13.10.09

LINGUAJAR GUERREIRO


Ainda vamos falando de eleições, naturalmente, sabendo que há mais vida para além delas.

O que me impressionou mais durantes estes meses eleitorais foi a influência cada vez maior dos meios de comunicação social: eles "fazem a cabeça" às pessoas de uma forma avassaladora.

Não acredito em teorias da conspiração ou em capitalistas escondidos nos bastidores a marionetar jornalistas. A coisa é muito mais subtil e tem a ver com modas jornalísticas. É como a calça de ganga rota: no jornalismo da nova vaga todos procuram a metáfora mais vistosa, o lugar comum mais original ( um paradoxo!), o ponto de vista mais irónico ou mais humorístico. Mas, simultaneamente, todos adoptam um linguajar de cruzada guerreira: os adversários políticos "contam as espingardas". Uma autarquia é "um bastião" ou "um reduto", que pode "ser conquistado num último assalto eleitoral", apesar de "inexpugnável". O político é "um guerreiro", ou "um resistente". Nos partidos pode haver "guerra interna pela liderança" e um debate nocturno pode transformar-se numa "noite das facas longas".


Esta formatação mental faz-se sobretudo através das televisões, com os telejornais cada vez mais parecidos uns com os outros, em que à notícia tratada com objectividade se sobrepõe o texto opinativo, superficial e frívolo.


Como reage o bom povo? Os que se empenham na luta partidária caem facilmente no tique clubista, no grito guerreiro do golo metido na baliza adversária. Os outros sentem-se cada vez mais enfastiados e vão-se afastando. A abstenção continua preocupantemente alta.


Entretanto, os políticos especializam-se na arte de diminuir ou escamoterar os estragos e inventam teorias delirantes para justificar perdas eleitorais, como fez Jerónimo de Sousa com a perda de Beja ou Santana Lopes com a derrota em Lisboa...


São impressões muito subjectivas, eu sei. Desabafos. Ao nível rasteiro do modo como se vai fazendo política em Portugal. Estou contaminado, não há dúvida.


3 comentários:

Unknown disse...

Méon,

enquanto lia os teus "desabafos" vinham-me à memória algumas "esmiuçadelas" dos Gatos Fedorentos...
eheheheheh

"A eles, Por Santiago!!!!!"

Beijinho.

Lilá(s) disse...

Estou caladinha, caladinha...moro no concelho de Oeiras, por isso sem palavras....

maria tereza disse...

...como tenho casa em folgorosa .vim a seu blog ver se estava foto da capela!!!!1 abraço