Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
Enlacemos as mãos.
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.
Fernando Pessoa
3 comentários:
Que desenho tão ingenuamente lindo!
Melhor não seria possível para acompanhar Pessoa!!!!
Foi o que concluí, também.
Boa semana, Avelã.
Passar a vida sem desassossegos grandes! Depende o sentir de cada um, todos nao podemos ou nao sabemos passar pela vida sem desassossegos.
Linda poesia e lindo desenho.
Beijinhos
Enviar um comentário