Boa escrita de correcto tempero e paladar na confeção literária, e ingredientes de alta qualidade, a saber: sólida formação gastronómica, volúpia na degustação dos acepipes e vastos conhecimentos sobre a presença da arte culinária nos grandes livros e autores. Uma delícia!
Veja-se, para exemplo, o índice dos dois primeiros capítulos do livro citado:
CAPÍTULO I
ESCRITORES À MESA
Pratos e Tratos da Inquisição (António José da Silva)
Camilo e o Caldo Verde
Júlio César Machado
À Mesa d'05 Maias
Eça e o Bacalhau
A Propósito de um Jantar queirosiano
Cesário e a Fruta
A Comida d'Os Gatos.
A Fialhesca Ressurreição
Comendo com Teixeira-Gomes
Aquilino e as Batatas
CAPÍTULO II
MESA COM ESCRITOS
Da Bibliografia Culinária Portuguesa
Velhos Livros de Vetustos Manjares
No Bragal da Infanta
Bento da Maia
Albino Forjaz de Sampaio: um Centenário Esquecido
O Doce Nunca Amargou
Pantagruel de Luto
Um Cravo para Paulo Duarte
Da Terceira, a Primeira
Elogio de Maria de Lourdes Modesto
Associações de Gastrónomos
Da Critica Gastronómica
* José Quitério: jornalista desde 1973, fundou a secção de gastronomia do semanário Expresso e é director da colecção de gastronomia da Assírio & Alvim — "Coração, Cabeça e Estômago"
José Quitério acaba de ver o mérito premiado, com o seu livro "ESCRITORES À MESA ( e outros artistas)", na Assírio & Alvim.
E a notícia sublinha:
«O livro foi galardoado no Gourmand World Cookbook Awards 2010, na categoria de Melhor Livro de Literatura Gastronómica em Portugal. Com este prémio passa à fase seguinte, onde irá competir a nível internacional para o prémio The Best in the World. Os resultados serão anunciados, numa cerimónia a realizar em Paris, no dia 3 de Março de 2011.»
José Quitério é tenaz defensor da gastronomia portuguesa, falta-lhe paciência para as natas no bacalhau e outras invencionices de restauração manhosa. O mesmo acontecia com Fialho de Almeida, de quem fala a propósito de "A Comida d' Os Gatos" e que cita, no final do texto:
"O que é, segundo Fialho, um prato nacional? «Uma composição culinária rebelde a "escrita "dos manuais, característica inconfundível [...]. Transmite-se por tradição: os estrangeiros não sabem confeccioná-lo, mesmo naturalizados: tendo chegado até nós por processos lentos, e contraprovas de biliões de experimentadores, sucessivamente interessados em o fixar na sua forma irrepreensível resulta ser ele sempre uma coisa eminentemente sápida e sadia».«O prato nacional é, como romanceiro nacional um produto do génio colectivo: ninguém o inventou e inventaram--no todos: vem-se ao mundo chorando por ele, e quanto se deixa a pátria, lá longe, antes de pai e mãe, é a primeira coisa que lembra»."
E agora, se me dão licença, apago o computador e vou reler o capítulo "Louvor e simplificação de Gomes de Sá", uma lição de respeito pelo que é genuíno, uma denúncia de todas as mexerufadas culinárias que aparecem por aí com aquela designação.
4 comentários:
Méon
Não sou muito adepta de experimentos culinários, apenas curiosa .
Comer é uma arte e gosto de ler a respeito , saber dos sabores que vão à mesa.
Dos portugueses aquela trilogia inevitável: pão , azeite e vinho.
Azeites e vinhos são minhas escolhas inevitáveis principalmente o generoso vinho do Porto , uma delícia.
Isso sem citar os famosos pasteís de nata , muito conhecidos por aqui.
Há diversos pratos com nomes surreais rsrs que nao imagino do que se trata rs
Com tempo vou pesquisar José Quitério.
abraços Méon
É Tomarense claro...e antigo dono do Chico Elias onde os petiscos são únicos. Aqui por casa fala-se muito nele.
Beijinho e um bom 2011
Esqueci-me de dizer que gosto do novo visual!
Leio com muito gosto os textos do José Quitério, creio que um dos primeiros críticos de gastronomia/restauração, agora fiquei a conhecer as suas raízes gastronómicas...O Chico Elias em Tomar. Abençoada cozinha e forno de onde saem manjares sagrados como o Bacalhau com carne, ou as couves À D. Prior ou o espantoso Coelho na abóbora.
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