30.11.07

O NOVO ESTATUTO DE SUA EXCELÊNCIA O ALUNO

O Governo, mais os deputados do PS, lá vão indo na sua teimosia, indiferentes ao clamor social.


Degrau a degrau, vamos descendo a rampa do abismo. No fundo estará o Sistema Educativo que estes senhores pretendem.

Veja-se AQUI.



E NÓS É QUE SOMOS BURROS???!!!





Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das estações
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
(...)
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.

Não tenho ambições nem desejos.
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
(Alberto Caeiro, de O Guardador de Rebanhos)
A seguir e a olhar.

Ontem ainda não tinha decidido aderir a esta greve. Hoje, porém, a decisão impôs-se.


É tempo de dizer BASTA! Não podemos continuar a acreditar num tipo de política que exige todos os sacrifícios aos cidadãos mas continua a privilegiar os "grandes" e a proporcionar lucros fabulosos à Banca.

Como professor nunca vi tamanha arrogância da parte de quem governa o ME. E já tenho 37 anos de serviço!!!

Todo o processo do Estatuto da Carreira Docente foi vergonhoso. E o que aí vem é-o, igualmente. Só quem desconhece o modelo de avaliação que o ME impôs pode defender este tipo de avaliação ( todos os professores conscientes sabem que a sua avaliação é necessária. Mas ASSIM NÃO! E quem achar o contrário, POR FAVOR, DOCUMENTE-SE, LEIA!).


Oficializou-se uma perspectiva pedagógica que desvaloriza a necessidade de esforço dos alunos e desresponsabiliza as famílias. Que entrega às escolas a resolução dos problemas resultantes do desemprego, da incultura, dos filhos deficientes, dos divórcios...

Mais do que orientar a aprendizagem, exige-se aos professores que sejam assistentes sociais, padres, polícias, conselheiros, advogados, pais, mães, avós...


Não conheço UM ÚNICO professor que defenda este Ministério! Repito: UM ÚNICO!


Basta, senhor Sócrates! Basta senhora Ministra da Educação!!

27.11.07


E tudo era água,
água,
desejo só
dum pequeno charco de luz.


(Eugénio de Andrade)



ficou da infância a febre


de correr parado


pelas estradas




podes chamar-lhe versos


são viagens




ficou da infância a fisga


de arremessar ao vento




são pedradas


podes chamar-lhe versos




*




seja este minuto


o minuto de paz




esta palavra a palavra amiga


e a mão sem versos


poise na tua fronte




seja este minuto


o minuto de silêncio que pediste




(Jaime Salazar Sampaio)

26.11.07


Mi alma es el aire que respiram tus lábios ( Ricardo Molina)

Nem todo o ar chegaria
para exsurgir nos teus lábios
e húmido, solúvel aí fosse,
funda água de séculos.


(António Osório, O Lugar do Amor, 1981)

25.11.07

BOM EXEMPLO

No excelente blog de que deixo AQUI a ligação encontrei esta sugestão.
Vamos seguir a ideia?
Nas avaliações do 1º período, vou seguir o exemplo da Ministra...
Seguindo o exemplo da desgovernada que se diz ministra da educação, vou estabelecer quotas nas notas já do primeiro período. Assim: 5% para o Excelente e 10% para o Satisfaz Bastante. Se no resto da turma tiver mais alunos com avaliações destes níveis, paciência, ficam com Satisfaz.Assim promovo o mérito dos alunos. Se os pais se sentirem revoltados que se queixem à ministra. Se é bom estabelecer cotas para os professores, deve ser excelente para os alunos. Atenção que também tenho uma filha na escola.Espero que os professores dela adoptem a mesma medida. Direitos iguais para todos.
in; Público online,João Paulo Silva

24.11.07

Violetas para uma Amiga muito especial.

Em nome da Amizade!



(Foto Horace C. Pier)




ZERO
Igual a zero a distância ao infinito
Impossível de tocar com nossos braços
Valores estranhos aos corpos
ignorados noite e dia
Zero a distância
zero o próprio espaço
Para quê voltar aos caminhos sem regresso
quando nossas mãos agarram toda a vida?
(Eduardo Guerra Carneiro)

23.11.07

MEMÓRIA: FOI HÁ 200 ANOS


Embarque da Família Real para o Brasil. Com ela "fugiram" cerca de 15 000 pessoas, a elite do país...






