29.6.09

FEIRA DE S. PEDRO



É preciso acreditar...
E os resultados estão à vista: aparecemos, estamos presentes, as pessoas olham, algumas vêem... Não trazemos nenhuma "mensagem redentora". Estamos ali para recordar que uma sociedade sem memória colectiva é uma sociedade vegetativa.
Todos somos Homens e deixamos marcas de vida.
Nós, Associação de Defesa do Património, procuramos ligar gerações, fazer pontes entre tempos históricos distintos.
E acreditamos que isso é importante!

27.6.09

ENFEIRAR...






...Não como comprador mas como... "feirante","expositor"...

A Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras decidiu estar na Feira de S. Pedro. Modo de lembrar que existe há 30 anos, passados no terreno, a "defender e a divulgar" o nosso património.

Aqui fica o convite. Venham ver-nos e aproveitem para refeiçoar na Feira: há muitas tasquinhas com boas petisqueiras...


26.6.09

TRISTE PRODUTO...


Na minha opinião pesoal, não foi um "produtor" de cultura: foi, sim, o "produto" de uma cultura decadente, baseada no sucesso a todo o custo, na massificação, na promoção de vendas, na procura de padrões estereotipados de "moda".

Sendo sincero com o que sinto, terei de dizer que não vou ter saudades de Michel Jackson...

23.6.09

PARA ONDE VAMOS?




«A indiferença é feroz. Constitui o partido mais activo e sem dúvida o mais poderoso. Permite todas as arbitrariedades, os desvios mais funestos e mais sórdidos. Este século é um trágico testemunho disso.
Obter a indiferença geral representa, para um sistema, uma vitória maior que qualquer adesão parcial, ainda que considerável. E é, de facto, a indiferença que permite as adesões maciças a certos regimes; das consequências sabemos nós.»
Do livro O HORROR ECONÒMICO, de Viviane Forrester, Lisboa, Ed. Terramar, 1997.


«A indiferença tem um poder devastador. Ela é a companheira doentia do dominador e opressor, também dos que preferem as desigualdades, a violência, o ódio e a morte. Os indiferentes, de uma forma ou de outra, ferem, rejeitam, excluem, matam. Está correcta a conclusão: o contrário do amor não é o ódio, mas a indiferença.» ( Guilherme Lieven)

21.6.09

NOSTALGIAS...Almir Sater -2

Acordar com uma canção na cabeça... Esta, por exemplo...

DORMIR A SESTA




Deixei de me sentir "culpado": a sesta é uma boa prática!
Diminui os riscos de doença cardíaca e de acidentes de trabalho, aumenta a produtividade e está de acordo com a mãe-natureza: ao que parece só as formigas não dormem a sesta.
Dormir a sesta não é uma alentejanice: é uma necessidade absoluta quando o ambiente sobe aos trinta e muitos graus - percebi-o bem quando trabalhei um ano em Beja e quando fiz os meses de Verão no Regimento de Infantaria 16 em Évora.

Dormir a sesta não é sinal de preguiça: o corpo tem ritmos semelhantes aos das marés. Períodos de enchente, períodos de vazão. A sesta é uma paragem para mudar o ritmo.

O jornal "i", no suplemento de há uma semana, explica tudo. Na falta do jornal, podemos ir ao site da



Ontem, dia 20 de Junho, até houve uma Conferência Nacional da Sesta, em Avis! Confirmem AQUI...


Ahhhhhhh!.....

18.6.09

SABEDORIA

Baltasar Gracián(1601-1658):

«Abri os meus olhos quando já não havia mais nada para ver. É sempre isso que acontece.»

«Uma enorme multidão, poucas pessoas.»

