20.5.10

GASTAMOS TODOS ACIMA DAS NOSSAS POSSES!??





Foi ontem divulgado um estudo que mostra que Portugal é o 10 º país do mundo do futebol relativamente ao número de espectadores nos estádios. Outro dado: a esmagadora maioria desses espectadores concentra-se nos jogos do Benfica, Porto e Sporting.
Ouvi isto na rádio, não pude anotar os dados certos. Mas sei que se tratava de um estudo feito a nível universitário.
Isto vem ao encontro do que venho sentindo há muito tempo: o futebol é um dos cancros económicos do nosso país e nenhum político tem coragem para o denunciar. Sendo certo que o futebol cria muitos postos de trabalho - de que os jogadores são a ínfima parte - há uma enorme desequilíbrio entre as receitas e as depesas que não pode deixar de se reflectir na nossa balança de pagamentos. Veja-se o caso da equipa campeã deste ano. Praticamente só três ou quatro jogadores de topo são portugueses.  (Por isso nunca uma equipa campeã teve tão poucos jogadores seus na selecção nacional: só um!) Isto significa uma sangria mensal de milhares de euros que vão directamente dos bolsos dos assistentes aos jogos para as contas bancárias dos jogadores internacionais, mais os seus empresários e mais os clubes que ainda detêm parte dos direitos de uso dos jogadores ( o chamado "passe").
Com as outras equipas passa-se o mesmo. O Sporting, como se encolheu nestes gastos, teve a consequência de ter ficado para trás.

Quando se diz que "os portugueses gastam acima das suas posses", de que se está a falar? Daqueles (muitos!) que mal têm para comer? Dos reformados de 300 €? Dos desempregados sem subsídios?
Porque é que os políticos não dizem a verdade, apontando tantos exemplos de esbanjamento?

Se "estamos" assim tão pobres, então não se peça ao pobre que em vez de gastar dez euros no supermercado gaste apenas oito.
Corte-se onde os gastos são luxuosos. Por exemplo:

- a importação de carros de topo de gama, que passam por mim todos os dias...
- as contratações milionárias no desporto ( e não só no futebol), para fazermos figura...
- a importação diária de milhares de toneladas de alimentos não essenciais e que "tapam" os que existem em Portugal (ou deviam ser incentivados!): ontem no supermercado vi melões do Panamá, bananas do Equador, uvas da África do Sul, laranjas de Espanha...
- a construção de mansões de luxo, com equipamentos caríssimos, todos importados, (que vejo nas páginas das revistas da moda quando estou na fila da caixa registadora...)
- o comércio de telemóveis, onde campeia o mais desbragado consumismo, incentivado nas camadas mais jovens. Aos fins de semana as lojas dessa tralha estão sempre cheias...
- a construção de equipamentos sociais caríssimos, ( creches, juntas de freguesia, centros culturais, auditórios...) em detrimento de tipologias mais baratas...
- Os ganhos dos gestores de topo, que para além dos milhares de euros em vencimentos e prémios, têm todo um conjunto de mordomias de que nem sonhamos o montante...
- as reformas acumuladas por muitos, a começar no Presidente da República...
Etc... Etc...

Irrita-me cada vez mais a conversa do "gastamos acima das nossas posses", ( como ontem o Presidente da Caixa Geral de Depósitos, mais um a ganhar escandalosamente mas muito lesto em exigir poupanças aos outros...), sem que se definam em concreto esses gastos.
Mas essa gente pensa que nós somos tótós?

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