LEITURAS


Edições Dom Quixote, Lisboa, 2007

Como a religião envenena tudo.

«Neste eloquente debate com os crentes, Hitchens apresenta argumentos contundentes contra a religião (e a favor de uma abordagem mais laica da vida) através de uma leitura atenta e erudita dos textos religiosos mais importantes.
Hitchens conta a história pessoal dos seus encontros perigosos com a religião e descreve a sua viagem intelectual para uma visão laica da vida, baseada na ciência e na razão, na qual o Céu é substituído pela panorâmica maravilhosa que o telescópio Hubble nos proporciona do universo, e Moisés e o arbusto em chamas dão lugar à beleza e simetria da hélice dupla. "Deus não nos fez", escreve ele. "Nós fizemos Deus." Explica que a religião é uma distorção das nossas origens, da nossa natureza e do cosmos. Prejudicamos os nossos filhos - e colocamos o nosso mundo em perigo - ao doutriná-los.»
(Texto da contra-capa.)

Em minha opinião, este é um livro muito sério. Não tem nada de iconoclasta ou "jacobino" - como os crentes gostam de chamar aos que discordam... O autor vai à História e mostra como as religiões têm sido um poderoso veículo de guerras, ódios e violências inauditas. Coisa que não aconteceu apenas no passado, está a acontecer AGORA, sob os nossos olhos, na Palestina.
25 Julho 2014


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Ver post de 15 de Julho na página inicial


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Texto da contra capa:

«Em Julho de 2003 Roberto Bolano deu a sua última entrevista. Morreria nesse mesmo mês. A conversa que teve com Mónica Maristain (precedida de outras com os jornalistas Hector Soto e Matias Bravo, Carmen Boullosa e Eliseo Alvarez) revela o homem por detrás da obra - uma das mais audaciosas dos nossos tempos -, o homem perto da morte. Nela fala-nos sobre os seus autores de eleição, os filhos, a poesia, os amigos, a literatura latino-americana, a liber­dade, os inimigos, a consagração, o amor, o sexo, a vida em Blanes, a passagem do tempo, a doença, a morte, o Chile, o México, e o que gostaria de ter sido se não tivesse sido escritor.»


Atraem-me as pessoas que enfrentam a morte de olhos abertos e lúcidos. Caso de R. Bolaño, um escritor incómodo, com livros enormes onde pululam cenas de violência.
Pouco li mas foi o suficiente para perceber que esta mão escreveu páginas de fogo, onde o Homem é apenas homem. Nestas entrevistas abeiramo-nos do poço sem fundo de alguém que viveu nos limites.

«MM: Que é a pátria para si?
RB: Lamento ter de dar uma resposta preten­siosa. A minha única pátria são os meus dois filhos, Lautaro e Alexandra. E talvez, mas em segundo plano, alguns instantes, algumas ruas, alguns rostos ou cenas ou livros que estão den­tro de mim e que um dia esquecerei - é o me­lhor que se pode fazer para uma pátria.» (p. 99)




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A CRISE DA ESQUERDA EUROPEIA, Alfredo Barroso, Dom Quixote, Alfragide, abril de 2012. Prefácio de Manuel Alegre.


Na contra-capa:

«O que mais será necessário para que os partidos da Internacional Socialista, e concretamente o PS em Portugal, deixem de ser cúmplices da “mão invisível” que quer destruir o Estado Social e impor pela força do capitalismo financeiro a ditadura do “mercado livre global”?» (Alfredo Barroso)


Livrinho( 111 páginas) de reflexões sobre a atualidade política, na perspetiva de um velho militante socialista que se interroga sobre a ausência de respostas estratégicas das esquerdas europeias à ofensiva neoliberal. 

Cita alguns autores bem conhecidos da Ciência Política, ( Gramsci, Duverger,  Chomsky,   Bourdieu...) e analisa momentos recentes da vida política portuguesa. Caso de um capítulo sobre o "Cavaquismo". Curiosamente o nome de Sócrates nunca é referido. Fica-se pela denúncia genérica da capitulação do PS à ideologia do "centro do centro".
De qualquer forma é uma pedrada no charco que ganha pertinência com a recente vitória do candidato socialista às presidenciais de França.

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Irene Antunes, autora torriense ( Torres Vedras), tem obra publicada há muito mas quase desconhecida: Contos da Terceira Margem e Um Lugar para Rosa. 
Mulher discreta, antiga funcionária da Câmara Municipal, sempre escreveu contos. Depois aventurou-se no romance, caso deste belo livro AS PEDRAS NÃO DORMEM VESTIDAS, publicado pela Editorial Vega em 1997.
Prosa límpida, a servir uma visão imaginativa do quotidiano, com um toque de humor subtil a matizar um desencanto sereno sobre a inevitabilidade da vida e da morte.



«Cá fora ele tocou-lhe no braço como se fizesse um risco na areia com o dedo. Sabia de cor todas as veredas do seu corpo, os lugares da frescura e da tepidez. E da ternura tam­bém. Uma imensa paz parecia chegar de bagagem no último comboio da noite. Passou-lhe um braço pelos ombros, orientou-a para a sua casota de tijolo, com um janelo requintadamente apetrechado de estore, e acendeu o candeeiro de petróleo. Um grilo pôs-se a cantar numa gaiola de cana, por onde se escapava uma folha de alface. Seriam cigarras ao longe ou era o silêncio dos campos que tinha voz? Um silên­cio muito especial, como quando se está a estudar num café. Uma pomba fizera ninho numa panela desasada.
- Gosta de animais alados, estou a ver.
- O quê?
- Mas a panela não tem asas.
- Partiram-se.
- Eu também gosto de animais alados.
- São mais bonitos.
A aba do lençol repousava sem uma gelha na cama e curi­osamente havia duas almofadas. Ele perguntou-lhe se ela que­ria. Disse-lhe que sim com a cabeça.»(p.159)




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Livro de um autor de culto dos anos 60, não perdeu a frescura e a acutilância que caracterizam esta prosa direta, por vezes de uma sinceridade brutal. H. Miller considerava-o a sua melhor obra.
Um americano desencantado da América encanta-se com a Grécia e percorre as suas geografias, mais as humanas do que as monumentais. Como essa personagem fascinante que é Katsimbalis, que ele alcunha de "O colosso de Maroussi"...





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