3.9.11

UMA DAS ÚLTIMAS ALDEIAS PALAFITAS DO TEJO



Situada no concelho de Apiarça, à beira Tejo, a aldeia palafita do Patacão é o último testemunho genuino dos pescadores avieiros do Tejo. Abandonada há cerca de 20 anos, esta aldeia de casebres de madeira resiste ainda, apesar das arremetidas das intempéries e da onda avassaladora da vegetação que quase a tinha engolido. Há cerca de um mês foi feito um grande trabalho de limpeza e pudemos vê-la hoje como já não a víamos há muito.







Debaixo de uma das casas resta ainda uma velha bateira, o característico barco dos avieiros






Da janela avista-se a "maracha" da margem, com seus choupos e salgueiros



E a seguir é o Tejo, o magestoso e largo rio Tejo... 




Memórias de um tempo ausente...
As famílias de pescadores, tão bem retratadas por Alves Redol no seu romance AVIEIROS
habitaram as margens do Tejo entre Vila Franca de Xira e Constância desde os finais do século XIX  até aos anos 80 do século XX. Vindos da perigosa labuta pesqueira das costas desabrigadas do Atlântico, estes pescadores encontraram no Tejo uma forma de sobrevivência menos dura. Inicialmente faziam dos seus barquitos a própria casa, que abrigavam à noite sob os ramos dos salgueiros. Mais tarde foram-se fixando nas margens, em barracos de madeira sustentadas em pilares, o que lhes permitia resistir às frequentes "cheias" do Tejo que alagavam as margens e se espraiavam num imenso lago pelos campos entre a Golegã e Santarém. 
Destes avieiros pouco resta hoje, a não ser a memória dos lugares onde habitaram e os testemunhos que têm vindo a ser recolhidos por muitos investigadores, num movimento tendente a propor a Cultura Avieira a Património Nacional.


[Fotos © Méon]

6 comentários:

encantos disse...

excl. reportagem completa a 'uma grande região'e a um património que se apaga lentamente.Um abraço.

Lilá(s) disse...

A reportagem está tão bem feita que me senti como se tivesse estado lá!!! parabéns.
Bjs

Joaquim Moedas Duarte disse...

Obrigado, amigos!
Abraço

avelino leite araujo disse...

Grande Reportagem. Fiquei com vontade de lá ir. E que fotos!
Fiquei com vontade de lá ir.
Obrigado
Abraço

ana maria disse...

Mas então... primeiro é "UMA das últimas aldeias". Depois é "o ÚLTIMO testemunho genuino dos pescadores avieiros do Tejo". É mais um ou é o último? Em que ficamos?

Joaquim Moedas Duarte disse...

A Ana Maria está baralhada e a culpa é minha, ok. Eu devia de ter explicado melhor.
Vou tentar:

Por meados do séc. XX havia várias aldeias avieiras nas margens do Tejo, entre Constância e Vila Franca de Xira. Desde os anos 70/80 desse século, pouco a pouco, foram abandonadas, algumas desapareceram por completo, outras foram encontrando outro tipo de habitantes, que as tornaram em lugar de veraneio - caso da Palhota ( Valada, Cartaxo), Escaroupim (Salvaterra de Magos) ou ainda as Caneiras, perto de Santarém. Perderam-se as características de aldeia palafita de pescadores do rio. Que eu saiba, só a aldeia do Patacão, com dois núcleos, se manteve inalterada até mais tarde. Daí a sua genuinidade. O núcleo maior que as fotos mostram está como os pescadores o deixaram, há mais ou menos duas décadas e é, de facto, o último testemunho de uma comunidade com identidade própria. E é, também, no conjunto da população avieira, um dos últimos testemunhos, a par das já citadas aldeias e de outras como o Porto das Mulheres ou o Mouchão de S. Brás, no concelho da Chamusca.

Desculpe se não fui mais claro. Nem sempre tenho tempo e engenho para ser mais rigoroso e correto nos apontamentos que vou deixando por aqui...
Volte sempre, critique, comente... Eu agradeço.