17.6.09

IMAGENS DO MEU OLHAR - VALE DE SANTARÉM

Quinta de Santo António







Vindos de Valada pela "estrada do campo" deparamos com a Quinta de Santo António. Ah!...
Pela construção pareceu-me ser dos anos 20 ou 30 do século passado, talvez reconstrução de edifício anterior. Até porque está inserida numa vasta propriedade agrícola.
Achei curiosa a grande torre que domina a casa - e os campos em redor - símbolo de poder do grande proprietário. Lá de cima, ele impunha a sua presença e vigiava os servos da gleba, como tão bem retratou Alves Redol no romance, hoje quase esquecido, "Barranco de Cegos".
Limitei-me a guardar imagens. Sobre a quinta, mais não sei... Até porque "quintas de Santo António", deve haver mais de trinta em Portugal...
Fotos © Méon

15.6.09

IMAGENS DO MEU OLHAR - RIBATEJO

No Vale de Santarém (esse mesmo, o da Joaninha das Viagens na Minha Terra), à direita da estrada nacional que vem do Cartaxo em direcção a Santarém, há uma indicação de desvio para Valada. Alguns quilómetros adiante encontramos esta Quinta.


Restaurada há poucos anos, o proprietário tenta agora rentabilizar a vinha e a cultura do tomate.





Da antiga quinta conservam-se alguns equipamentos que ainda hoje impressionam pela grandeza e funcionalidade. É o caso deste imponente poço de nora. Foi construído num plano mais alto para garantir uma boa tiragem de água. O engenho da nora já não existe, mas conservam-se os tanques para onde ia a água e de onde se fazia a sua distribuição para os campos em volta.


De longe parece uma casa. Subimos a escada de acesso que dá para o poço. A cobertura protegia do calor intenso os animais que faziam rodar a nora durante muitas horas.




Os tanques...

Do varandim avistam-se os férteis campos que o poço regava, e a casa de habitação da quinta.


Para saber mais sobre esta Quinta, clicar AQUI
Fotos © Méon

13.6.09

13 DE JUNHO


Dia da "tua Lisboa"...




Vasco Santana: morreu em 13 de Junho de 1958



Hermínia Silva: deixou-nos há seis anos, também num dia 13 de Junho.




12.6.09

IMAGENS DO MEU OLHAR

À entrada da Azambuja, para quem vem de sul, há uma rotunda. Uma placa aponta para a direita com indicação de monumento. Lá fui.
Um viaduto transpõe a Linha do Norte, passa-se uma instalação industrial e depois, quase de repente, estamos no imenso campo da borda d'água. A estrada alcatroada convida a prosseguir. Poucos kms adiante há um desvio para a direita. Acaba o alcatrão mas o piso é bom. Dois ou três kms depois encontramos aquele que seria um entreposto com estalagem, à beira da Vala Real da Azambuja, (clicar) uma via de comunicação do tempo do Marquês de Pombal.
Agora é preciso desfrutar o lugar...


Ruínas do "palácio"

O caminho para a zona do palácio e embarcadouro.





A margem... A "vala" ( rio artificial)
Há silêncio. Há vestígios de uma vida antigaque parou. Mas também há campos cultivados, a perder de vista.
Pedaços menos conhecidos do meu país, imagens do meu olhar...

9.6.09

EU SÓ QUERIA PERCEBER...


Sim, eu só queria perceber qual a lógica dos partidos que temos quando usam os resultados eleitorais.
Olho para os números e vejo que a abstenção foi de 63%. Quer dizer que os votantes foram 37%.
Em cada 100 portugueses só votaram 37! Nem metade, portanto. Muito longe disso.
67 pessoas ( em cada 100) ficaram em casa, recusaram-se a ir às assembleias eleitorais.
Qualquer partido democraticamente responsável deveria partir daqui para uma reflexão urgente: PORQUÊ esta atitude de não participação no acto eleitoral?

Mas não! Lá dizem umas palavras convencionais de lamento pelo elevado número de abstenções e logo a seguir passam ao ataque, arvorando-se em vencedores, em profetas iluminados pela sua verdade.
Vejam-se só estes exemplos, por mais gritantes:
O PSD teve 31,69% dos votos expressos: 31% de 37%! Mas considera-se um vencedor! Engrossa a voz, define os parâmetros da governação, emite juízos definitivos e irrevogáveis.