NOVEMBRO DE 1807:
PRIMEIRA INVASÃO FRANCESA
O tempo corre, permanece a memória. Quem por aqui vivia, há 200 anos, enfrentou tempestades e sofrimentos de que ainda nos chegam os gritos.
Um exército estrangeiro invade e arruína, os mandantes caem de joelhos e acabam por fugir, o povo aturdido ensaia a resistência.






Estava-se em 1807. Napoleão, Imperador dos franceses, varria a Europa Central com a política do ferro e do fogo. Nada parecia resistir. Mas faltava-lhe aniquilar a Inglaterra. Esta, protegida na ilha e senhora dos mares, não se deixava dominar e exigia de Portugal que fosse um aliado fiel.

Depois de dominar a Espanha, Napoleão pensava que Portugal seria um alvo fácil. Assina em Fontainebleau o vergonhoso tratado que divide Portugal pelos franceses e pelos espanhóis. E no início de Novembro de 1807 envia um exército de 25 000 homens, comandado pelo General Junot, que entra em Portugal pela Beira Baixa.


Em Portugal reinava o Príncipe Regente D. João, em nome de sua mãe, D. Maria I, que havia enlouquecido.
Sabendo que o exército francês queria aprisionar a Família Real, os Ingleses aconselham a que esta se retire para o Brasil, garantindo assim a continuidade da soberania portuguesa.

Esta solução foi aceite mas surgiu aos olhos do povo como uma fuga cobarde diante dos invasores. O Príncipe Regente aconselhou os portugueses a receberem o exército francês como amigo…

CRONOLOGIA
19 Nov 1807: exército de Junot entra em Portugal.

27 Nov 1807: embarque da Família Real, nos navios para o Brasil. Com ela fogem mais de 15 000 pessoas: nobres, clérigos, militares, juízes, comerciantes, burgueses, com as famílias, os criados e uma imensa bagagem. Mas uma tempestade não permite a partida.

29 Nov 1807: a tempestade acalma e os navios saem da barra do Tejo.

30 Nov 1807: Junot chega a Lisboa, à frente de um pequeno exército de cerca de 800 homens. O resto ficara para trás, desorganizado pelos temporais e os maus caminhos.
Junot fica furioso por não conseguir aprisionar a Família Real portuguesa.

13 Dez 1807: a bandeira francesa é hasteada no Castelo de S. Jorge, em Lisboa. O povo revolta-se contra os franceses.
Começa a resistência aos invasores, que se vai espalhar pelo país ao longo do ano seguinte.

Agosto 1808: as tropas inglesas, auxiliadas pelos portugueses, derrotam os franceses nas batalhas de Roliça e Vimeiro.


30 Ago 1808: é assinado um vergonhoso acordo de paz entre os ingleses e os franceses, na Convenção de Sintra. Este acordo permite que os franceses abandonem Portugal levando o produto dos roubos e saques que haviam feito desde que entraram em Portugal. Permite, igualmente, que ganhem tempo e se reorganizem para uma nova invasão, a qual acontecerá em 1809, no Norte do País.

( Pode ver também: LUGAR ONDE, Novembro 2008, AQUI.)

RAIOS DE CONVERSA...



- Safei-me por uma unha negra !!!
- Ah! É por isso que não limpas as unhas?

- Mulher feia como os trovões!
- Só vês com os ouvidos ...


- Se eu lá estivesse, a música seria outra...
- Claro! Nunca tens "dó"...


- Coitadinho... já lá está!...
- Mas eu passei por lá e não o vi!...


- Vais à pesca?
- Não, vou à pesca!
- Ah! Pensava que ias à pesca...
- Tens uma banana no ouvido!
- O QUÊ ?
- Tens UMA BANANA NO OUVIDO !!!
- Tens de falar mais alto! Tenho uma banana no ouvido!

