30.12.12

IMAGENS DO MEU OLHAR - Pedras com História


O que me fascina no Centro Histórico de Évora é a acumulação de memórias de pedra que atravessaram muitos séculos.


 Templo romano: séc. III


 Convento dos Lóios: séc XVII

Séc. XX 

 Por trás do templo romano, a cúpula da Catedral românico-gótica: séc. XIII/XIV


 Templo romano, Convento dos Lóios e torre medieval ao fundo

 Conjunto escultórico no portal axial da Sé Catedralde Évora


 Relógio de sol no terraço da Sé

 No terraço da Sé




 Claustro da Sé e túmulos dos Bispos


 Túmulo medieval do Bispo fundador, D. Durand




 Laranjeira no claustro



 Interior da Sé


 Casa do cronista  Garcia de Resende, com janelas manuelinas. séc. XVI


 Cúpula da Sé




 Igreja da Graça, fachada maneirista(transição da Renascença para o Barroco, finais do séc XVI)





Final da tarde na Praça do Geraldo

IMAGENS DO MEU OLHAR - Évora


Atravessar o grande rio e encontrar um "além-Tejo" de claridade tranquila. Évora!












24.12.12

OCULTO



                                          Foto(C)J.Moedas Duarte


NATAL

Nasce um deus. Outros morrem. A Verdade
Nem veio nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma outra Eternidade,
E era sempre melhor o que passou.

Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.
Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.
Um novo deus é só uma palavra.
Não procures nem creias: tudo é oculto.

Fernando Pessoa


21.12.12

TIMÃO DE ATENAS



Em dada altura Flaminius, criado de Timão, exclama:
-  Será possível que o mundo tenha mudado tanto e nós, os vivos de outrora, continuemos vivos? Voa, vil metal, para aquele que te venera. (Cena 1 do III Acto)

De certo modo esta fala resume todo o drama desta peça que ontem vi representada no Teatro Municipal de Almada. O homem, todo o Homem, é determinado pelo dinheiro, pelo interesse pessoal. É o dinheiro que dá poder, quem o não tem não é ninguém.
Timão é um senhor enquanto tem dinheiro e o esbanja com os amigos; torna-se um pária, um desgraçado abandonado por quase todos quando o dinheiro lhe falta. Esta moralidade banal ganha dimensão pela simplicidade do enredo, tão directo, tão óbvio, que nos atinge na cara como um murro inesperado. É a falta de subtileza no tratamento da ambição humana e dos jogos dos aduladores que confere a esta peça - das menos conhecidas de Shakespeare - uma eficácia tremenda.
A concorrer para o resultado final deste belíssimo trabalho, a encenação em que Joaquim Benite trabalhava quando morreu, está a tradução da peça por Yvette Centeno e o bom trabalho dos actores da Companhia.
Gostei do dispositivo cénico, simples como o enredo e, como ele, eficaz: a metade do palco mais próxima dos espectadores é vazia, ali se passam as cenas com adereços elementares descidos do tecto quando necessário. A outra metade é ocupada por uma escadaria larga por onde sobem e descem os personagens, sugerindo talvez a roda da fortuna. Mas nada disto resultaria sem o rigoroso desenho de luz que sublinha ou marca a passagem das cenas.

A prolongada ovação final de uma sala repleta premiou este belíssimo trabalho.
No final, foi dada a conhecer a deliberação  da Câmara Municipal de Almada que deu o nome de Joaquim Benite àquela Sala de Teatro. Homenagem justíssima.


20.12.12

Economistas contra as privatizações da ANA e da TAP | Esquerda

Economistas contra as privatizações da ANA e da TAP | Esquerda

Não posso deixar de afirmar aqui o meu total repúdio por este acto de incalculável prejuízo para Portugal.

TANTO SOSSEGO!

Travessa na Carvoeira, 
aldeia sede de freguesia do concelho de Torres Vedras


Uma rua na encosta do Varatojo, arredores de Torres Vedras



Há por aqui muita gente sossegada, a viver em artérias sem trânsito, exclusivas dos moradores e de raros passantes que por ali atalham caminho.
Quando tirei as fotos veio muita gente à janela, alarmada com os "splagr" da máquina. E mais alarmados ficaram quando viram o que ando a ler:




Tive de prometer que só abriria o livro no LUGAR ONDE.

18.12.12

UM ACENO ESPECIAL...







Fernando Fabião nunca se esquece de um aceno de Natal.
Desta vez optou por um cartão artesanal, uma colagem à qual juntou dois versos.
E mais uma vez me deixou sem fala!

Ah! Mas a prendinha não se ficou por aqui. Dentro do envelope vinham dois poemas!

Meu querido e amado poeta: como agradecer-te a dádiva, que renovas todos os anos, certo de que atinges assim o cerne da minha sensibilidade?

A poesia, a tua poesia! Como não partilhá-la com os amigos que por aqui passam quase todos os dias, numa persistência que me deixa comovido e reconhecido - sabendo eu que tu és um deles, como já mo tens dito algumas vezes.
Eis:

CONSTRUÇÃO

As pedras que transporto
de todos os lugares
(para lhes dar uma casa)
encosto-as ao poema

o rosto dos vocábulos
insinua o labor indestrutível
do vento     nos muros
                   nos rebocos
                   nos marcos geológicos

talvez o escriba
seja um operário da memória



LIVROS

O odor dos livros
resguarda o mundo
protege-o do olvido e da urgência.
O livro queima as mãos
como as minas o olhar
Páginas abertas (como um mar)
à inclemência do xisto.
Cartografia de nomes e feridas
marés habitadas (por dentro) e sem remissão.

.......................................

Obrigado, Fernando Fabião!


16.12.12

SILÊNCIOS





Hopper, An excursion into philosophy, 1959



estendo uma toalha de palavras
sobre a mesa do silêncio   as sombras
alongam-se rente ao chão
como se fosse noite ao meio-dia

chegam de longe algumas notícias
doenças e tristezas
o vazio de um tempo onde já não moram
as horas que antigamente tanto prometiam
sebes e musgo  muros carcomidos
a orfandade de um ramo caído

não precisava de saber essas coisas
é inútil o meu cuidado
cresce o tempo
e a distância

um dia virá o grande silêncio
mas a morte é mais antiga

J. Moedas Duarte

13.12.12

A ILUSÃO DA PROFUNDIDADE DE CAMPO

     Foto(C)J.Moedas Duarte


São as linhas da calçada que nos dão essa ilusão.
Estava na Praça Machado Santos ( vulgo: Praça da Batata), tarde serena de Novembro. Recordei o que o Zé Almendro me contou há uns anos: era aqui que, nos anos 50 do séc. XX, se via cinema projectado na parede da Igreja de Santiago ( à esquerda da foto mas fora do campo de visão). As pessoas traziam banquinhos de casa e o homem montava uma máquina num cavalete.

IMAGENS DO MEU OLHAR - PENEDO DO GUINCHO (PRAIA DE SANTA CRUZ, TORRES VEDRAS) EM FIM DE TARDE












Santa Cruz, Dezembro 2012
Fotos(C) J. Moedas Duarte