Assim se vê como sou um dos muitos que se deixam embalar pelas conversas da treta ( agora é o Mourinho...)e perdem o essencial.
Busco, meio envergonhado. Quem é este tipo?
E logo encontro. Manancial literário, talento desmedido, um grande continente a explorar!
Cá vou eu! Posso começar pelo próprio site do escritor, AQUI.
Como posso ir à biografia escrita por Glauber da Rocha, AQUI: Deixo o começo...
«Ferreira Gullar nasceu no dia 10 de Setembro de 1930, no Maranhão. Filho de Alzira Ribeiro Goulart e de Newton Ferreira, figura esta constante em seus poemas. Começou a fazer poesias aos 13 anos de idade, e aos 15 decide seguir a carreira de poeta e escritor, publicando neste mesmo ano o seu primeiro poema: “O trabalho”. Aos dezenove, publica seu primeiro livro: “Um pouco acima do chão”, o qual ele vem a renegar tempos depois.
Ferreira Gullar teve vários empregos. Trabalhou como locutor na “Rádio Timbira” onde foi demitido ao recusar ler uma nota oficial que apontava os comunistas como os responsáveis pela morte de um operário num comício, morto por policiais – na ocasião, Ferreira Gullar estava presente, presenciando o assassinato. Neste mesmo ano, participa do concurso de poesias do “Jornal de Letras”, que teve Manoel Bandeira como um dos jurados. A sua poesia “O galo” sai vencedora.» ...
E depois vou à poesia ( publicada em Portugal pela extinta editora "Quasi")
NÃO HÁ VAGAS
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas"
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira
Ferreira Gullar
1 comentário:
Fazes muito bem publicitar este merecido Prémio Camões a um Poeta que nunca desprezou as suas origens populares e é um cidadão íntegro. Manue Bandeira, Drumond de Andrade, ele próprio: que grandes e «simples» poetas!
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