31.7.07

AOS MEUS AMIGOS



Campo e... água.
Não é preciso ir longe para nos alongarmos nestas paisagens frescas. Basta ir ao Bombarral... e eu fui!
Aos meus amigos: boas férias, aqui ou mais longe, mas que sejam uma paragem benéfica.
Por mais uns tempos não estarei neste espaço com a regularidade desejável.
Mas não esqueço aqueles de quem gosto!

18.7.07

Domingo passado ( II )

Paragem obrigatória na Golegã, para ver a Casa Museu de Carlos Relvas. Obra única, um espanto. Acabada de restaurar pelo IPPAR, vale uma visita com tempo, a completar com um passeio ao Parque da Golegã.


A primeira foto não é minha, fica apenas para se ter uma ideia geral do edifício.
Atenção: não confundir esta casa com a de José Relvas ( filho de Carlos Relvas), construída em Alpiarça no início do Séc. que também é uma Casa-Museu mas maior e diferente. A da Golegã é dedicada à fotografia - de que Carlos Relvas foi importante pioneiro - enquanto que a de José Relvas é um repositório de artes ditas decorativas.

Quem está ali sentado?

Pormenor da casa. Tudo aquilo é um espanto!

No jardim-horto de Camões, em Constância, - onde estivemos algumas horas, antes de virmos para a Golegã - há um lago com nenúfares, como este que ofereço a quem tanto gostaria de ter ido connosco e não pôde...

Domingo passado...



Almourol! Fotografar o castelo é sempre um fascínio.
Só mais uma...






Desembarcámos e subimos a escada de madeira que dá para as veredas que percorrem a ilhota.



Levantamos os olhos e vemos a Torre de Menagem lá em cima... muito alta...a desfazer-se na bruma da manhã... Às vezes consegue-se ver uma ponta do véu da moira encantada...




Inquietante! A rodear o castelo há uma pequena floresta. Por aqui devem viver alguns gnomos...

15.7.07

VIAGEM

O POETA PÁRA, OLHA E ESCREVE...


Estrada de Castelo Branco a Tomar, 30 de Setembro de 1941

INSTANTE

A cena é muda e breve:
Num lameiro
Um cordeiro
A pastar ao de leve;

Embevecida,
A mãe ovelha deixa de remoer;
E a vida
Pára também, a ver.

Miguel Torga

13.7.07

POESIA E SAPATOS



De bruços me debruço mais ainda
até sentir os olhos tumefactos
para saber até que ponto é linda
a intrigante cor desses sapatos

que às tuas pernas dão um brilho tal
e uma leveza tal ao teu andar
que eu penso (embora aches anormal)
que nunca te devias descalçar.

Também porquê, se já não há verdura
nem tu és Leonor para correr
descalça, no poema, à aventura?

O mais difícil, hoje, é antever
quem é que vai à fonte em literatura
e que água dá aos versos a beber.

Joaquim Pessoa, 1948

9.7.07

Eh! Companheiros!


E se eu de súbito gritasse
nesta voz de lágrimas sem face!:

Eh! companheiros de plataforma
presos ao apagar do mesmo pavio!
Porque não nos amamos uns aos outros
e damos as mãos
- sim, as nossas mãos
onde apodrecem aranhas de bafio?

Eh! companheiros de plataforma!
(Não empurrem, Irmãos)


José Gomes Ferreira,
in: Poeta Militante,
1º Vol. Ed. Dom Quixote, 4ª ed. Lx.,1999

7.7.07

...A VIDA PASSA



Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.

Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos

Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.

Enlacemos as mãos.


Depois pensemos, crianças adultas, que a vida

Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,

Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,

Mais longe que os deuses.


Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.

Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.

Mais vale saber passar silenciosamente.

E sem desassossegos grandes.


Fernando Pessoa

6.7.07




Há uma grande diferença entre viver com alguém e viver em alguém. Há seres humanos nos quais se pode viver, sem viver com eles e vice-versa. Juntar as duas coisas só é possível à amizade e ao amor mais puros.»

(Goethe, in: Máximas e Reflexões - "847", itálicos do autor -, Guimarães editores, 2001)

5.7.07

LUGAR



Não acredito que cada um tenha o seu lugar. Acredito que cada um é um lugar para os outros.

(Daniel Faria, O Livro do Joaquim)

4.7.07

AMA



Não te analises.

Não procures no perfume das flores
a tempestade das raízes.

Não queiras
desatar o fumo
do carvão das fogueiras.

Ama
com ossos de cinza
e cabelos de chama.

E deixa-te viver
em rio a correr…

(José Gomes Ferreira, POESIA IV)

1.7.07

SABEDORIA


Apenas nos iludimos, pensando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.
Desconhecido

PORQUE



Esta é daquelas canções que mais me tocaram na minha juventude: pela perfeita adequação da música à letra ( de Sophia de M B.A.); pelo programa de vida e de conduta que nos aponta; pelo dramatismo da voz de Francisco Fanhais.
Além do mais esta canção fazia parte de um álbum que afrontava a mentalidade salazarista - estava-se nos anos 60 do século passado.