João L. Costa, "O velho, o rapaz e o burro"
No meio do café barulhento , debruçado
sobre a mesa , um velho está sentado;
com um jornal à sua frente , sem companhia
E no desdém de sua velhice mísera de agora
pensa quão pouco aproveitou os anos de outrora
em que tinha fluência, e beleza , e energia .
Percebe que envelheceu muito ; sente, conhece.
Econtudo o tempo em que era jovem lhe parece
ontem . Como o tempo passa , como o tempo passa !
E
E pensa em como a Prudência o enganou;
ecomo - que loucura ! - sempre lhe acreditou
quando dizia; "Amanhã . Há tempo ." - Que trapaça !
e
Lembra ímpetos que segurou; felicidade ,
quanta sacrificou. Cada oportunidade
perdida deseu saber insensato graceja .
perdida de
Mas de tanto refletir e recordar
ovelho tonteou. E agora dorme a sonhar
nocafé recostado sobre a mesa.
o
no
Konstantinus Kavafis
(1897)
1 comentário:
Tão triste perceber que a vida passou e não demos por isso. Gosto muito de Konstantinus Kavafis.
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