
da Fundação Calouste Gulbenkian, onde, durante mais de 20 anos desempenhou as
funções de Encarregado das Bibliotecas Itinerantes.
«A voz de Forte não é plural, não
é directa ou sinuosamente derivada, não é devedora. Como toda a poesia, a
verdadeira, possui apenas a sua tradição, no caso a tradição romântica no menos
estrito e mais expansivo e qualificado registo, uma tradição próximo de nós
esclarecida pelo surrealismo, imemorial, dinâmica, abrindo para trás e para
diante, única maneira de entender-se uma tradição. (...) É legível nos poemas
de Forte uma carga de persuasão que vem, imediata, do abrupto manejo da imagem
e da metáfora funcionando como sínteses perceptivas; daí sobretudo a sua
eficácia, o fascínio.» - escreve Herberto Hélder no prefácio a este livro, que
é, com os dispersos e inéditos que incorpora, a edição definitiva da obra de
António José Forte.
Representado em inúmeras
antologias poéticas, António José Forte é também autor do livro de poesia
infanto-juvenil Uma rosa na tromba de um elefante, recentemente
reeditado, com desenhos de Aldina, por esta editora.»
[ 2ª
edição, Editora Parceria A. M. Pereira, Lisboa,2003 ]
Ao ler o POEMA ( p. 41 ) deste livro que a pintora Aldina ilustrou, ele soou-me a algo muito familiar. Fechei os olhos à procura de pistas, de associações de ideias. De onde é que eu conhecia este "Poema"? E achei: ouvi-o muitas vezes na voz do Vitorino, que o musicou e integrou no seu conhecido "Leitaria Garrett", publicado em 1984.
Vamos ouvi-lo no post abaixo.
Sem comentários:
Enviar um comentário