25.9.08

CARETA, EU?


OS DIREITOS DE CADA UM



Parece que estamos todos de acordo: os meus direitos acabam onde começam os dos outros: Por isso foi tão bem aceite a lei do tabaco, inicialmente contestada por alguns. Quem fuma, tem esse direito. Quem não fuma, tem o direito de exigir que o fumo dos outros não o incomode. A assimilação natural desta lei mostra que, afinal, até há sentido cívico entre os portugueses.
Mas hoje falo de ruído. Barulho. Decibéis. E digo ao que venho.


Moro junto ao Parque da Várzea, lugar privilegiado pela beleza do sítio. Espaços verdes, árvores, famílias a gozarem o sol… Também estamos de acordo: Torre Vedras transfigurou-se depois da abertura deste Parque.
Mas acontece que este espaço está a ser muito procurado para eventos: provas desportivas, comemorações, festejos disto e daquilo, música, ginástica dançante, actividades de animação…etc. Hoje, por exemplo, é uma estação privada de televisão a fazer propaganda, que promete durar cinco dias.


Tudo estaria muito certo se o ruído se limitasse ao espaço onde as coisas acontecem. Mas não. Os organizadores entendem que toda a população à volta deve ficar muito animada e contente a ouvir a voz dos locutores e a música que com eles vai alternando. Tudo muito alto, de modo a ouvir-se do Barro até ao Varatojo, passando por todos os moradores das ruas adjacentes.
Mesmo a actividade física organizada pela Câmara Municipal padeceu desse sintoma. É certo que há pessoas que gostam de lá ir dançar ao som dos gritos dos monitores, ritmados pelas batidas de uma música repetitivamente agressiva. Se gostam, óptimo. Que tenham muito prazer nisso. Mas quem não gosta? Observei algumas vezes que havia pessoas junto ao palco a seguir as indicações dos monitores. Mas havia muitas mais que faziam actividade física por sua conta e que eram “obrigadas” a gramar com uma barulheira que lhes tirava todo o prazer de desfrutarem a calma daquele lugar tão bonito.


E cá voltamos á questão dos limites: o direito de fazer ruído em espaço público não pode colidir com o direito dos que não querem ouvir.
Como é que isso se resolve? Muito simplesmente: reduzindo o volume de som para que fique confinado ao espaço dos que querem usufruir o direito de ouvir locutores de provas desportivas, ou monitores de ginástica, ou concertos de música, ou seja lá o que for. O direito dos outros ao silêncio, ou ao sossego, ficará também garantido.


Isto não é difícil de entender. A não ser por alguns responsáveis que, de tão convencidos que os seus eventos são de suma importância, acham que é careta todo aquele que não os aprecia. Esquecem o que a maioria de todos nós já pratica: o direito de uns não pode desrespeitar o direito dos outros.
, 13/01/2006

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