Edmund Dulac
Partilho-o nas duas versões:
Com um copo com embutidos de lazúli
espera por ela
Sobre o lago em volta da tarde e o perfume de flores
espera por ela
Com a paciência do cavalo pronto para descer a montanha
espera por ela
Com o bom gosto do príncipe magnífico
espera por ela
Com sete almofadas cheias de nuvens leves
espera por ela
Com o fogo do incenso mulher enchendo o lugar
espera por ela
Com o cheiro do sândalo homem em redor do dorso dos cavalos
espera por ela
E não tenhas pressa, e se ela chegar depois da hora
então espera por ela
E se ela chegar antes da hora
então espera por ela
E não assustes os pássaros que estão nas suas tranças
e espera por ela
Para que ela se sente descansada como um jardim no cimo da sua beleza
e espera por ela
Para que respire este ar estranho no seu coração
e espera por ela
Para que levante o vestido das suas coxas, nuvem por nuvem
e espera por ela
E trá-la à varanda para ver uma lua afogada em leite
espera por ela
E oferece-lhe água antes do vinho, e não
olhes para as perdizes gémeas a dormir sobre o seu peito
e espera por ela
E toca-lhe a mão devagarinho quando
pousa o copo sobre o mármore
como se lhe levasses orvalho
e espera por ela
Fala com ela como uma flauta
com a corda assustada de um violino
como se fôsseis os dois testemunhas do que o amanhã vos prepara
e espera por ela
Ilumina-lhe a noite anel por anel
e espera por ela
até que a noite te diga:
não ficaram senão vós dois no mundo
Portanto leva-a com cuidado para a tua morte desejada
e espera por ela
Mahmûd Darwîsh
Tradução: André Simões
سوطرا
بكأس الشراب المرصَّع باللازوردِ
انتظرْها ,
على بركة الماء حول المساء وزَهْر الكُولُونيا انتظرْها ,
بذَوْقِ الأمير الرفيع البديع
انتظرْها ,
بسبعِ وسائدَ مَحْشُوَّةٍ بالسحابِ الخفيفِ
انتظْرها ,
بنار البَخُور النسائِّي ملءَ المكانِ
انتظْرها ,
برائحة الصَّنْدَلِ الَّذكَريَّةِ حول ظُهُور الخيولِ
انتظْرها ,
ولا تتعجَّلْ , فإن أقبلَتْ بعد موعدها
فانتظْرها ,
وإن أقبلتْ قبل موعدها
فانتظْرها ,
ولا تُجفِل الطيرَ فوق جدائلها
وانتظْرها ,
لتجلس مرتاحةً كالحديقة في أَوْجِ زِينَتِها
وأَنتظْرها ,
لكي تتنفَّسَ هذا الهواء الغريبَ على قلبها
وانتظْرها ,
لترفع عن ساقها ثَوْبَها غيمةٌ غيمةٌ
وانتظْرها ,
وخُذْها إلى شرفة لترى قمراً غارقاً في الحليبِ
انتظْرها ,
وقَّدمْ لها الماءَ , قبل النبيذِ , ولا
تتطَّلعْ إلى تَوْأَمْي حَجَلٍ نائميْن على صدرها
وانتظْرها ,
ومُسَّ على مَهَل يَدَها عندما
تَضَعُ الكأسَ فوق الرخام
كأنَّكَ تحملُ عنها الندى
وانتظْرها ,
تحَّدثْ إليها كما يتحدَّثُ نايٌ
إلى وَتَرِ خائفٍ في الكمانِ
كأنكما شاهدانِ على ما يُعِدُّ غَدٌ لكما
وانتظْرها ,
ولَمِّع لها لَيْلَها خاتماً خاتماً
وانتظْرها ,
إلى أَن يقولَ لَكَ الليلُ :
لم يَبْقَ غيرُكُما في الوجودِ
فخُذْها , بِرِفْقٍ , إلى موتكَ المُشتْهَى
وانتظْرها ! ...
Publicada por André . أندراوس البرجي
Etiquetas: Mahmud Darwish - 1941-2008 Palestina
1 comentário:
Méon,
a tocante sensibilidade do poema é uma das características desta poesia...
Para todos os dias!!!!
Beijinho.
Enviar um comentário