Acabei ontem "O FANTASMA SAI DE CENA", de Philipe Roth (Dom Quixote, 2008).
Gostei. Senti-me agarrado ao destino daquele "eu", narrador, 71 anos, sobrevivente de cancro da próstata e com as sequelas previsíveis - incontinência e impotência - , refugiado no cinismo manso de quem sente que a linha está achegar ao fim. Como a vida continua e por cada um que tomba na cova há outro que emerge para a vida - as circunstâncias alteram os dados e aquele narrador debate-se de novo com o apelo da vida: o desejo, a nostalgia dos sentimentos arrebatadores e dos actos irreflectidos.
Acresce que o narrador é um escritor consagrado e nós sentimo-nos tentados a identificá-lo com o próprio autor. E enredamo-nos nas tais circunstâncias que alteram o seu quotidiano: o regresso à grande cidade e às novidades tecnológicas, o reencontro com duas mulheres que habitaram outrora nos seus olhos, um jovem ambiciosamente inocente ( ou talvez não...), uma encruzilhada sem sinais de trânsito...
Durante anos resisti a entrar na onda do Roth, parecia-me mais um da moda.
Agora apetece-me mergulhar já na próxima: "A MANCHA HUMANA".
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