21.11.07

LOUSÃ:SURPRESA !!









Pela primeira vez fui à Lousã!


Sendo uma região relativamente perto do Oeste, só se entende esta "primeira vez" se disser que na minha memória havia algo que me afastava dali: a recordação de um pavoroso incêndio há muitos anos e de que me chegou testemunho, era eu miúdo. Ficou-me essa impressão negativa. E como não tinha necessidade de lá ir...









Mas há dias, num regresso do Norte, desviei-me para a Serra da Lousã. Ah!...
O castelo: tanto se pode ver em "plongé" como em ..."contre-pongé" ! Basta subir ou descer aquelas estradas envoltas em vegetação exuberante.
E come-se bem, na vila da Lousã! Era a semana gastronómica da castanha!

20.11.07

MEMÓRIA

Exactamente há 200 anos Portugal defrontava-se com a Primeira Invasão Francesa. Dias terríveis abateram-se sobre o país. D. João VI e toda a elite governante vão para o Brasil. Fogem ou garantem a manutenção da soberania?

Pode VER AQUI alguns textos sobre o assunto.

19.11.07

QUEM ME LEVA A VOZ


Quem me leva a voz
para debaixo das ramadas
esperando que a chuva passe?



Aprecio vê-la escorrer
sobre os amantes.

Quem anda à chuva
não lhe pesa o coração.



Quem me leva a voz
a adivinhar alguém muito leve
deitando-se
sobre a relva molhada
debaixo das laranjeiras?
(Vasco Ferreira Campos, A Voz à Chuva)

ALGUNS MÉDICOS AGEM COMO OS "FEITICEIROS DA TRIBO"

Respeito os médicos, de um modo geral, como respeito toda a gente que me merece esse sentimento.Mas há casos em que não vejo motivo nenhum para isso.
A leitura deste texto de Brederode dos Santos no DN merece ser partilhada. Precisamente a propósito dos médicos que não merecem o meu respeito.

Basta ir AQUI.

16.11.07

REGRESSAREI



Eu regressarei ao poema como à pátria à casa
Como à antiga infância que perdi por descuido
Para buscar obstinada a substância de tudo
E gritar de paixão só mil luzes acesas


(Sophia de M.B. Andresen)

15.11.07

S. LEONARDO DE GALAFURA

A pouco mais de 10 Km de Vila Real, S. Leonardo de Galafura é um grito de paisagem deslumbrante. Uma ermida - S. Leonardo - ergue-se sobre a encosta íngreme do Douro, parecendo pairar sobre os socalcos de vinhedos em voo de águia. Suspende-se a respiração, enxugam-se as lágrimas de tanta beleza, quase insuportável. Percebemos finalmente o grande poema de Torga. Este é um dos lugares mágicos de Portugal



À proa dum navio de penedos,


A navegar num doce mar de mosto,


Capitão no seu posto


De comando,


S. Leonardo vai sulcando


As ondas


Da eternidade,


Sem pressa de chegar ao seu destino.


Ancorado e feliz no cais humano,


E num antecipado desengano


Que ruma em direcção ao cais divino.





Lá não terá socalcos


Nem vinhedos


Na menina dos olhos deslumbrados;


Doiros desaguados


Serão charcos de luz


Envelhecida;


Rasos, todos os montes


Deixarão prolongar os horizontes


Até onde se extinga a cor da vida.




Por isso, é devagar que se aproxima


Da bem-aventurança.


É lentamente que o rabelo avança


Debaixo dos seus pés de marinheiro.


E cada hora a mais que gasta no caminho


É um sorvo a mais de cheiro


A terra e a rosmaninho!






(Miguel Torga, Diário IX, 1964)


Alguém teve a ideia feliz de colocar o poema de Torga na parede da ermida de S. Leonardo, mesmo à beira do miradouro, o lugar certo para o ler em voz alta.

Veja meu Slide Show!

