22.8.17

NOSTALGIA

Visitei há dias a velha casa. Se bem se recordam, recordei-a há  meses atrás, aqui.
Meus pais venderam-na em 1980, quando decidiram viver os últimos anos das suas vidas em Torres Vedras, perto dos filhos.
Os novos donos lá habitaram e fizeram algumas obras. Quando morreram, os filhos que já tinham as suas próprias moradas, deixaram aquela casa ao abandono. Até agora, quando decidiram pô-la à venda.
Não tinha qualquer intenção de a comprar mas roía-me a curiosidade de a ver de novo. De facto, nunca mais lá entrara. Telefonei aos vendedores e combinámos encontro.  Acompanhavam-me os filhos e netos, desejosos de conhecerem o lugar das suas raízes.
Como encontrar as palavras certas para descrever a decepção e o desgosto perante o que vi?










Salva-se a fachada principal que tem uma data na empena: 1937.




Este era o pátio que minha mãe caiava todos os anos pela Primavera:



Hoje está assim:


Alguém a comprará e deitará abaixo. Pelo que observei, todo o conjunto está em ruínas e não tem estrutura que possa ser recuperada.

Como cantava Leo Ferré:


Avec le temps, va, tout s'en va

On oublie le visage et l'on oublie la voix

Le coeur, quand ça bat plus, c'est pas la peine d'aller

Chercher plus loin, faut laisser faire et c'est très bien