A CDU teve 10,66% de 37%. Mas considera-se vencedora! Fala dos "trabalhadores e do povo" como se ela fosse a única representante de uma massa esmagadora de explorados e oprimidos, pronta a levar o país para o paraíso onde "nunca mais haverá exploradores" nem "grande capital". Mais: ignora ostensivamente outra força política da sua área, que até teve mais votos, como se não falar do BE fosse a maneira de destruir a sua existência.


Quem defende a democracia pluralista preocupa-se necessariamente com esta abstenção. Tenta perceber a sua razão. Porque ela, na sua expressão tão elevada, não significa indiferença, comodismo, ignorância. Acho que significa muito mais:
É UMA ATITUDE! É uma mensagem aos políticos: «não alinhamos nas vossas encenações, nos vossos jogos de poder, nas vossas análises simplistas e unilaterais, no vosso autismo partidário.»
Se juntarmos aos abstencionistas os mais de 100 mil votos nulos e em branco; e os mais de 10% dos que, votando, o fizeram nos pequenos partidos, o que é que temos? Uma realdade bem diferente da que nos mostram estes nossos políticos.
Teremos de concluir que padecem de cegueira política?
Se sofrem dessa doença, só temo que seja incurável. Porque é da História: é dela que nascem as ditaduras.

SE VÉNUS VOLTASSE


Textos inesquecíveis:

«Eliminámos o amor. Levou-nos muito tempo, mas o homem tem muitos recursos e a sua inventiva é ilimitada também, e assim a gente viu-se enfim livre do amor como nos vimos livres do Cristo. Temos a telefonia em lugar da voz de Deus, e em vez de pouparmos a moeda das emoções durante meses e anos para merecermos uma oportunidade de gastá-la toda em amor, dissipamos isso em moeda miúda e titilamo-nos diante dos jornais, a cada esquina, como com pastilhas elásticas e chocolates das máquinas automáticas. Se Jesus hoje voltasse, teríamos de crucificá-lo depressa em defesa própria, para justificarmos e preservarmos a civilização que desenvolvemos e sofremos e morremos, guinchando e praguejando de raiva e de impotência e de terror, em dois mil anos de a criarmos e aperfeiçoarmos à imagem do homem.; se Vénus voltasse, seria um homem sórdido, numa retrete de metropolitano, com a palma da mão cheia de postais obscenos... - McCord voltou-se na cadeira e fez um gesto violento e reprimido. O criado apareceu, McCord apontou para o seu copo. A mão do criado veio repor o copo cheio na mesa, e retirou-se.»

(Palmeiras Bravas, William Faulkner, trad. de Jorge de Sena)

7.6.09

O HOMEM É INTRINSECAMENTE BOM OU MAU?




Foi muito interessante a conversa de hoje com o meu filho João.

A questão era de saber se "o Hmem é intrinsecamente mau"

O pensamento de direita radical responde que "sim". O homem é um ser mau por natureza. Por isso há que impor políticas que o moderem, que o corrijam, que o obriguem a colocar a colectividade(a Nação) à frente do egoismo pessoal. Se necessário, através de uma ditadura e da eliminação de todos os adversários políticos. Em casos especiais há que eliminar os piores dos maus. Hitler fez isso com os judeus. E os homossexuais... e os ciganos...
Quem dirige essas políticas? Uma elite, definida por meios pouco claros.

O pensamento de esquerda radical responde "não". O homem é naturalmente bom, o que o faz mau são as relações de produção que criam exploradores e explorados. Se acabar este tipo de relações de produção, a sociedade entra num período radioso de vida. É nisto que acreditam. Falam do povo como Rousseau falava do "bom selvagem". O povo é bom por natureza, o mal é "o grande capital". Por isso, nos lugares em que chegaram ao poder os radicais de esquerda trataram de acabar com a exploração do homem pelo homem eliminando os exploradores. Na antiga URSS foram uns milhões... Na China também. E na Coreia do Norte...

Quer dizer: uns e outros partem da crença numa espécie de moral absoluta que divide o mundo entre bons e maus. Não nos importaríamos com estas crenças de tipo religioso se não conhecêssemos os seus resultados práticos. Por isso procuramos linhas de leitura da História humana que nos ajudem a perceber melhor a complexidade do mundo.

