17.12.08

RECORDAR O P. AMÉRICO


PRESÉPIO DE NATAL TODOS OS DIAS

«Comece-se a ler Páginas Escolhidas. Ao fim dos primeiros parágrafos, acontece aquilo que só é possível nos grandes escritores: estamos presos ao livro. Que há de assinalável nele? Trazer, transportado de meados do século XX, algo que interpela o que andamos a fazer hoje. A obra coloca-nos, sem aviso prévio, perante o mais fundo dos problemas das sociedades, o da desigualdade e o da indiferença perante a sua evidência.»
(Luís Fernandes in jornal PÚBLICO, 23 Out 2008)

O livro de que se fala é um conjunto de textos, agora reeditado,(Ed. Modo de Ler, Porto, Set. 2008) que traz para a actualidade a acção extraordinária da Padre Américo, o criador da Obra da Rua e das Casas do Gaiato. Textos escritos por ele, - Pai Américo e Procurador-geral dos pobres, como gostava que lhe chamassem, - que nos transportam ao cerne de uma vivência humana comovente.
Este homem, nascido em 1887 de família abastada de Penafiel, que foi empregado de comércio em Portugal e em Moçambique, torna-se frade franciscano aos 36 anos e aos 42 é ordenado Padre! Vocação tardia, mas muito a tempo de erguer uma Obra que permanece como um hino à solidariedade e ao bem-fazer. Profundamente imbuído do espírito evangélico incarnado por Francisco de Assis, P. Américo vê nas crianças abandonadas dos bairros miseráveis das grandes cidades os meninos do Presépio e transformou em Natal todos os dias do ano. Perante os ricos e os poderosos proclamou desassombradamente os direitos dos marginalizados, os pobres, os mendigos, os doentes sem recursos.
Sem dinheiro e praticamente sozinho, funda as Casas do Gaiato de Miranda do Corvo (1940), Paço de Sousa (1943), Santo Antão do Tojal (1948) e Paredes (1955), além das obras «Património dos Pobres» e «Calvário».
Confia no poder da Palavra. Com ela, vai percorrer o país, acordando consciências, despertando generosidades, suscitando seguidores. Morre, vítima de acidente de viação, em 1956.
Pobre, como escolhera viver. Pobre como as personagens do Presépio.





2 comentários:

Unknown disse...

Méon,

confesso que nunca tinha descoberto a escrita de Pe. Américo.

Fiquei curiosa...e pelo que entrevi...uma sensibilidade bem inconformada com a questão social!!!!
"Brigados" pela partilha!!!!

Beijinho.

Joaquim Moedas Duarte disse...

Sim! E independentemente de se partilhar ou não a fá católica deste homem, fica o seu inconformismo social e a sua opção por FAZER. Não se limitou a PREGAR, como a esmagadora maioria dos chamados "funcionários de deus"...