6.3.12

MISTÉRIO





«Agora me lembrei de que houve um tempo em que para me esquentar o espírito eu rezava: o movimento é espírito. A reza era um meio de mudamente e escondido de todos atingir-me a mim mesmo. Quando rezava conseguia um oco de alma - e esse oco é o tudo que posso eu jamais ter. Mais do que isso, nada. Mas o vazio tem o valor e a semelhança do pleno. Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim é resposta a meu - a meu mistério.»
[Clarice Lispector , A Hora da Estrela, ed. Relógio d' Água, 2002]

Silêncio e alguma escuridão. Acreditar que há portas sem trincos.
Em todos os poemas há uma ausência feliz.

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