31.12.08

DESPEDIDA DE 2008



2008 despede-se, deixando ruínas por esse mundo fora. Gaza sucumbe sob as bombas sionistas, num inferno sem solução. Criado, não nos esqueçamos, pela espantosa cegueira política dos países que apadrinharam a invenção de Israel, em 1948.



E vou lendo balanços... ao jeito do lojista que os faz para saber a quantas anda. Já ontem me expliquei.
E hoje, na leitura dos jornais, encontrei este "ouro de prosa", do B-B.
Confesso que me irrito muitas vezes com aquele ar de con-vencido da vida que o homem transmite, a atirar aos conterrâneos a sua visão profeticamente sofrida das coisas. Mas a idade tem-no feito mais humilde, é um facto. E faz crónicas de prosa magnífica. Acho eu...
Por isso, mais uma ligação para quem quiser partilhar...
Porque também ele fala de ruínas, matéria residual dos sonhos...


Foto© Méon [ Ruínas do Convento de Penafirme, Torres Vedras]

30.12.08

ÚLTIMA PÁGINA


Neste RODAR DO TEMPO retiramos a última folha do calendário. Pura convenção, sabemo-lo bem. A vida é um continuum que não cabe em repartições do tempo.


Balanços? Sou avesso. Mas acabo por ler os que outros fazem e que me confirmam a minha tendência para enovelar cronologias, por mais recentes que sejam. Surpreendo-me sempre. A memória é fraca...


O meu amigo V. M. fez o seu balanço e dei por mim a concordar com quase tudo o que escreve.
Para quem tiver curiosidade: o blogue dele é o PEDRAS ROLANTES.

BOM ANO 2009, amigos meus!

27.12.08

IR AO CAMPO...

Sol! Sair de casa! Rodar para Sul, caminho da aldeia do Barro. Dois quilómetros à frente, uma vereda...




As colinas do Oeste: maiores que os montes, mais pequenas que as serras. Esse o seu encanto.
Numa dobra de terreno, uma capelinha rústica, construída em 1885 e dedicada a S. José. Por trás, lá no alto, o Monte da Penha, com o seu tholos pré-histórico.
Muito próximo, em frente, o Sanatório do Barro, hoje Hospital Dr. José Maria Antunes.




Hospital, envolto en vegetação. Era um antigo Convento.



Aproximemo-nos da capelinha... Ah!







No alto da Penha, olhando para Norte: Torres Vedras!

Olhando para SO: o mar! Sim, na linha do horizonte, lá bem ao fundo.
Em linha reta serão cerca de 10 km...


As imagens do tholos ficarão para outro dia...
Regressemos pela Estrada da Serra da Vila.
Um portal de Quinta!

Fotos © Méon

20.12.08

IR AO MAR ...











...e voltar com imagens que serenam o espírito.

Porto Dinheiro... Porto de Barcas... Areia Branca...
Tarde linda!

Fotos © Méon

18.12.08

PORQUE SERÁ?

Inquérito: Quase 75% dos professores mudava de profissão.




Quase 75 por cento dos professores mudavam de profissão se tivessem alternativa e 81 por cento admitem que, se pudessem, pediam a aposentação, mesmo com penalizações, segundo um inquérito a mais de mil docentes que será apresentado hoje.
De acordo com dados do Observatório da Avaliação de Desempenho, órgão criado pela Federação Nacional dos Sindicatos da Educação e pelo Instituto Superior de Educação e Trabalho, apenas 26 por cento dos inquiridos continuariam a escolher a profissão de professor.
O inquérito - realizado nos últimos dois meses a nível nacional a cerca de 1.100 professores - conclui, também, que mais de 60 por cento dos docentes consideram que o processo de avaliação de desempenho vai «prejudicar» ou «prejudicar muito» a preparação e concretização das aulas.
Por outro lado, quase 70 por cento dos inquiridos pensam que este processo vai ainda prejudicar a sua relação com os conselhos executivos, com os professores avaliadores e a colaboração com os colegas.
Quanto aos avaliadores, 40 por cento dos professores questionados não lhes reconhecem «capacidade de avaliar com rigor e isenção», nem tão pouco «conhecimento na sua especialidade». (Ag. LUSA)