Como superação destas visões simplistas do mundo, recordámos Ortega Y Gasset que disse: "Eu sou eu e a minha circunstância".
Quer dizer: o homem não é bom ou mau por natureza, é o que é mediante as circunstâncias em que vive. Veja-se o caso dos judeus, perseguidos na Alemanha da 2ª Guerra Mundial e que são hoje perseguidores dos palestinianos.

Felizmente a vida tem uma diversidade e uma pluralidade tais que desmentem as experiências trágicas dos extremismos. Há que confiar nas leituras mais inteligentes da realidade, isto é, as que têm em conta todos os factores que a constituem.


DEPOIS DE MUITO REFLECTIR...



Concluí:
Temos de mudar!

Eça de Queirós tinha razão :
"Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão."

6.6.09

REFLECTIR ! REFLECTIR MUUUUIITO !!!!




Eu estava c0m dificuldade em reflectir. Afortunadamente encontrei este CANTIGUEIRO (clicar na palavra) e escangalhei-me a rriiiiiiiirrrrrr com o vídeo que lá está. Achei urgente partilhá-lo com os eventuais visitantes que passem à minha porta...

Boa reflexão!

5.6.09

"Escreve-se para respirar melhor, mas também para ajudar os outros a respirar melhor..."

Dito isto, Fernando Fabião meteu mais dois poemas no envelope e fez-me dádiva deles. Agradecer? Só partilhando...



OLHAR MUDO

Permaneço inavegável.

Aprendi que nem todos os vocábulos

são nomeáveis



alguns, guardo-os para uso íntimo

como um olhar mudo

junto à tua face.

4.6.09

IMPRESSÃO



Faz-me - e muita! - a convicção dos que têm campo político definido e atacam os outros do alto das suas certezas!
Olho em volta e vejo o mundo a afundar-se em poluição, excesso demográfico, desregulação económica, desemprego à escala mundial. Vejo o Planeta Terra exausto e com um futuro negro muito próximo. Vejo que o nosso paradigma de crescimento/desenvolvimento está completamente errado sem que se vejam alternativas viáveis.
Por isso observo, atónito, toda essa gente convicta da sua GRANDE VERDADE, que tenta impor aos outros a golpes de ironias, ataques pessoais, suspeições.
Irei votar, sim. Mas no silêncio da minha opção. Cada vez me apetece menos ir em procissões...

3.6.09

DESPROPORÇÃO INDECENTE



Cerca de 230 pessoas morrem num desastre de aviação ao largo do Atlântico.
Os telejornais noticiam durante 30 minutos. Nesse espaço de tempo morrem de fome centenas de pessoas no chamado Terceiro Mundo.
Haja sentido das proporções!

PRÉMIO CAMÕES PARA ARMÉNIO VIEIRA


Acabo de ler no site da revista LER:


O júri do Prémio Camões decidiu atribuir o galardão deste ano ao poeta cabo-verdiano Arménio Vieira.
Arménio Vieira, o primeiro cabo-verdiano a receber o Prémio Camões, nasceu na cidade da Praia, na Ilha de Santiago, Cabo Verde, em 24 de Janeiro de 1941. Além de escritor, é jornalista, com colaborações em publicações como o “Boletim de Cabo Verde”, a revista “Vértice”, de Coimbra, “Raízes”, “Ponto & Vírgula”, “Fragmentos” e “Sopinha de Alfabeto”. Arménio Vieira foi redactor no jornal “Voz di Povo”. O Prémio Camões, criado em 1988 pelos governos português e brasileiro, distingue todos os anos escritores dos países lusófonos. Notícia no
Público.

POEMAS de Arménio Vieira AQUI ou AQUI

2.6.09

PERPLEXIDADES


Pensei que era meu dever fazer um esforço de sistematização para fundamentar o meu voto no próximo domingo.
Para isso haveria que:
1- estudar os programas eleitorais
2 - avaliar a prestação dos respectivos eleitos no mandato anterior
3 - Ouvir o que dizem e escrevem os candidatos nos meios de comunicação social durante a campanha
4 - confrontar tudo isso com as apreciações que cada um faz dos outros


Tudo isso seria registado numa enorme folha de papel ou numa tabela no computador. Depois teria de ler, estudar, confrontar, comparar... E finalmente CONCLUIR!

