Gosto de entrar pela manhã com uma pequena mochila às costas e experimentar caminhos e veredas pelos arredores de Torres Vedras. Desta vez fui para Nascente, para as encostas que ficam por trás do Bairro Vila Morena. O ponto de referência é o Moinho do Gaio. O guia foi o C.N., amigo de longa data e que por aqui anda muitas vezes.
Em duas horas andei cerca de 8 km, parando para tirar fotografias ou contemplar uma paisagem. E houve tempo para molhar os pés na Fonte dos Coxos, um caudal de água que sobra do lençol freático das Termas dos Cucos e corre para o Sizandro.
Diz-me o meu acompanhante que estas encostas eram todas cultivadas há cerca de 40 anos. Restam vestígios bem visíveis: muros de pedra, caminhos empedrados nas zonas de declive e ruínas de casas agrícolas.
O que se vê ao longe é Matacães. Há neblinas sobre Runa.
Lá está o glorioso Moinho do Gaio, o tal que, há uns anos atrás, um autarca mandou demolir porque "estava em ruínas e ameaçava a segurança pública" - uma das anedotas mais tristemente cómicas da nossa política local. De tal modo que a vereação restante, perante o clamor público, se viu obrigada a mandar construir um novo moinho, aquele que ali está...
O estradão foi descendo em direcção ao Rio Sizandro e à auto-estrada A8. Passámos debaixo dela e encontrámos a linha férrea do Oeste, um pouco antes dos três túneis. Vamos seguir pela vereda que leva às Termas dos Cucos.
Rio Sizandro! Duvido que aqui vivam peixes...
Azenha da Boiaca e represa de alimentação. Mais à frente está a Azenha do Cabaço, que ainda funcionava no início dos anos 80 do séc. XX. Dessa não tenho foto, é uma ruína entre silvas.
Vamos andando... A passarada cantava em volta, cheirava a erva e a carrasco.
Inesperadamente, um antigo forno de cal, coberto de vegetação. Passaria por ele sem o ver se o CN não me avisasse. Impressionante trabalho de pedra. Isto é Património!
Mais umas centenas de metros e chegamos às Termas dos Cucos.
Entre os Cucos e a cidade, o rio Sizandro corre entre margens consolidadas por betão, uma obra de regularização do rio que veio na sequência das catrastóficas cheias de 1983. Ali está a tal Fonte dos Coxos, vista de cima. Para a fotografar de frente eu teria de me meter dentro do rio... Livra!
Agora a vereda é estreita, por entre vegetação densa. Mais duzentos metros e avistamos a estação da CP. Estamos de novo na cidade. Já não me apeteceu tirar mais fotos...
6 comentários:
As fotos são excelentes.Parabéns prof. Moedas. Obrigada por partilhar.
Manuela Reis:
Obrigado pela visita
Bj
Uma caminhada que gostaria de fazer companhia Méon
Lindos trechos e vegetação que vamos descobrindo e nos surpreendendo.
Pra mim nada mais gostoso ...estar no campo.
abraço
Relembrei estes caminhos, após tantos anos, ao olhar estas imagens. Muito obrigado. Nasci na pequena aldeia Louriceira. Naquela época eu acompanhava ora a minha avó, ora o meu avô. Sempre a pé. Quer fossem trabalhar nos campos, quer fossem ao mercado a Torres Vedras. Passei, inúmeras vezes dentro desses túneis e foram muitas as vezes em que o comboio nos apanhava lá dentro. aquela azenha ainda lembro bem, viver lá uma família. Os nomes não sei, mas a minha avó parava sempre para os cumprimentar. Enfim, histórias e memórias de um tempo que eu não esqueço, apesar de viver no Canadá. Bem haja pelo seu artigo.
O=brigado pela visita que fez a este blogue.
Pressinto a sua emoção ao recordar velhos caminhos que palmilhou na infância.
Fico feliz por lhe ter proporcionado estas recordações.
Desejo-lhe muitas felicidades, a si e aos seus, por terras tão longínquas.
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