17.12.08

RECORDAR O P. AMÉRICO


PRESÉPIO DE NATAL TODOS OS DIAS

«Comece-se a ler Páginas Escolhidas. Ao fim dos primeiros parágrafos, acontece aquilo que só é possível nos grandes escritores: estamos presos ao livro. Que há de assinalável nele? Trazer, transportado de meados do século XX, algo que interpela o que andamos a fazer hoje. A obra coloca-nos, sem aviso prévio, perante o mais fundo dos problemas das sociedades, o da desigualdade e o da indiferença perante a sua evidência.»
(Luís Fernandes in jornal PÚBLICO, 23 Out 2008)

O livro de que se fala é um conjunto de textos, agora reeditado,(Ed. Modo de Ler, Porto, Set. 2008) que traz para a actualidade a acção extraordinária da Padre Américo, o criador da Obra da Rua e das Casas do Gaiato. Textos escritos por ele, - Pai Américo e Procurador-geral dos pobres, como gostava que lhe chamassem, - que nos transportam ao cerne de uma vivência humana comovente.
Este homem, nascido em 1887 de família abastada de Penafiel, que foi empregado de comércio em Portugal e em Moçambique, torna-se frade franciscano aos 36 anos e aos 42 é ordenado Padre! Vocação tardia, mas muito a tempo de erguer uma Obra que permanece como um hino à solidariedade e ao bem-fazer. Profundamente imbuído do espírito evangélico incarnado por Francisco de Assis, P. Américo vê nas crianças abandonadas dos bairros miseráveis das grandes cidades os meninos do Presépio e transformou em Natal todos os dias do ano. Perante os ricos e os poderosos proclamou desassombradamente os direitos dos marginalizados, os pobres, os mendigos, os doentes sem recursos.
Sem dinheiro e praticamente sozinho, funda as Casas do Gaiato de Miranda do Corvo (1940), Paço de Sousa (1943), Santo Antão do Tojal (1948) e Paredes (1955), além das obras «Património dos Pobres» e «Calvário».
Confia no poder da Palavra. Com ela, vai percorrer o país, acordando consciências, despertando generosidades, suscitando seguidores. Morre, vítima de acidente de viação, em 1956.
Pobre, como escolhera viver. Pobre como as personagens do Presépio.





AINDA....ENQUANTO FOR PRECISO!

Ontem, no PÚBLICO.
Gostei de ler. Directo, sem rodriguinhos...
TAU! - na tola deles!

9.12.08

DESPEDIDA


António Alçada Baptista: partiu há dois dias!

Recordo o dia 10 de Janeiro de 1987, quando ele veio a Torres Vedras - instalações da escola da Conquinha - para falar do seu livro que estava nos tops de venda: OS NÓS E OS LAÇOS.
Depois levámo-lo a almoçar ao Lampião, no Turcifal.
Ficou-nos desse memorável encontro a recordação de um homem de enorme doçura, que falava dos sentimentos/afectos como a marca distintiva do Homem.


Há meses foi-lhe dedicada a página LUGAR ONDE.

8.12.08

(Aldeia palafita do Patacão - Alpiarça)

Mais uma descoberta: um lugar muito bonito que (me) evoca os anos da infância / juventude: (http://fotoaoacasoalpiarca.blogspot.com/).
Ao autor, um abraço intensamente conterrâneo!
Foto © Méon

6.12.08

DESLEIXOS


Torres Vedras tem um Choupal!
E tem um rio!
E tem um chafariz várias vezes centenário!
E tem autarcas desleixados até dizer: BASTA !




5.12.08

TAMBÉM COMIGO...


À medida que conquistamos a maturidade tornamo-nos mais jovens. Comigo passa-se isso mesmo... pois mantive sempre o mesmo sentimento perante a vida desde os anos de rapaz; nunca deixei de encarar a minha vida adulta e o envelhecimento como uma espécie de comédia.


