Da nova geração da poesia portuguesa, Maria do Rosário Pedreira não se distingue pelas ousadias formais da linguagem ou pelas metáforas surpreendentes de sentidos ambíguos.
Do que gosto é da sua forma de dizer os sentimentos banais, de tal forma que parecem únicos e nunca vividos por ninguém.
Como aqui, por exemplo:
Diz-me o teu nome - agora, que perdi
quase tudo, um nome pode ser o princípio
de alguma coisa. Escreve-o na minha mão
com os teus dedos - como as poeiras se
escrevem, irrequietas, nos caminhos e os
lobos mancham o lençol da neve com os
sinais da sua fome. Sopra-mo no ouvido,
como a levares as palavras de um livro para
dentro de outro - assim conquista o vento
o tímpano das grutas e entra o bafo do verão
na casa fria. E, antes de partires, pousa-o
nos meus lábios devagar: é um poema
açucarado que se derrete na boca e arde
como a primeira menta da infância.
Ninguém esquece um corpo que teve
nos braços um segundo - um nome sim.
quase tudo, um nome pode ser o princípio
de alguma coisa. Escreve-o na minha mão
com os teus dedos - como as poeiras se
escrevem, irrequietas, nos caminhos e os
lobos mancham o lençol da neve com os
sinais da sua fome. Sopra-mo no ouvido,
como a levares as palavras de um livro para
dentro de outro - assim conquista o vento
o tímpano das grutas e entra o bafo do verão
na casa fria. E, antes de partires, pousa-o
nos meus lábios devagar: é um poema
açucarado que se derrete na boca e arde
como a primeira menta da infância.
Ninguém esquece um corpo que teve
nos braços um segundo - um nome sim.
Maria do Rosário Pedreira
4 comentários:
Méon,
Poeta das palavras e do sentir...
Que bela escolha!!!
Beijinho.
Bem escolhido, ela promete.
Bjs
Gosto de ler Maria do Rosário .Pena que nem sempre encontro suas poesias nas livrarias , mas contento-me aqui pela internet.
abraços Méon
Temos Poeta! Que bonitos versos! Procurarei ler mais.
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