Da Ana Paula e seu PAUL DOS PATUDOS vêm estes poemas de João Moita, um jovem de Alpiarça que merece uma ampliação de voz. Com um abraço conterrâneo!
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Não é como se a mão hesitasse no gesto fundador.
O movimento espera que um astro se incendeie
em todos os tendões
para que nenhuma palavra seja o frio nexo da loucura
ou o vento soprado como sangue.
Uma pedra sobre a boca pode ser o único sustento
para essa fome.
Mas a mão que escreve avança como faca
arrancando à garganta o seu êxtase carbonizado.
A violência é a religião de Deus.
XVI
De cada vez que um de nós morre
há uma faca apontada às jugulares:
o silêncio como mantimento.
A morte equilibra-se em nossos corações
com o deslumbramento.
Há-de haver um corpo que transite de alma em alma
e em cujos olhos se alumie a força brutal da mesma vida.
Há-de haver uma voz desvairada que se derrame como napalm
sobre a noite que nos envolve.
Por agora não sei como tocar a distância de onde nos falam.
Autor: João Moita
in : " O Vento Soprado como Sangue"
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