O SÁBIO




Despojou-se das metáforas,
depois sentou-se nos seixos do rio
a escutar as águas.
( Paulo José Miranda, A Voz Que Nos Trai )

14.11.07

VIAGEM AO DOURO II

Foto 1


No gaveto havia uma casinha modesta, pequenina, que a morte dos donos e o tempo transformaram em casebre arruinado. Os descendentes reocuparam o lugar, avivando na memória os que lá viveram. Surgiu este pequeno edifício, muito funcional e bem integrado na aldeia. Salinha e cozinha no rés-do-chão; quarto e WC no andar de cima.


Fica algures na freguesia da Cumeeira, concelho de St. Marta de Penaguião, num recanto do Douro.
Foto 2
Chega-se à varandinha e vê-se esta paisagem, saturada das cores do Outono... Ah!






Fotos 3, 4 e 5
Na rua, um pouco mais adiante, este solar setecentista, muito bem recuperado. Ainda não averiguei a quem pertenceu.
(imagens cortadas por uma arreliadora sombra de um fio que ninguém se lembrou de disfarçar... e o fotógrafo não cuidou de escolher as horas da tarde! Peço desculpa...)

13.11.07

VIAGEM AO DOURO





Andei pelo Douro, há dias. Lugar de sonho!! A aldeia ao fundo é VEIGA, a foto foi tirada da estrada que liga St. Marta de Panaguião a Vila Real. Há mais a trazer para aqui.
Quem não recorda António Nobre?
Às vezes, passo horas inteiras
Olhos fitos nestas braseiras,
Sonhando o tempo que lá vai;
E jornadeio em fantasia
Essas jornadas que eu fazia
Ao velho Douro, mais meu Pai.
(...)

11.11.07

MAIS UMA DICA



(Clicar na imagem para ver em grande)


Refluxo: se carregarem na palavra entrarão no blogue do Jorge Delmar.

Está no início, daí a "frugalidade" das imagens. mas tenho a certeza de que vêm aí mais. Muitas mais. E com muita piada!

Viva, Jorge Delmar!




O nosso conterrâneo, a viver nas Caldas, está em forma.
Já o conhecíamos do "Barrete" e outras andanças cartoonistas. Agora chegou à net.
Aqui fica um exemplo...

9.11.07

CHAMAMENTO






CHAMAMENTO


Da margem do sonho
e do outro lado do mar
alguém me estremece
sem me alcançar.


Um bafo de desejo
chega, vago, até mim.
Perfume delido
de impossível jardim.


É ele que me sonha?
Sou eu a sonhar?
Sabê-lo seria
desfazer, no vento,
tranças de luar.


Nuvens,
barcos,
espumas
desmancham-se na noite.




E a vida lateja, longe,
num outro lugar.






(Luísa Dacosta)

7.11.07

AS MOSCAS




«O que fizeram as civilizações contra as moscas? Boa pergunta! Não fizeram nada. Milhares de inventos e aperfeiçoamentos nos diversos sistemas de matar a gente, isso sim. Quanto às moscas, estamos como no princípio: matamo-las como Eva matou a primeira que lhe ferrou nas suas bentas nalgas: às bofetadas.
Li, pouco há, o Dicionário da Conversação, requisitório de toda a ciência sobre tudo, inclusas as moscas. Que diz? Manda-nos fazer gabelas de fetos, pendurá-las, esperar que as moscas se empoleirem à noite, e apanhá-las num saco. Que progresso! Este sistema insecticida data da invenção dos fetos e dos sacos.
(...)
Por último, leitor, que sofre moscas, o que Vossa Excelência me pede, é remédio que as dizime e afugente? Ei-lo aí, extraido de Aldrovandi, no liv. 3º De Insectis: Pendura-se no tecto a cabeça ou a cauda dum lobo.
E mais nada.
A dificuldade é achar lobos: nestas terras onde eu vivo os lobos são comidos pelas moscas.»
Camilo Castelo Branco, Cavar em Ruínas

5.11.07

A ÚNICA SABEDORIA

Toda a crença
pressupõe uma pretensa
sabedoria
revelada.
Eu quero-a conquistada
dia a dia.


(Armindo Rodrigues)
O meu amigo Cid Simões continua a enviar-me belos poemas, que o são pela qualidade e pela oportunidade.
Obrigado. Partilho-os com os meus amigos.