12.3.10

REQUIEM POR UM PROFESSOR

Tirado da TSF:

«Professor que vivia mau ambiente na escola suicidou-se


Um professor que trabalhava numa escola em Sintra suicidou-se e deixou uma mensagem onde afirmava não suportar mais o mau comportamento dos estudantes.
O caso está, esta manhã, nas primeiras páginas dos jornais I e Público. O professor em causa deixou uma mensagem explicando porque decidiu pôr termo à vida.
As palavras foram encontradas no computador deste professor de uma escola de Fitares, em Sintra.
«Se o meu destino é sofrer, dando aulas a alunos que não me respeitam e me põem fora de mim, não tendo outras fontes de rendimentos, a única solução... apaziguadora... será o suicídio.»
A frase foi escrita em Novembro, no início de Fevereiro, o professor de música atirou-se ao Tejo, na ponte 25 de Abril.
O psicólogo que acompanhava o professor admite que este tinha «fragilidades» psicológicas que se terão agravado com a colocação na escola de Sintra e conflitos com um grupo de alunos do 9º ano.
Os jovens chamavam-lhe nomes, como «cão», «careca» e impediam o funcionamento das aulas.
Vários professores testemunharam a humilhação do colega, que de acordo com o jornal I, fez pelo menos 7 queixas escritas à direcção da escola de que não resultou qualquer processo disciplinar.
Uma familiar ouvida pelo jornal Público admite que o professor era uma pessoa “frágil” e “complicada”, mas garante que a escola ignorou os apelos para que se resolvessem os casos de indisciplina. »


Jornal PÚBLICO  de hoje, ainda a propósito do caso do menino da Mirandela:

«O pedopsiquiatra Pedro Monteiro insiste que a sociedade portuguesa deve abster-se de "crucificar seja quem for" e deve adoptar estratégias preventivas face ao aumento da violência nas escolas. "Os jovens não se podem continuar a relacionar nas escolas sem supervisão dos adultos. Muitas vezes são os próprios pais que não ajudam os professores a terem autoridade nas escolas", alerta o pedopsiquiatra. Ao defender que é fundamental um clima de disciplina e de amistosidade nas escolas, Pedro Monteiro salienta: "Os conselhos executivos e as associações de pais não se podem continuar a demitir de contribuir para um clima de mais dignidade entre os alunos". »


A minha opinião:

1 - Todos têm direito e acesso à Escola, o que não acontecia antigamente. O resultado perverso é que a Escola é frequentada por muita gente que só lá está porque é obrigada e isto é um problema muito sério. Se antigamente a frequência e o sucesso escolares garantiam emprego, agora isso já não acontece! Os jovens (e muitos pais) não vêem razão para andarem ali a queimar as pestanas... Resultado: não estudam nem deixam estudar!  

Acresce outro efeito perverso que se está avolumar: criou-se o Programa das Novas Oportunidades para adultos e um jovem com 17 anos pensa: daqui a meia dúzia de anos venho para a Escola e tiro o 9º ano na maior... e depois o 12º! Para que é que me ando a ralar agora?

2 - A Escola tem de encontrar NOVAS FORMAS de se organizar. Não pode partir do princípio de que todos os que a frequentam têm OS MESMOS direitos e deveres. Há escalas, gradações, funções.
Cada um tem um perfil que se deve articular com os restantes. Mas um aluno é um aluno. Um professor é um professor!

3 - Muito depende da sábia articulação dos diversos sectores da escola e isso compete a quem a dirige. Há que criar uma "cultura de escola", com vida própria e formas de interacção que permitam boa convivência, rigor nos comportamentos e exigência no aproveitamento escolar.
A criação de um clima de desconfiança, introduzido pelas actuais formas de avaliação dos professores, está a minar o clima de cooperação que deve prevalecer entre os professores.
O docente que se suicidou não terá encontrado entre os colegas e a Direcção da Escola a ajuda,  a acção concreta, necessários para circunscrever o problema e encontar soluções.
Não podemos voltar ao tempo em que cada professor entrava na sala e tinha de resolver os problemas SOZINHO!

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