Munido da minha conclusão, lá iria no dia 7 desenhar conscienciosamente o meu X.


Mas... tenho de confessar: só consegui concluir que esta era uma tarefa de tal modo gigantesca que nem sequer pus a hipótese de a começar.

Depois olhei para o lado e pensei: o Zé da croassanteria vai votar mas EU SEI QUE ELE NÃO VAI FAZER NENHUM ESTUDO SOBRE A QUESTÃO. E o Ti Francisco do talho, a mesma coisa. E a mulher dele também. E aqueles reformados que estão todos os dias no Largo da Havaneza a falar da vida de quem passa, muito menos!

E sei de muitos outros que já sabem em quem votar porque usam um "subjectivómetro": não gosto da cara do Rangel! O Sócrates lixou isto tudo! A Ilda só protesta! O Portas fala de tudo e não sabe nada! O Vital penteia-se demais e gesticula como um símio! O Miguel é sopinha de massa!


Tudo isto me faz sono! E insónia!

Talvez amanhã continue...

Boa noite!


1.6.09

EXERCÍCIO DE IMORTALIDADE

Rubem Alves:

"Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O Professor, assim, não morre jamais..."

A QUESTÃO DA AUTORIDADE NA ESCOLA


O texto já não é recente mas é - ainda! - muito actual.

AUTORIDADE DOS PROFESSORES

Diogo Pires Aurélio

Existe um certo pudor em pronunciar a palavra autoridade, mas ela vem irresistivelmente à memória de cada vez que se fala na situação actual das escolas. Perante os exemplos de barbárie que toda gente já deve ter ouvido contar aos professores, ou a forma desabrida como as salas de aula são tomadas de assalto por pequenos delinquentes e que as televisões, ainda há bem pouco tempo, voltaram a mostrar, não há ninguém de bom senso que não reclame uma lei, uma inspecção, uma esquadra ou um ministério que ponha cobro a isto. No entanto, apesar desse consenso mais ou menos tácito, a questão da disciplina nas escolas continua a ser uma espécie de dama que toda a gente corteja mas em que ninguém toca, a não ser, eventualmente, com a costumeira flor de estilo.A autoridade tem má fama. Vulgarmente confundida com o poder autocrático, só por um acaso improvável ela permaneceria intacta em sociedades onde qualquer ordem é suspeita, enquanto não for previamente negociada e aceite por todos e cada um. A cultura em que estamos mergulhados e o que se aprende, inclusive, nas escolas já não reconhecem a autoridade como um valor. Levada ao limite das interpretações corriqueiras, a pulsão democrática ocasionaria mesmo o seu contrário, isto é, o não reconhecimento de nenhuma obrigação, a menos que haja força para a impor.
Ruiu, por isso, a autoridade dos mais velhos, ruiu a autoridade da família. Imaginar que a escola poderá permanecer um oásis, no meio dessa devastação geral que assola o exercício da autoridade, é puro devaneio.Acontece que a escola não funciona sem uma réstia, mínima que seja, de autoridade. O mestre precisa de possuir a autoridade que vem do saber, da experiência e da maturidade, razão pela qual convém que ele seja regularmente avaliado. Mas, só por si, isso não basta, se a lei e os costumes não lhe oferecerem os meios para fazer vingar tal autoridade, sempre que ela seja posta em causa. Não se pode exigir uma escola tranquila e rejeitar os seus custos.De pouco adianta, a este propósito, aplaudir a coragem de alguns professores, que conseguem desenvencilhar-se, por mais hostil que o meio se apresente. É até perverso julgar que o problema se resolve com actos isolados de heroísmo, poupando os alunos e as suas famílias à evidência de que a escola, para ensinar o que quer que seja, tem de ter autoridade e dar-se ao respeito.
(Cartoon de Antero Valério)