FOTOS MÉON
Deambular pelo morro do Castelo, aqui em Torres Vedras, é outro dos meus vícios. Tenho bons antecedentes. Fernão Lopes admirou-se com a "formosa mota" sobre que ele assenta. E D. João I porfiou por conqusitá-lo ao alcaide João Duque que levantara voz por Castela, antes de ir para Coimbra onde seria aclamado rei, em 1385.
Pelas ruelas estreitas, pelas encostas, parece ressoar ainda o tropel das gentes torrienses que rogaram ao novo rei que os deixasse segui-lo até Coimbra, como se relata no Cap. 158 da Crónica de Fernão Lopes. Júlio Vieira conta esse lance:
" Foi nesse momento que se deu a cena mais comovente que a história de Torres Vedras regista. O povo do arrabalde da vila e seus arredores, homens, mulheres e crianças, numa ânsia de liberdade e de horror pelos castelhanos, aos bandos, quis acompanhar o Mestre nos seus destinos, a caminho de Coimbra."
E mais adiante:
"E até um cego do arrabalde, em altos gritos, rogava que o não deixassem ficar em companhia de tão má gente, do que se condoeu Nun'Álvares e o mandou pôr nas ancas da mula que cavalgava.
Era então patético ver como pobres e famintos, rotos e esfarrapados, tudo marchava por essas estradas fora, sob as asas protectoras do exército daquele a quem o povo já queria como a seu Rei, acompanhando-o até à sua eleição em Coimbra." (Júlio Vieira, TORRES VEDRAS ANTIGA E MODERNA, 1926, P. 62/63).
Vivemos hoje tempos de multidões desesperadas em fúria, e a evocação de tantos sofrimentos passados parece dar razão às amargas palavras de Raul Brandão: " A História é dor".
3 comentários:
Um pouco de história, com o Castelo e arredores em destaque....Gostei
Abraço
Méon,
deambulações...olhares...e uma memória colectiva a partilhar-se!!!!
E cada olhar é um novo castelo a alcançar...
Beijinho.
Gostei da história e da reportagem fotográfica, e que azul estava o céu!
Bjs
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