Cada percurso, seja ele rumo ao Sol ou rumo à noite, conduz à morte, a um novo nascimento, e as dores a ele associadas amedrontam a alma. Mas todos seguem esse percurso, todos morrem, todos nascem, pois a eterna Mãe devolve-os eternamente ao dia.
Hermann Hesse in Elogio da Velhice, Ed Difel, 2002
Foto © Méon, Choupal de Torres Vedras, 2008

3.12.08

CEREBROPATIA


As declarações do sr. Jorge Pedreira, hoje, a propósito da greve dos professores! Manual completo da intrujice palerma!

Gostei daquela de ele dizer que os professores é que vão ser os grandes prejudicados: «sem avaliação ficam dois anos sem progredir na carreira.»



Não me diga!



Outra: «Só daqui a uma semana saberemos a dimensão da greve... as faltas podem ser justificadas... há prazos...»



Chiii! Só daqui a uma semana?





E lá foi dizendo que o Ministério continua aberto ao diálogo... e patati e patacuá...cuá...cuá...
Caso de cerebropatia galopante, este pobre homem!

PRESENTE !



Para alguns esta questão dos professores já enjoa.


Para outros, não faz sentido.


Para muitos, os que não se recusam a tentar perceber, hoje é dia de solidariedade.





Para os professores, é a exigência maior. Porque vão perder o salário de um dia e enfrentar uma "falta" que tanto prejudica o imenso trabalho de fim de período.


ESTOU COM ELES ! SOU UM DELES, apesar de já estar "na reserva".




Recordo o que disse há dias Manuel Villaverde Cabral ao jornal PÚBLICO (28 Novembro 2008):





« Não se pode ser 'autoritário' com os professores, fazer deles o 'bode expiatório' do insucesso escolar, ser liberal com os alunos e completamente 'populista' com as famílias - que, de forma geral, não são capazes nem fazem qualquer esforço para apoiar os filhos no processo de aprendizagem - quando toda a gente sabe que, em qualquer sociedade, os alunos só têm êxito quando os pais entram com a sua quota-parte de esforço».


E conclui:


« A carreira dela como ministra não tem salvação.»



2.12.08

NESTA HORA



QUANTOS SEREMOS?

Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um só que fosse, e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!


Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.


E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.
Miguel Torga

ARTE DE SER PORTUGUÊS


Divertem-me e fazem-me pensar os escritos de Ferreira Fernandes. Há humor, argúcia, domínio da Língua.Veja-se a crónica de hoje do Diário de Notícias:

CONTRA O PALEOPALEIO NACIONAL
Ferreira Fernandes

Uma reportagem (no Público) diz-me que o restaurante em Foz Côa vindo com a miragem das gravuras paleolíticas fechou. Chamava-se Restaurante Paleocôa. Reabriu. Chama-se, agora, Snack-Bar Dois Manos. São notícias destas que me fazem acreditar no homem, a que alguns (entre os quais, pelos vistos, os donos do Restaurante Paleocôa) chamam Homo sapiens Lin., da classe dos Mamíferos, subclasse dos Placentários. E chamam isso não em reuniões sábias, a que não me oporia, mas ao pequeno-almoço. E ao almoço o que serviria o Restaurante Paleocôa? Bife de mamute? Batatas fritas fossilizadas?... Aquele restaurante fruto do Parque Arqueológico do Vale do Côa é a imagem perfeita do jeito português para lhe fugir o pé para a complicação pedante. Num museu português ler uma legenda obriga a curso de semiótica. Um estilista português entrevistado é ainda mais complicado que as suas patilhas. Uma escola portuguesa que ensina a melhorar o corpo chama-se inevitavelmente Faculdade de Motricidade Humana. Ponham os olhos no Snack-Bar Dois Manos: voltou a ter clientes e não só porque as suas francesinhas são boas. Tem um nome com que não nos engasgamos.

1.12.08

SINAL


Quando a Amada chegar
irás reconhecê-la:
traz um tesouro nas mãos
e um rio luminoso nos olhos
Verás ainda
a névoa da infância,
algumas gotas de chuva triste

E a luz de um astro antigo
iluminando o tesouro.